terça-feira, 5 de julho de 2011

O EVANGELHO E A VERDADEIRA CONVERSÃO [Parte II]

Gl 1:13-24

Estamos examinando os sinais da verdadeira conversão. O que ocorre no indivíduo que passa por esta experiência. Esta experiência possui sinais que lhe confere autenticidade e sem as quais não podemos afirmar que houve conversão. Para isto estou examinando a conversão de Paulo, pois ela é um modelo ou um paradigma. A vida de Paulo é um modelo:

1 Timothy 1:15-16 15Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 16 Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.

Embora reconheçamos que haja aspectos particulares que acompanha cada conversão, há certamente elementos que devem estar presentes em toda conversão. Portanto temos este precioso registro da conversão de Paulo para que mediante uma reflexão deste modelo possamos avaliar as conversões, visto que é possível e provável haver conversões espúrias e creio que este aspecto tem sido manifestado em nossa amada nação. O que se vê é um agigantamento ou um inchaço no meio dito evangélico, mas que isto não pode ser necessariamente traduzido em pessoas convertidas. Pessoas se dizendo crente salvas, mas se comportando como descrentes, não regeneradas, não transformadas. Então para não cairmos em um engano tão perigoso como este é fundamental que examinemos a Palavra e em especial esta passagem a fim de constatar marcas afere a genuinidade de uma conversão.

II. A CONVERSÃO VERDADEIRA É REVESTIR-SE DE UMA NOVA FORMA DE VIVER

 Vimos na mensagem anterior que conversão implica em ruptura com estilo de vida antigo, pecaminoso ou com tradições religiosas. Não há conversão sem rompimento de uma vida pautada no pecado.

Estamos acostumados em ver a conversão apenas como deixar de praticar determinados pecados, rompendo com um estilo de vida que não condiz com a Palavra. Acreditam que por deixarem os vícios ou determinadas devoções ou práticas religiosas são convertidas. Esta visão ficou muito popular pela prática de apresentar os “ex”[ex-traficantes, ex-forrozeiros, ex-macumbeiros] como forma de revelar o poder de Deus em libertar os homens de seus vícios.

Esta visão tem dois problemas: [1] Pode apresentar a falsa ideia de quem é pecador somente são tais pessoas que estejam presas a um vício ou algo socialmente reprovado [2] Desmerece e desconsidera o poder de Deus na vida de quem se converteu, mas que não tinha tal passado, mas era igualmente pecador. [3] Revela uma visão desequilibrada de conversão em termos apenas negativos e não positivos também.

A verdadeira conversão tem dois lados. Um negativo e um positivo. É morte e vida. É morte e ressurreição. Não é apenas abandono de uma vida velha, é um revestir-se de uma nova forma de viver.

Não é apenas deixar de fazer o errado, é fazer o que é certo. Há pecados relacionados a coisas que fazemos; e há pecados relacionados a coisas que deixamos de fazer. A ética cristã é positiva, não tão somente negativa. Temos que morrer para certos desejos pecaminosos, pecados escravizadores, para o mal, mas também a fé cristã nos desafia e o Espírito nos habilita para uma fé positiva. Não é apenas deixar de fazer o mal, mas pratica o bem.

E isto é retratado na vida de Paulo. Ele era perseguidor da igreja e um zeloso fariseu. Então houve a ruptura, ou seja, a morte. Ele deixou de perseguir a igreja. Mas não somente isto, ele abraçou a mensagem do Evangelho. A igreja é vista agora por ele como igreja de Deus. [v.13]. Paulo então passa a amar a igreja de Deus, um novo estilo de vida. O povo que até então era objeto de sua ira e perseguição, agora era por ele edificado [v.23-24]. Ele não só deixou de perseguir os cristãos, mas agora lutava pela edificação da igreja. Abandonou as tradições dos fariseus e abraçou o evangelho.

Então conversão é abraçar um novo estilo de vida. E você querido? Você pode confirmar em sua vida que você renunciou o pecado, mas abraçou uma nova vida? Sua vida revela um novo estilo de viver? Sua vida é bela? A sua vida não é caracterizada apenas pelo mal que você deixou de fazer, mas pelo bem que você faz? Deus nos chama não apenas para não odiar, mas amar o próximo. Isto é uma marca da espiritualidade cristã. Ela nos leva para a prática de atos concretos e positivos do amor, da misericórdia e do serviço!

