Gl 1:8-12
Introdução:
O propósito de Gálatas [1] Defesa dos Apóstolos [2] Defesa do Evangelho. Corrigir erros doutrinários na vida dos cristãos. Em especial a doutrina da justificação pela fé. Infelizmente vivemos em tempos em que as pessoas acham que doutrina é uma questão irrelevante, uma discussão desnecessária.
A pós-modernidade advoga que cada pense e creia naquilo que queira crer e que ninguém pode ou deve impor ou convencer as pessoas de que suas crenças são as certas e dos demais erradas. Dentro da igreja há um espírito perigoso e letal neste mesmo sentido, pois há muita gente afirmando que tudo o que a igreja precisa é receber o poder do Espírito Santo, precisamos do fogo, e que estas questões de doutrina, da verdade, de ensinamento bíblico é algo secundário, irrelevante e descartável.
Afirmam que a igreja jamais deve se dividir por causa da doutrina ou ter desavença em nome da verdade do Evangelho o importante é estarmos juntos em nome de Cristo. Só que o nome de “Cristo” precisa de um conteúdo, esse nome esvaziado de um conteúdo não passa de um nome qualquer ou mesmo de um ídolo. Quando falamos Cristo precisamos definir ou determinar quem é e o que ele fez. Esse nome é definido pelo VT e NT.
Quando banalizamos a doutrina [em nome de Cristo ou em nome do amor] afirmamos que a verdade não importa e assim recebemos uma versão adulterada do cristianismo. O cristianismo não é uma mera filosofia, é uma mensagem de salvação, ele visa amar a Deus, nos reconciliarmos com Ele e vivermos sob determinados princípios, mas não podemos esquecer que tudo isto advém de um conjunto de verdades que nos liberta e que nós não se podem banalizar a preço de descaracterizar o próprio cristianismo. O Cristianismo trata-se também de um conjunto de verdade, e esse tesouro é por demais precioso. A igreja é a guardiã desta verdade, é a coluna e baluarte da verdade, assim nós não podemos banalizar a verdade ou relativizar a verdade. Porque assim fazendo descaracterizamos por completo a fé cristã.
Sendo assim a igreja precisa compreender e estar ancorada no evangelho de Jesus, caso contrário estará perdida e sem rumo. Pensando nisto quero abordar o texto desta forma...
I. A SINGULARIDADE DO EVANGELHO
O texto não define o evangelho. O resto do livro faz. Portanto, nosso foco hoje não será sobre o conteúdo do evangelho, mas no sua crucialidade.
Primeiro de tudo, a verdade fundamental da passagem: Há apenas um evangelho. No versículo 6, Paulo diz aos gálatas que estão começando a virar para um " outro evangelho". Então, no versículo 7, ele corrige uma falsa impressão. Ele não quis dizer que existem vários evangelhos possíveis e que eles simplesmente escolheram outra das várias opções. No versículo 7 ele cuidadosamente diz: "Não que haja outro evangelho, mas há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho". Este versículo é muito claro: Não há nenhum outro evangelho além do que ele pregou a eles e que eles receberam.
Para ter certeza, como os versos 6 e 7 de deixar claro, há pessoas que apresentam suas ideias como um evangelho, mas estes são perversões.
As implicações deste texto para os nossos dias são muito importantes. O texto é uma negação radical e direta de um pluralismo que diz que estamos todos em caminhos diferentes para o céu, mas nosso destino é o mesmo. Não há outro caminho. Existem outras religiões, além de cristianismo, e há outros líderes, além de Jesus Cristo, mas não há outro evangelho, não há outra boa notícia da salvação.
Diante da singularidade P. fala de um hipotética possibilidade dele ou mesmo um anjo [mormonismo] pregar um outro [heteros] que deve ser rejeitado. Mas depois trata de um caso real, ou seja os falsos mestres. [9] O evangelho é maior que o apóstolo, a mensagem maior que o mensageiro. O evangelho é portanto inalterado, imutável. O evangelho está acima de personalidade ou até mesmo acima dos pregadores. O evangelho é verdade porque é o Evangelho de Cristo. A prova maior de um ministério de um pregador não é sua popularidade, não é os sinais e prodígios que realiza, mas sua fidelidade à Palavra de Deus [I Tm 4:1-5].
Nunca os pregadores foram tão populares em nossa nação. Há muitas vozes, como discernir o verdadeiro pregador do falso. Ele anuncia o evangelho da graça de Cristo? Não é se ele crê, mas se ele anuncia. Caso um pregador não o faça, seja ele quem for, seja eu ou qualquer um este deve ser rejeitado.
Não outro evangelho. Não existe novidade no evangelho, no sentido de acrescentar ou aperfeiçoar o evangelho. Não há segunda edição. Não há um sistema operacional novo que substitua o antigo. Vemos que no mundo atual o novo sempre toma lugar do antigo [PC – Notebook – Tablests, Carros, Geladeiras, Celulares, Sistemas operacionais, Word]. Mas com o Evangelho de Cristo não é assim. Ele não caduca, ele não envelhece, ele não precisa ser reeditado, corrigido ou atualizado. Ele não precisa se aperfeiçoado. Ele é as boas novas – boas novas – a necessidade do homem independente de quem quer que seja, independente da questão de sexo [homem, mulher], idade, cultural, conhecimento, situação social, condição moral ou religiosa é o mesma, todos pecaram e todos carecem do mesmo evangelho. O remédio é um só, pois o problema é um só. O evangelho é o remédio eficaz contra o pecado humano.
II. O ABANDONO DO EVANGELHO
1. A perplexidade que o abandono gera
É praxe depois de saudar a seus leitores, P. ora ou louva ou agradece a Deus por eles. Gálatas é a única carta que ele não faz isto, não há oração, nem louvor e nem elogios ou ações de graças. P. vai direto ao assunto, com uma nota de extrema urgência.
P. acha-se admirado diante da inconstância e instabilidade dos G. Estes se encontram “enfeitiçados” com o canto da sereia. Acham-se seduzidos, atraídos para um evangelho perigoso. Falsos pregadores encontraram audiência nos G. que assim passam a serem seguidores deste falso evangelho. Por que de tal admiração?
2. O abandono é súbito
A perplexidade vem devido a troca súbita, repentina. Eles rapidamente se encontram em processo de apostasia, de deserção do verdadeiro evangelho, abraçando um falso evangelho. Ele não está ressentido ou magoado, acha-se surpreendido, assombrado. Esse abandono é rápido, essa troca é súbita.
O G. estão [presente] em um processo de apostasia. Saindo verdadeiro evangelho indo para outro evangelho [todo afastamento doutrinário ou moral] não é um ato, é um processo. Mas esse processo de abandono é rápido.
Estejais passando significa “transferir a fidelidade”. É usado para soldados desertores ou rebelados, pessoas que mudam de partido ou filosofia [vira-casaca]. Os G. acham-se em processo de queda, de afastamento do Evangelho, desertores espirituais, vira-casacas. Abandonando o verdadeiro evangelho para seguirem um outro.
O verdadeiro evangelho tem como centro a graça de Cristo. O Deus cheio de graça se tornou favorável para com pecadores indignos, esse favor foi manifestado em Ele ter enviado seu Filho para morrer por nós, sua morte nos justifica, seu sangue nos purifica, somos pois salvos, não devido os nossos esforços ou nossos méritos, ou nossas boas obras, ou nosso moralismo, somos salvos tão somente devido o favor imerecido de Deus por nós.
Os G. sabiam disto, haviam entendido esta mensagem, no entanto acham-se inclinados para uma mensagem diferente desta, tão diferente que é chamada de outro evangelho. Falsos mestre chamados “judaizantes” anunciavam uma mensagem diferente do evangelho da graça. Essa mensagem pode ser resumida em At 15:1.