III. A CONVERSÃO VERDADEIRA DESEMBOCA EM MISSÃO [15, 23]

Toda conversão vem acompanhada pelo Batismo do Espírito [I Co 12:13]. Passamos a participar de um corpo espiritual. E ao estarmos dentro dele, temos então um papel. Portanto missão! Um propósito. Paulo recebeu um chamado. Seu coração foi tomado por um senso de missão, de chamado, de que ele fora criado e redimido para algo, para realizar uma tarefa, uma missão na história algo para glória de Deus.

Assim uma conversão verdadeira não nos deve levar a um estado de passividade, mas deve nos lançar a uma missão, todo o convertido é levado a um senso de realização de algo para a glória de Deus. Uma conversão é traduzida em gestos concretos que contribui para a edificação da igreja e a expansão do Reino de Deus. Passamos a ser artesão da história, cooperadores do reino! Não se pode conceber um crente sem estar preocupado ou contribuinte do reino.

É inimaginável alguém que se diz convertido, mas que não se coloca como participante, servo, contribuinte, dispondo dons e talentos no corpo. Não se pode imaginar alguém que não tenha no coração o senso, o peso, o anseio de ver o corpo e o evangelho sendo espalhado. É inimaginável afirmar-se que se é convertido e não ter preocupação com a salvação com os perdidos, com o bem-estar da comunidade da fé, traduzindo tal preocupação em oração, ação, oferta, serviço! É uma anomalia não por a mão na massa e não se dispor ao serviço!

Então é importante que façamos uma avaliação de nossa conversão a luz deste dado: Você é útil ao corpo? Se você morresse hoje, você deixaria uma enorme lacuna em face de seu serviço e de sua contribuição? Pode-se afirmar que vidas têm sido abençoadas por causa de sua vida? Mesmo que você seja uma pessoa com limitações pessoais, mas mesmo assim você pode no mínimo orar. Deus tem um chamado para sua vida!

Toda conversão desemboca em um coração ardente em ver o evangelho sendo espalhado e se dispor a servir. Não se pode pensar em pessoas que se converteram e simplesmente não se dispõe a nada e não fazem nada e não contribui a nada e muitas vezes são assim pedras de tropeço.

Comece a pensar: Qual é a minha missão? Moisés foi chamado para libertar o povo. Josué foi chamado para conduzir o povo a conquistar Canaã. Paulo foi chamado para anunciar o evangelho aos gentios. Pergunte a Deus: Qual é o meu chamado? Qual é o chamado da minha vida? Um crente verdadeiro tem uma santa vocação, um chamado e se você é crente você procurará saber e procurará cumprir.

IV. A CONVERSÃO VERDADEIRA SE EXPRESSA EM ENVOLVIMENTO COM O CORPO DE CRISTO

Não há conversão verdadeira sem igreja. É verdade que pode alguém se converter sem ter tempo de se envolver com a igreja. Isto é exemplificado na conversão do ladrão na cruz. Ele não foi batizado e nem agregado a uma igreja. No entanto a expressão visível de uma conversão é a pessoa esta envolvida no corpo de Cristo.

Uma ação do Espírito Santo que imprime no coração do crente é um forte desejo e um anseio santo de estar no corpo de Cristo. Tal crente tem em profunda estima e consideração a igreja. Ele passa amar o que Deus ama e sabemos que Deus ama a igreja. Ele então passará a ter interesse povo de Deus. Não se pode conceber um crente sem envolvimento na igreja, sem envolvimento no corpo de Cristo. Um convertido vai querer ouvir a Palavra de Deus, ser nutrido no leite espiritual. Nasce um forte desejo de conhecer a verdade e crescer na verdade. Sua mente e seu coração sente a necessidade de conhecer a Deus.

E isto é visto na vida de Paulo que antes aborrecia e odiava a igreja, perseguindo-a, passou para amá-la. No v.18 vemos o progressivo envolvimento na igreja. Ele amava a igreja. Ela tem defeito, mas é impossível ter um crente saudável afastado da igreja.

Eu nunca vou compreender uma pessoa que não afirma na caber na igreja, se acha santo demais pra igreja. Ora amado se Jesus sendo santo e puro, envolveu-se com o seu povo, andando com ele, tendo comunhão com ele, mesmo sendo eles imperfeitos e pecadores quem é somos nós para desprezar o corpo de Cristo.