Eles não negavam que era preciso crer em Cristo para se obter a salvação [isto vemos hoje também], mas eles acrescentavam que não era somente isto, somente a fé em Cristo [lema da Reforma Sola Fide], eles afirmavam que se devia também ser circuncidado e guardar a lei. Não era só Cristo, era Cristo e Moisés
O evangelho não pode ser acrescentado mais nada nele. Não é Cristo e boas obras, Cristo e Maria. “Tudo com Jesus, nada sem Maria”. Não podemos acrescer nada naquilo que é completo, perfeito. Não há necessidade de retocar o que Cristo fez na cruz. Sua obra é perfeita, não a necessidade de reparo. Não podemos e nem devemos acrescentar ou completar o que Jesus já realizou por nós na cruz. A obra de Cristo é suficiente, concluída e acabada.
Tal ameaça a suficiência da obra de Cristo é uma ameaça que precisa ser forte e urgentemente rechaçada. Acrescentar obras humanas a obra de Cristo é ofensivo. A salvação é pela graça, é pela fé somente, não há mistura e nem pode ser acrescida com qualquer outra obra de mérito humano, nem da nossa parte e nem da parte de qualquer pessoa.
3. O abandono do evangelho é o abandono de Deus
A deserção da verdade do evangelho não é algo pequeno, se afastar da verdade do evangelho [importância da doutrina] é se afastar do próprio Deus ou de Cristo [daquele]. A verdade, a doutrina, a teologia está intimamente ligada com a experiência. Afastar-se do evangelho é afastar-se de Cristo. Abraçar um evangelho diferente é afastar de Deus, é abandono da graça. [Gl 5:4] Nossas práticas estão alicerceadas sobre nossas crenças. Nossas orações, nossa conduta, nossos valores, nossos princípios parte de uma visão teológica. Essa visão de Deus, de Cristo e do Evangelho determinada nossa experiência.
Podemos conhecer doutrina e não conhecer a Deus, mas não podemos nos relacionar corretamente com Deus sem conhecimento da sã doutrina. Leve doutrina a sério! Quando deixamos de crer em determinadas verdades nos afastamos de Deus.
Alguns afastamentos são perigosos, algumas quedas trazem consequências amargas. Queda moral, afastamento de um corpo local, mas sem dúvida nenhuma o afastamento da compreensão do verdadeiro evangelho tem consequências terríveis. Pois é ele a base sobre a qual erguemos nossas práticas e ações. O evangelho é portanto o fundamento de nossa práxis cristã.
III. A PERVERSÃO AO EVANGELHO
Um outro evangelho
Paulo enfatiza o fato de que pode surgir no seio da igreja “um outro evangelho” [diferente]. Eu chamo atenção de uma cilada espiritual que muitos vieram a cair. Muitos pensam que simplesmente pelo fato de uma pessoa citar “Cristo” “Deus” “Evangelho” que ele está pregando o cristianismo. Ele pode mencionar vários vocábulos destes, mas destituído do verdadeiro conteúdo. Ele pode usar esses vocábulos, mas isto não significa que ele estão pregando o evangelho. O que é que ele fala quando menciona “Cristo” “Salvação” “Deus”? Um pregador pode estar falando sobre Deus mas não é o Deus da Bíblia. Ele pode mencionar Cristo mas não é o verdadeiro Cristo da Bíblia.
Salvação para alguns é libertar-se da opressão econômica [TL], para outros é curar-se ou ter um comportamento moral adequado. Cristo para alguns é um curandeiro ou um gênio da lâmpada, Deus é visto como um ser amoroso, mas destituído de poder ou ira.
O fato de um pregador usar as mesmas palavras ou mesmo afirmar que ele prega de evangelho não garante que ele prega o evangelho de Cristo. Os falsos pregadores da Galacia [judaizantes] que descaminharam pessoas por meio de seu falso evangelho estavam usando a palavra evangelho [a mesma palavra], mas não era o evangelho. Eles acrescentavam outras coisas ao evangelho de Cristo e assim descaracterizavam o verdadeiro evangelho.
Sua aparência [v.8]
O mais terrível que esse outro evangelho aparentemente possui status de autêntico. Não se tratava de uma religião pagã, a falsificação era feita sob capricho. Não era da ordem do budismo ou hinduísmo ou mesmo islamismo. Quem estava por trás era pessoas que se diziam cristãs. [v.7]. Eles provavelmente pertenciam à igreja em Jerusalém (2:12). Tal perversão surgiu no interior da igreja. Daí a necessidade da maturidade doutrinária dentro da igreja.
Então P. concede um principio para que a igreja utilize a fim de não ser aliciada a um falso evangelho. Que principio é este? Devemos atentar principalmente na vida daquele que anuncia o evangelho, mais o que ele prega, o que é fala do que sua aparência [exterior ou mesmo título].
Um pregador deve possuir dons [chamado] e o caráter [envergadura espiritual]. Porque alguém pode ter o dom, sem ter caráter. O pregador deve ter a capacidade de ensinar e o caráter que lhe dê a autoridade para assim fazer. Infelizmente somos tentados naturalmente a julgarmos as pessoas por sua aparência [Sentir muitas vezes rejeição, desdém e até mesmo desprezo, principalmente quando era mais jovem]. Quando falo em caráter não falo de perfeição do pastor [só estou aqui em cima não porque sou perfeito, mas por causa da graça que me sustenta]. Quando falo também de possuir dons, não me refiro necessariamente a eloquência na oratória, mas a paixão, o zelo, e dom de ensinar.
O que de fato eu quero destacar é que um pregador pode ter uma aparência, mas ele deve ser avaliado pelo que ensina. E para isto ele traz uma ilustração hipotética [absurda], algo impossível de acontecer. Um verdadeiro apóstolo [passado] ou um anjo [não cai mais] vir a ensinar algo contrário ao evangelho. Portanto é uma ilustração absurda para que entendamos o ponto: Uma pessoa pode ter aparência de um apóstolo e de anjo mas destilar veneno letal em seu ensino. Temos que portanto não atentar sobre sua aparência, mas sobre sua mensagem.
Amado pode-se ter um pregador que é um verdadeiro anjo de bondade [gente, generosos, amigável, simpático, camarada, amigo de todos] mas não prega o evangelho, não ousa anunciar a necessidade do arrependimento, não ensina toda a verdade de Deus.
Amados lembre-se que o diabo é o rei do disfarce. Lembremos que somos tendenciosamente levados a julgamos as pessoas pela sua aparência. Portanto tomemos cuidado com a aparência. Nós nos inclinar a se encantar ou se impressionar com a forma, a entonação, a aparência física, os gesto e o poder de persuasão e não pelo que o que de fato ele esta dizendo. Eis um perigo real – as aparências enganam!
A perversão e perturbação
Quando a igreja se afasta do evangelho os prejuízos são incalculáveis. A perversão do evangelho proporcionada pelos falsos mestres traz perturbação. Se a pregação do verdadeiro evangelho é abençoadora; a falsa pregação do evangelho [sua perversão - a omissão ou acréscimo] é perturbadora. Amados os maiores inimigos da igreja não vem de fora, vem de dentro. Uma das coisas que P. mais temia era a disseminação da falsa doutrina. Veja At 20:29-30.
Quando deixamos de crer no evangelho nos tornamos cristãos perturbados. Por que? Diante dum mundo de desgraça [doenças, tragédias, morte, miséria, guerras, terrorismo] algo que nos choca. Só existe uma forma de olhar para Deus benevolente, de amor, misericordioso, gracioso. É olhar para Deus, em Cristo, pregado na cruz por amor a nós. A teologia verdadeira é a teologia da cruz, não da gloria. É a teologia que nos faz ver Deus pelo seu oposto, não tão somente o Deus majestoso, glorioso refletido na criação, mas o Deus glorioso, majestoso, misericordioso, amoroso, gracioso refletido na cruz. O Deus que por amor a nós se identificou conosco em nossa miséria, com as nossas tragédias, com a maior de nossa tragédia o pecado. E como podemos nos calar sobre esta verdade? Como não anunciar o evangelho? Sabendo que Deus manifestou o seu amor de modo patente no tempo e no espaço por amor a nós.