Eu tenho uma dívida enorme com a igreja de Deus, pois foi por meio deste povo que recebi o evangelho, foi por causa deste povo que eu fui instruído na doutrina, foi no meio deste povo que achei a minha esposa, é no meio deste povo que encontro encorajamento pra viver, consolo, amor, amizade, carinho, é no meio deste povo que tenho os melhores amigos que encontrei na minha vida. Eu glorifico a Deus por sua igreja!

Por favor, amigo nunca confunda os erros de falsos crentes que infelizmente se adentram dentro das igrejas, enviados não por Deus mais pelo inimigo para produzirem escândalo e fazer tropeçarem a muito. Sabemos que os verdadeiros crentes são passiveis de tropeços, mas muitas vezes são estes que tem recebido a culpa por causa do joio que há dentro do corpo, por causa dos bodes! Pessoas que estão no meio mas não nasceram de novo, não são servas do Deus altíssimo.

Mas dentro das igrejas há servos de Deus, amados, irmãos queridos, irmãos valorosos em que você se deleita em sua companhia, que amam a Palavra, que são tementes, que amam Jesus, que tem um grande testemunho. Um irmão assim é amado, deve ser amado e deve ser servido por mim e por você.

Amigo, portanto não há conversão sem envolvimento no corpo de Cristo. Então você tem envolvimento no corpo de Cristo? Você ama a igreja? Você tem prazer de estar com os irmãos? Você sente a necessidade de se identificar com uma igreja local e de se envolver com ela?

Quem não está relacionado com a igreja não está relacionado com Cristo! Não há cristianismo sem igreja, nossa fé não é apenas uma expressão pessoal ou individual, mas comunitária, relacional. Somos salvos por um Deus relacional e ele trata de restaurar em nossa vida aquilo que o pecado destruiu – nossos relacionamentos! Nós fomos criados a imagem e semelhança de Deus e este Deus é relacional [não somente, mas também]. Por isso uma vida saudável implica em conexão com o próximo. Quando estamos tendo relacionamentos significativos com o nossos irmãos, e é isso que a conversão opera, nos remete a o corpo de Cristo, para nele envolvermos e amamos e servimos! Um verdadeiro crente tem amor pela igreja.

V. A CONVERSÃO VERDADEIRA LEVA OUTROS HOMENS A GLORIFICAR A DEUS PELA VIDA DO CONVERTIDO

A conversão de Paulo tornou-se pública, as pessoas sabiam da vida de Paulo antes de sua conversão e passaram a conhecer sua vida depois da conversão. E ao ver este dois momentos, viram o contraste e diante de tão enorme transformação a reação daquelas pessoas foi da glória a Deus sobre a vida de Paulo.

Elas viram na vida de Paulo extraordinários atributos da pessoa de Deus manifestado nele: o poder, a graça, a misericórdia, o amor, o perdão. Porque Paulo era um perseguidor implacável, odioso da igreja e um fariseus zeloso, apegado as tradições. E então como explicar tamanha transformação? Só o poder do Espirito Santo para operar tamanha transformação no coração de um homem. Preso a um ódio destruidor que o levava a perseguir o povo de Deus. Ele foi alvo da graça e do amor de Deus, pois vivia uma vida detestável e miserável e se Deus não fosse ao seu encontro com grande poder e uma graça sublime ele jamais teria se convertido!

E por quê? Pois não havia nada na vida do apóstolo Paulo que atraísse a Deus, mas Deus decidiu amá-lo. Como disse Agostino, bispo de Hipona: “Deus não encontra o objeto do seu amor, Deus o cria”. Deus decidiu torna-lo objeto do seu amor. E em Paulo se deleitar. E quando as pessoas viram tamanha transformação elas foram levadas a glorificarem a Deus a respeito da vida de Paulo.

Eis aqui amigo o selo da conversão verdadeira: É alguém olhar para sua vida e ver Cristo. É alguém ficar tão encantado com a presença de Deus em sua vida a ponto de dizer: Deus santo, eu o louvo pela vida desta criatura! Senhor eu peço que lhe dê uma vida longa, que a livre do mal, pois esta vida é muito preciosa para mim e para muitos pois tem sido um canal, um veículo de benção, um instrumento do teu poder e do teu amor em minha vida!