E essa manifestação de amor é o único motivo que temos na vida para crer que todas as coisas fazem sentido. Sem cruz a vida não faz sentido!
Deus não somente enviou declarações de amor [namorado], Ele assumiu a forma humana e foi cravado madeiro, de fato e de verdade nos amou na cruz. Essa noticia é por demais maravilhosa, é crucial, é central, é a única esperança do homem de ser voltar a Deus, é a única saída, é a única resposta, é o único remédio para a agonia em que vive o homem pecador. E diante disto nós não podemos permitir que esse evangelho que visa anunciar esta história seja pervertido, e quando ele é pervertido a igreja passa por grandes perturbações.
Porque a perversão do evangelho perturba? Não encontramos base adequada para acreditamos no amor de Deus sem a cruz! No mundo de miséria como esse cremos no Deus de amor por causa da cruz. A cruz silencia o inferno. É a única resposta que encontramos para a manifestação do mal no mundo. Onde está o Deus de amor? Veja as desgraças no mundo? Se eu não posso apontar para a Cruz eu não consigo defender [não que ele precisa] esse Deus de amor. Eu sou cristão por causa da cruz. Eu sou cristão porque fui abalado, atraído por esta expressão e ato de amor por Deus, morrendo por nós. Como podemos ficar calados? A cruz é a única resposta, solução para este mundo aflito! Quando deixamos de pregar esta mensagem roubamos do mundo a única maneira de dar esperança. Os corações ficam mais e mais angustiado, porque a cruz é única forma de silenciar toda a acusação que o inferno envia contra Deus. Sem a pregação do evangelho o homem continuará angustiado.
Amigo você precisa de Deus! Pois seu maior problema é seu estado espiritual. Só Deus, somente ele pode perdoar seu pecado. Infelizmente embora todo o homem seja miserável sem Deus, ele não se dá conta desta triste realidade. Quando o homem acha que não precisa de Cristo para obter a felicidade, a paz e salvação, é porque seu estado de cegueira, de estupidez ocasionada pelo seu coração pecaminoso não o deixa ver sua condição. Ele não se dá conta que pode a qualquer momento ter um infarto e padecer externamente sem esperança. Ele não se dá conta se sua absoluta fragilidade e o grande risco que vive sem Deus. Por isso mesmo que o homem não se dê conta de sua miséria, pois ele pode ver a si mesmo e não atentar de seu terrível quadro.
Daí a extrema necessidade de nós pregarmos e anunciarmos evangelho, que aponta inicialmente e acima de tudo que o homem sem Cristo [seja ele quem for] é um pecador, você esta caminhando para o juízo vindouro. E eu e você devemos pregar sobre isto mesmo que seja impessoal. E como tratar disto? E a única maneira de reconciliar-se com Deus e obter a paz de Deus é mediante a cruz, quando o homem se arrepende e cre na pessoa de Jesus. Por isso não podemos perverter o evangelho. Por isso não podemos nos calar! Por que somente através do evangelho o homem pode ser libertos, salvo, redimido e reconciliado. Só evangelho de Cristo o homem encontra paz por sua consciência machucada pelo pecado.
Qual deve ser nossa atitude diante da ameaça de se perverter a mensagem do evangelho? Amados e amigos. Paulo fala de “anátema”. Significando “separado de Cristo” [Rm 9:03] e condenado ao castigo eterno. No AT era usado banimento divino, destruição total de qualquer coisa, pessoa ou lugar. [Ils. A história de Acã, tudo foi destinado a destruição, mas Acã roubou e guardou aquilo que era maldito, que deveria ser destruído]
Devemos entender que Paulo trata com bastante zelo qualquer perversão do verdadeiro evangelho. Anátema é maldito, amaldiçoado. Assim, Paulo roga e declara uma maldição sobre todo aquele que anunciam um falso evangelho. Portanto seja maldito todos os que anunciam um evangelho falso. Pois um evangelho falso não salva, não tem poder para retirar o homem do pecado, da culpa, libertá-lo do poder do pecado. Um falso evangelho é destrutivo. O efeito que um falso evangelho produz é devastador, incomparavelmente pior que uma AIDS, pior que a radiação de Fukushima ou a bomba. Também não devemos esquecer que tão grave quanto anunciar um falso evangelho é não anunciar o verdadeiro evangelho. Ou seja, pecamos quando não anunciamos, quando somos omissos. Eu e você que conhecemos o Evangelho podemos incorrer no pecado da omissão
A maldição não vem somente sobre aqueles que anunciam um falso evangelho, vem semelhante sobre aqueles que rejeitam o evangelho ou que abandonam o verdadeiro evangelho. 1 Coríntios 16:22 : "Se alguém não ama ao Senhor, seja anátema ".