Qualquer projeto de espiritualidade que não se manifeste neste tipo de louvor não passa de uma piada. Se sua vida não leva os outros a glorificarem a Deus, antes pelo contrário se sua vida é objeto de infelicidade, dor e tristeza então você não se converteu!

Não se concebe uma vida cristã insossa, sem brilho, sem fulgor, uma vida que para os que a observam não há qualquer diferença entre os que estão dentro da igreja e os que estão fora dela. Onde a única exceção é que aqueles que se diz cristã vai aos cultos no domingo! Se esta for a única diferença em sua vida com respeito a pessoas que estão fora da igreja, então pare e pense se você de fato se converteu! O amigo, pare e pense!

Irmãos nós fomos chamados para sermos uma cidade edificada sobre os montes, somos chamados para serem luz do mundo.

 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; 15 nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. 16 Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. [Mt 5:14-16]

Nós fomos chamados para revelar a beleza de Deus ao mundo de tal forma que os homens glorifiquem a Deus por causa de nossas vidas. Irmão você se diz convertido, mas as pessoas tem dado glória a Deus por sua vida? Quem tem sido abençoado por meio de sua vida? Sua vida tem viabilizado os sonhos de outros? Você pode se considerar pela graça divina um monumento da misericórdia de Deus?

Este é portanto o sinal de uma conversão verdadeira, quando nos transformamos em um sal que dá gosto, uma luz que ilumina vidas em trevas. E assim pessoas são abençoadas por nossa vida e Deus é glorificado por esta. Alguém poderia dizer: Ó Deus, eu glorifico a Ti pela vida....? Ele tem sido para mim uma benção?

O texto que descreve a conversão de Paulo encerra: E glorificavam a Deus a meu respeito. Eu gostaria de que fosse isto o meu epitáfio, que estivesse escrito no meu túmulo: Deus foi glorificado pela vida deste homem! Aqui jaz um homem que viveu para a glória de Deus!

O EVANGELHO E A VERDADEIRA CONVERSÃO [Parte I]

Gl 1:13-24

Paulo estava a defender dois aspectos centrais em sua carta. Sua autoridade apostólica e o evangelho por ele pregado, visto que os judaizantes, por meio de um pernicioso falso evangelho, estavam se levantado contra estes dois aspectos, para eles Paulo não é apóstolo e sua mensagem é falsa.

Os alvos dos judaizantes era “judaizar” os povos, para eles todo o gentio [romano, grego] deveria primeiramente ser convertido ao judaísmo, a cultura e teologia judaica, a lei. Para um gentio ser salvo era preciso ele se transformar um judeu. Isto era uma terrível ameaça ao evangelho, pois ele anuncia a graça de Deus aos pecadores ao enviar Cristo que por meio de sua morte estabelecesse mediante o arrependimento e a fé uma reconciliação com Deus e a libertação da lei criada por Deus, que nos foi dada não como um modo de salvação, mas como um meio de revelação da necessidade de salvação, visto que ela revela a santidade de Deus e a miséria do pecado. A lei revela nossas rugas morais. Ninguém consegue cumprir a lei. Tais judaizantes perverteram o evangelho ao pregar um evangelho que afirmava que não era só a fé na obra de Cristo, mais que essa fé e lei, ou seja, não era só Cristo, mas Cristo e Moisés. Era uma tentativa de emendar ou costurar de novo o véu que foi rasgado. Tal falso evangelho descaracterizava o verdadeiro evangelho, ameaça os fundamentos do evangelho, ameaçava a graça e a libertação obtida por sangue de Cristo.

Pq P. fala de sua experiência de conversão? Além do mais os tais judaizantes acusava-o de que ele era um libertino, um homem contrário a Moisés, que sua motivações era em busca de agradar a homens. Diante destas acusações Paulo ver necessário a defesa de sua autêntica relação com Deus, da sua sinceridade de propósito. Então aqui ele fala de sua conversão que nos é útil como padrão de uma conversão.