Quando a oferta da graça eterna a indignas criaturas como nós, é rejeitada ou pervertida estamos sob maldição! Oh, como precisamos meditar sobre o horror de rejeitar o evangelho. Não deixe sua mente se entorpecer amigo com o que é trivial e banal, que sua mente entenda hoje, agora, sob a luz da Palavra que a sua rejeição ao evangelho é o horror aterrorizante de ser maldito e amaldiçoado pela eternidade. A Bíblia não nos fala de maldição eterna de Deus para que possamos ouvir e bocejar, despreocupadamente na vida. A ira de Deus é revelada para agitar os descrentes de seu comodismo e de sua arrogância.
IV. A MOTIVAÇÃO DO EVANGELHO [10]
Para que a igreja se mantenha ancorada no evangelho ela deve viver para glória de Deus, de agradar a Deus.
Os judaizantes estavam acusando Paulo de procurar o favor dos homens com a mensagem de liberdade com respeito à Lei – Paulo ao afirmar que o homem é justificado mediante a fé somente, sem lei – estaria pregando a libertinagem. O que o evangelho ensina é liberdade, mas eles acusavam que tal ensinamento incentivava a frouxidão moral. “Paulo nega a lei, para que isto agrade as pessoas” “Nega a circuncisão para agradar as pessoas” “Paulo tem motivação escusa, sua mensagem é deformada para se tornar atraente”
Paulo faz sua defesa: Ele não prega, ensina ou vive com o objetivo último de agradar os homens, e seu evangelho era para isto. Sua motivação maior não é agradar os homens. Ele não é um político, um bajulador! Ele é servo, sendo assim ele não busca holofotes, não depende de elogios, não busca o sucesso, nem aplausos dos homens e jamais vai alterar sua mensagem por isto. Sua motivação é a glória de Deus!
Esse deve ser a nossa obsessão, nossa paixão: Ver Deus sendo glorificado! E eu tenho entendido a seguinte verdade: Quando decidimos fazer isto, iremos desagradar a alguns homens. Paulo tomou uma decisão de pregar uma mensagem que glorificasse a Deus, por mais terríveis que fossem os prejuízos que tal mensagem trouxesse em sua vida.
Assim a nossa motivação máxima e sublime em tudo que viermos a realizar é ver Deus sendo glorificado, é agradar a Deus em tudo! E decisão de pregar o evangelho, evangelho este que humilha o homem, mas exalta a Deus, trará forte oposição, crítica.
Qual é então a tentação que o pregador sofre diante deste desafio? É alterar, perverter o evangelho para que isto não ocorra. Em geral a perversão do evangelho vem pelo interesse do pregador em agradar os homens.
Quando falamos em não agradar aos homens, não falo de sermos amáveis, carrancudos, respeitosos com as pessoas:
ARA 2 Corinthians 5:9 É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis.
Mas o que diz respeito ao conteúdo, as implicações do evangelho, P. não fazia concessões, ele na mutilava o evangelho a fim de se tornar digerido pelo homem:
ARA 2 Corinthians 2:17 Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.
ARA 1 Tessalonians 2:4 pelo contrário, visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração.
S.T. E por que Paulo tem essa motivação? Ele então aponta para outro aspecto da natureza do evangelho...
V. A ORIGEM DO EVANGELHO [11-12]
Para que a igreja se mantenha ancorada no evangelho é necessária que ela reconheça a origem divina do evangelho. Paulo amava o evangelho e sofria pesada perseguição porque conhecia sua origem, o evangelho não é uma invenção humana, mas uma revelação divina.
Quando entendemos que o que está sob nossa custódia da igreja, coluna e baluarte da verdade, não é uma coisa qualquer, não é mero ensinamento humano, mas sobre tudo divino, então isto nos firma, nos fortalece!
Como sabemos que o evangelho tem origem em Deus? Como saber que a Bíblia tem origem em Deus? O que é necessário para termos certeza da origem divina das sagradas escrituras.
Calvino em suas Institutas afirma que poderia apresentar vários argumentos racionais capazes de convencer qualquer um da inspiração das Escrituras [1] A harmonia das sagradas escrituras, coesão e coerência [3] o poder de transformar vidas. [3] a majestade do seu estilo [4] perfeição [5] abrangência
Ninguém é convertido somente pela razão, como ninguém é convertido sem a razão. Mas o homem não é convertido apenas por argumentos racionais. A bíblia, o evangelho é irracional? Não! Mas por que meu pastor quando apresentamos o evangelho vemos questionamentos, resistência, ignorância, depreciação, desinteresse por parte dos homens? Por que?
Porque a mente do não convertido, do não crente acha-se nas trevas. O conhecimento, o entendimento e a percepção e a admiração da verdade [libertador e salvador] não é fruto apenas da aplicação de meu intelecto sobre, mas sobretudo da obra do Espirito Santo.
ARA 1 Corinthians 2:14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
ARA 2 Corinthians 4:4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.
Ou seja, o homem não-crente se acha sob trevas espirituais. É cego! Qual é a conclusão – nós temos razões para crer na inspiração e origem divina, mas estas razões são apenas encontradas por aqueles que foram alvos da obra do Espírito. O Espírito é que nos confere entendimento, o Espirito é que abre o coração e confere a percepção, a certeza, à convicção.
Temos razões para cremos na Bíblia, mas estas razões somente fazem sentido a quem tem teve sua mente iluminada. É o testemunho interno do Espírito que convence da majestade de Deus nas Escrituras, da beleza de Cristo.
O que ocorre com aqueles que tiveram seus corações iluminados? O que ocorre com aqueles as quais o Espirito Santo revelou, testificou esta verdade. Imprimiu esta convicção?
A resposta disto é o deleite, o prazer, a certeza, a alegria. Esse são levados a contemplar a beleza do evangelho, e assim seu coração é encantado e, portanto todos seus afetos são fixados em Cristo. Sua alma se deleita em Cristo. Seu coração se deleita na majestade de sua Palavra. Ele recebe a maior certeza do Espirito Santo que um homem pode obter nesta vida – o convencimento do Espirito que o convence da majestade da revelação que Deus faz de si mesmo no Evangelho.
Estes que tiveram seus olhos abertos possuem uma convicção interna da majestade, beleza, grandeza e formosura do Evangelho revelado na Palavra.
Ephesians 1:18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos
Este torna-se uma amante do evangelho, adorador de Cristo, um fiel defensor do evangelho, ele luta, defende, ergue a voz. Tem uma paixão forte pelo Evangelho. Ele é capaz de dar sua vida! Este não se dá o direito do amor negociar o evangelho.
Amigo considere a beleza da Palavra – sua autoria, sua coerência, seu poder, sua beleza, sua abrangência. Um livro de origem divina [66 livros + 40 autores + 1500 anos] sem contradição = um autor, o Espírito. Ela é capaz de fazer um jovem mais sábio que um ancião. Ela revela um Deus majestoso, um plano de salvação majestoso. Ela nos consola, nos orienta, nos corrige, nos alimenta, nos liberta, nos fortalece, nos dar esperança, nos auxilia nos momentos difíceis e atribulados.