Temos aqui um texto que aborda a conversão de Paulo. E esse relato é por demais importante por se tratar da conversão de um apóstolo servindo de modelo. Esta é então a operação normal realizada pelo Espirito Santo quando o leva a uma experiência de novo nascimento. Útil para analisarmos a natureza de uma verdadeira conversão. Toda conversão possui aspectos peculiares e exclusivos [idade, local, circunstâncias e emoção] ao mesmo tempo que ele possui aspectos comuns a todas as conversões, se caso não esteja presente não se pode afirmar que são verdadeiras conversões. São elementos essenciais que devem acompanhar uma conversão. Essa experiência possui marcas que caracterizam a genuinidade.

A importância deste tema se dá ao fato primeiramente porque a Bíblia nos relata a possibilidade de existir falsas conversões. Pessoas que pensam que são convertidas, mas que verdadeiramente não são. Outra razão é porque há muitas conversões espúrias em nossa terra, muitas pessoas afirmando que são crentes, mas que de fato não passaram por uma verdadeira conversão. E isto é óbvio pela espécie de vida em que vive. Conhece-se a arvore pelos frutos. Então a conversão desemboca em que? Quais os sinais autenticadores de uma conversão?

 Portanto amado irmão e amigo se você deseja averiguar a genuinidade da sua conversão e seu você deseja conhecer a natureza dessa experiência que nos leva a Deus, a conversão de Paulo é um excelente modelo para ser olhado.  Há quatro narrativas da conversão de Paulo. Três escritas nos Atos [At 9, 22, 26]. E esta, sendo que ela aborda aspectos mais pessoais e fundamentais para averiguarmos a luz desta conversão o que é de fato uma conversão.

Paulo fala de sua conversão a fim de enfatizar origem divina e o poder do evangelho que operou nele uma mudança radical em face de sua vida passada.


I. CONVERSÃO VERDADEIRA É UMA RUPTURA COM UMA ANTIGA MANEIRA DE VIVER. [13-14]

Não há conversão verdadeira, sem que haja rupturas profundas em antigas maneiras de se viver.[II Co 5:17]. Isto é um elemento central que autentica, que afere genuinidade a uma conversão. [v.13-14]

Ele menciona dois aspectos que retratam muito bem sua vida antes da conversão: [1] Perseguidor [2] Zeloso. O modo antigo de viver de Paulo o levava tanto a devotar-se a sua religião, como também era manifestado em sua perseguição contra a igreja. Este texto é descritivo da vida de Paulo antes da conversão.

1. Paulo era um perseguidor da igreja

- Ele perseguia sobremaneira a igreja [com violência], de uma forma implacável e selvagem.

- Paulo usa duas expressões: “perseguir” e “devastar”, este último termo era usado no contexto dos circos romano [coliseu] onde os animais despedaçavam suas vítimas sob forte aplauso dos espectadores. O que P. estava dizendo seu fanatismo era irracional.

- “Paulo, respirando ameaças e morte dispõe-se a ir a Damasco (At 9:1)”. A expressão “respirando ameaças e morte” descreve os momentos antes de uma fera atacar sua presa em que ela respira efusivamente, o momento em que ela salta sobre a caça e depois extermina o corpo de sua vítima.

- Paulo era um ferrenho perseguidor, um implacável, o mais severo, usava sua influência, e de uma forma truculenta devastada o povo de Deus. [I Co 15:9].

1 Corinthians 15:9  9 Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus.

Acts 8:3   3 Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.

Ele ia de casa em casa prendendo os cristãos e os arrastava as cadeias. [At 8:3]. Queimar, aprisionar homens e mulheres em suas moradias, acorrentar, encarcerar, inquirir, ameaçar, submeter ao açoitamento na sinagoga, ao qual em alguns casos não se sobrevivia, forçar as pessoas a negar a fé e finalmente seguir os fugitivos até Damasco. Seu alvo era acabar com a igreja.

- Esse é o poder da religiosidade – a religiosidade nos animaliza, nos desumaniza, nos torna brutos, irracionais, desumano. Veja os radicais mulçumanos. P. tornou-se um assassino em nome da religião participando da morte de Estevão, o primeiro mártir da igreja. [At 8].

- Quando Cristo o encontrou na estrada de Damasco, Cristo usa uma expressão “Duro coisa é recalcitrares contra os aguilhões” que é uma espécie de ferrão usado para controlar um animal bravo. Paulo era touro selvagem! Veja Atos 26:10-11.

Acts 26:9-11   9 Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno;  10 e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam.  11 Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia.

“Perseguir a igreja é perseguir Cristo. Perseguir os membros do  Corpo é perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é perseguir o Noivo”

S.T - No pretenso serviço a Deus ele perseguiu a igreja de Deus, Paulo, devotado a Deus e, apesar disso, um atroz rebelde contra a causa sagrada de Deus? A resposta é apresentada pelo versículo seguinte.

2. Paulo era um homem dedicado e zeloso [prodígio] em sua religiosidade [o judaísmo] [v.14]

- As perseguições desmedidas brotam do zelo desmedido pelas tradições paternas (cf. Fp 3.6).

Philippians 3:6   6 quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.

 Paulo era, além de perseguidor implacável, um homem extremamente zeloso e dedicado em sua religião. Era pertencente ao judaísmo tratando-se da religião, mas do que a raça judaica. É o conjunto de tradições, estilo de vida, religiosidade, que não se trata da Palavra de Deus no VT.

 - O VT longe de destoar de Cristo aponta para Ele. O VT tinha como alvo apontar Cristo através de sua profecia, história, leis, tipos. Judaísmo aqui portanto é religiosimo, apego a tradições humanas, conjunto de leis orais [cercas] que suplementava e entulhava a verdadeira lei do VT.

- Porque o judaísmo perseguia o cristianismo? O judaísmo surgiu com uma meta de manter o povo judeu protegido contra a idolatria; pecado este castigado duramente por Deus no AT. Então sugiram dentro do judaísmo uma seita que visava proteger o povo de tamanho pecado e punição. Então eles passaram criar uma série de tradições [cercas] que visavam proteger o povo, preservar a lei. Quando o movimento fariseu viu o cristianismo se surgiu [seita] discerniu como uma ameaça perigosa devido ao seu ensino e principalmente por afirmar que a lei fora cumprida e que as tradições farisaicas não passam de religiosidade inútil. Portanto deveria ser combatida, aniquilada, devastada.

- Jesus tratou e combateu este “entulho” humano, religioso criado pelos fariseus e escribas [Mt 5:21, 15:3,6; 23:2].

- Paulo era o primeiro entre os colegas de sala. Era um prodígio! Dominava bem o conjunto de tradições orais de sua religião o judaísmo.

 - Seu extremo zelo o tornara um homem impar em sua religião. Era um destacado erudito, uma inteligência incomum, uma mente brilhante, um poliglota, dotado de uma cultural invejável. Vemos sua capacidade intelectual ao discutir com epicureus e estoicos em Atenas. [At 17]

- Abraçou o farisaísmo, a vertente mais radical e severa do judaísmo. Foi educado aos pés de Gamaliel, absorvendo desde pequeno as tradições orais de sua religião [At 22:3]. Conhecia a lei escritas e as tradições orais que consistia em mais de 300 leis. Era um judeu zeloso e profundamente sincero, um fariseu de puro-sangue. Ele era um judeu praticante. [At 26:5]. Um fanático entusiasmado.

- E o que Paulo estava querendo dizer com esta descrição de sua vinda anterior a conversão? Ele afirma que ela foi algo surpreendentemente maravilhoso! Paulo estava totalmente possuído por esse ideal. Ele correspondia à sua mais profunda percepção de fé e, naquela época, e ele via isto como “lucro”. Naquele tempo, tornar-se cristão parecia-lhe nada mais que um passo para a condenação. Mas foi isto que ocorreu com Paulo. E ao tratar desta conversão ele aponta um aspecto claro, fundamental, que ocorreu com ele, e que deve ocorrer com todas as pessoas que são objetos da salvação: A ruptura de um estilo de vida passada, de uma maneira de viver, de tradições e zelos sem entendimento!

Aplicações:

1. Religiosidade não confere a um homem vida verdadeira. Antes a religiosidade pode nos brutalizar-nos, nos desumaninzar, não em nos transformas, mas em nos transtornar!

2. Zelo e sinceridade são aspectos importantes, contrata-se com desprezo, indiferença e hipocrisia. Mas zelo e sinceridade devem ser fundamentados no entendimento, na verdade da Palavra. O que importa é que sejamos sinceros no que fazemos? Não! Você pode estar sinceramente errado! Amigo sinceridade não basta! “Não importa em que você creia, desde que seja sincero”. Isto, provavelmente, parte do pressuposto de que todas as religiões são boas – desde que seguidas com sinceridade – e todas têm como destino o Céu. Mas a coisa não é bem assim!