Mas por mais que eu afirme apaixonadamente isto, amigo você não atentará. Somos absolutamente carentes da intervenção sobrenatural do Espírito. Porque sem essa ação o homem não atentará. Toda a riqueza da Palavra brota mediante a obra do Espírito Santo, nós temos que suplicar a intervenção do Espirito para que ilumine.
A atitude natural, normal do homem partindo do seu coração pecaminoso, é suprir a verdade [Rm 1:18ss]. O homem sem cristo – detém a verdade! O homem por causa do amor ao pecado detém a verdade. E para que a verdade deixe de ser reprimida dentro dos nossos corações e ela aflore com toda sua beleza e esplendor e nos liberte é necessário a obra do Espírito Santo.
E o que você deve fazer amigo? Pastor confesso não me deleito, não tenho prazer nas coisas de Deus, não amo e nem mesmo consigo compreender a Palavra, não vejo a necessidade de me converter, não vejo que eu sou tão pecador, não sinto a necessidade de ser restaurado. Meus afetos estão em outra coisa pastor. Eu sinceramente amo mais a mim mesmo, amo mais o dinheiro, amo mais o mundo do que Cristo. Clame amigo! Suplique em lágrimas pedindo ao Espírito para que Ele abra os olhos do seu coração!
Busque a Deus! Busque suplique para que seu coração frio e indiferente seja quebrantado! Eu vejo que algumas pessoas olham para os crentes e percebem que eles não conseguem ter a mesma fé, o mesmo prazer. Elas dizem: “Eu tenho medo do inferno, eu sei que Deus existe e eu gostaria de ter a fé dos crentes, mas eu não consigo! Pastor eu não consigo sentir a necessidade de conversão, eu não consigo crer em Cristo. Amá-lo como é devido a Ele! Eu não consigo ter satisfação em Deus!” Oh! Amigo não se conforme com este seu estado! Não! Você está assim porque você se encontra morto, nas trevas! Então amigo suplique! Peça a iluminação do Espirito, para que desperte sua mente e acenda os seus afetos mais profundos por Cristo, para que lhe imprima uma certeza espiritual! Peça, suplique, clame a Deus para que seu coração seja transformado! Ore como o salmista:
ARA Psalm 119:18 Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei.
Leia a Bíblia, ouça mensagem do Evangelho! Venha a igreja ou a igreja que prega a Palavra. Coloque na rota da benção [como o cego Bartimeu, como o Publicano Zaqueu]. Exponha seu coração e mente a as coisas do Espirito. Evite tudo que possa deixar seu coração frio, gelado! E clame amado para que Deus ilumine seu coração. Na verdade quando você já estiver fazendo esta oração é porque o Espirito já está em franca e poderosa
Eu creio que quando o seu coração estiver inquieto, quando sua alma perceber a necessidade de ter essa percepção, esse entendimento, esse afeto é um sinal maravilhoso que a graça de Deus, que o poder de Deus tocou sua alma. Você não orará assim a mesmo que Deus já lhe tenha começado a despertar sua alma.
Conclusão:
“O evangelho é um fato, portanto, vamos expô-lo com simplicidade.
O evangelho é alegre; portanto, vamos falar dele com alegria.
Ele nos foi confiado; portanto, vamos expô-lo com fidelidade.
É a manifestação de um momento infinito; portanto, vamos expô-lo fervorosamente.
Fala de um infinito amor; portanto, vamos expô-lo com sentimento.
É de difícil compreensão para muitos; portanto, vamos expô-lo com ilustrações.
O evangelho é a revelação de uma Pessoa; portanto, vamos pregar a Cristo”.
(Archibald Brown)
O evangelho é alegre; portanto, vamos falar dele com alegria.
Ele nos foi confiado; portanto, vamos expô-lo com fidelidade.
É a manifestação de um momento infinito; portanto, vamos expô-lo fervorosamente.
Fala de um infinito amor; portanto, vamos expô-lo com sentimento.
É de difícil compreensão para muitos; portanto, vamos expô-lo com ilustrações.
O evangelho é a revelação de uma Pessoa; portanto, vamos pregar a Cristo”.
(Archibald Brown)