Ils. Numa determinada cidadezinha do interior, um médico receitou sulfato de bário para um paciente. Ao aviar a receita, o farmacêutico, por engano, trocou-o por sulfito de bário. A diferença entre os dois nomes é de apenas uma letra. O primeiro é utilizado para fins medicinais, e o segundo é um veneno mortal. O pobre paciente tomou o remédio trocado – e morreu. Evidentemente o farmacêutico usou de sinceridade ao aviar a receita, pensando ter dado o remédio certo. Mas em casos de vida ou morte, não é suficiente apenas ser sincero. É preciso ter certeza!

3. Toda conversão implica em ruptura. Conversa implica em ruptura com antigas tradições. Há tradições que podem até ser preservadas, mas há outras que devem ser descartadas por serem completamente contrárias a vida cristã.

4. Conversão redireciona nosso zelo. Todo zelo, toda dedicação que ele tinha antes, fora direcionado agora para a fé cristã. Ao afirmar que conversão é ruptura não estou afirmando que ela é aniquilamento de personalidade ou mesmo de um jogar fora o legado que estava sendo usado erradamente. Há uma ruptura, mas uma continuidade. Conversão não é destruição da personalidade ou mesmo do temperamento. Vemos seu zelo, dedicação, sua inteligência, sua personalidade incomum, seu temperamento forte, sua liderança e suas qualidades que ele possuía antes da conversão, tudo isto foi redirecionado para o evangelho.

Esse é um ponto importante na conversão verdadeira algumas características do pecador são preservadas, ou mesmo são aperfeiçoadas, energizadas, renovadas, embelezadas, pois nem tudo aquilo que se relaciona a vida passada deve ser lançada fora após a conversão. Continuamos tendo a mesma capacidade intelectual.

Algumas pessoas entram para fé cristã pensando que devem fazer uma violência contra sua personalidade, quanto ao seu temperamento – há pessoas que são enérgicas, sanguíneas, há pessoas que são mas tranquilas, serenas. E devem continuar assim, obviamente o seu temperamento purificado pela graça. Como também o mais sereno, mas tranquilas. Há pessoas mais reflexivas, contemplativas, e há pessoas mais ativas, práticas, voltadas a ação. É claro que deve haver uma ação do Espirito para purificar o nosso temperamento, mas não um aniquilamento da personalidade. Conversão não visa formar soldadinhos de chumbos.

Tome cuidado com qualquer tipo de ensinamento ou igreja que formatiza os membros, que tem como objetivo produzir pessoas idênticas, pessoas iguais, uniformizadas! Pessoas que oram de mesma forma, que se vestem da mesma forma, votam no mesmo partido político. É da vontade de Deus que haja colorido na igreja. Deus ama a diversidade. É da vontade de Deus que cada um de nós na singularidade da nossa vida revele ao mundo aquela beleza que só nós haveremos de revelar, aquela beleza do caráter de Cristo, do amor e de sua graça, que deve se manifesta pela singularidade de sua vida.

Então conversão implica em rupturas do pecado, da velha vida, de tradições contrárias, envolve transformação. Mas conversão não implica que você vai deixar de ser você, você deixa de ser um homem que vive em função do pecado, do eu, você deixará de ser “mesquinho”. Você vai deixar de ser como rei, você vai entregar seu cetro e coroa a Deus, e vai receber uma toalha de um servo, cingir-se com ela e lavar os pés dos outros. Você vai viver uma vida marcada por humildade. Mas lembre-se: Conversão não é despersonalização! Deus quer tomar suas características belas que você possui preservá-las, embelezá-las e usá-las para Sua glória!

Isto é conversão, rupturas com uma vida velha [II Co 5:17]. Meu amigo não se deixe ficar preso a um estilo de vida antigo seja ele moral ou religioso que o impeça de você viver a verdadeira vida em Cristo. Reveja suas tradições, reveja sua religiosidade, reveja seus valores, reveja seu estilo de vida e se eles não se alinham ao evangelho, largue-os! Rompa com eles! E fique só com Cristo, apenas com Cristo, apenas com Cristo! Tenha coragem de ser livre, de ser diferente. Ter coragem de submeter a autoridade de Cristo, isto é conversão!