Gl 1:13-24
Estamos examinando os sinais da verdadeira conversão. O que ocorre no indivíduo que passa por esta experiência. Esta experiência possui sinais que lhe confere autenticidade e sem as quais não podemos afirmar que houve conversão. Para isto estou examinando a conversão de Paulo, pois ela é um modelo ou um paradigma. A vida de Paulo é um modelo:
1 Timothy 1:15-16 15Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 16 Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.
Embora reconheçamos que haja aspectos particulares que acompanha cada conversão, há certamente elementos que devem estar presentes em toda conversão. Portanto temos este precioso registro da conversão de Paulo para que mediante uma reflexão deste modelo possamos avaliar as conversões, visto que é possível e provável haver conversões espúrias e creio que este aspecto tem sido manifestado em nossa amada nação. O que se vê é um agigantamento ou um inchaço no meio dito evangélico, mas que isto não pode ser necessariamente traduzido em pessoas convertidas. Pessoas se dizendo crente salvas, mas se comportando como descrentes, não regeneradas, não transformadas. Então para não cairmos em um engano tão perigoso como este é fundamental que examinemos a Palavra e em especial esta passagem a fim de constatar marcas afere a genuinidade de uma conversão.
II. A CONVERSÃO VERDADEIRA É REVESTIR-SE DE UMA NOVA FORMA DE VIVER
Estamos acostumados em ver a conversão apenas como deixar de praticar determinados pecados, rompendo com um estilo de vida que não condiz com a Palavra. Acreditam que por deixarem os vícios ou determinadas devoções ou práticas religiosas são convertidas. Esta visão ficou muito popular pela prática de apresentar os “ex”[ex-traficantes, ex-forrozeiros, ex-macumbeiros] como forma de revelar o poder de Deus em libertar os homens de seus vícios.
Esta visão tem dois problemas: [1] Pode apresentar a falsa ideia de quem é pecador somente são tais pessoas que estejam presas a um vício ou algo socialmente reprovado [2] Desmerece e desconsidera o poder de Deus na vida de quem se converteu, mas que não tinha tal passado, mas era igualmente pecador. [3] Revela uma visão desequilibrada de conversão em termos apenas negativos e não positivos também.
A verdadeira conversão tem dois lados. Um negativo e um positivo. É morte e vida. É morte e ressurreição. Não é apenas abandono de uma vida velha, é um revestir-se de uma nova forma de viver.
Não é apenas deixar de fazer o errado, é fazer o que é certo. Há pecados relacionados a coisas que fazemos; e há pecados relacionados a coisas que deixamos de fazer. A ética cristã é positiva, não tão somente negativa. Temos que morrer para certos desejos pecaminosos, pecados escravizadores, para o mal, mas também a fé cristã nos desafia e o Espírito nos habilita para uma fé positiva. Não é apenas deixar de fazer o mal, mas pratica o bem.
E isto é retratado na vida de Paulo. Ele era perseguidor da igreja e um zeloso fariseu. Então houve a ruptura, ou seja, a morte. Ele deixou de perseguir a igreja. Mas não somente isto, ele abraçou a mensagem do Evangelho. A igreja é vista agora por ele como igreja de Deus. [v.13]. Paulo então passa a amar a igreja de Deus, um novo estilo de vida. O povo que até então era objeto de sua ira e perseguição, agora era por ele edificado [v.23-24]. Ele não só deixou de perseguir os cristãos, mas agora lutava pela edificação da igreja. Abandonou as tradições dos fariseus e abraçou o evangelho.
Então conversão é abraçar um novo estilo de vida. E você querido? Você pode confirmar em sua vida que você renunciou o pecado, mas abraçou uma nova vida? Sua vida revela um novo estilo de viver? Sua vida é bela? A sua vida não é caracterizada apenas pelo mal que você deixou de fazer, mas pelo bem que você faz? Deus nos chama não apenas para não odiar, mas amar o próximo. Isto é uma marca da espiritualidade cristã. Ela nos leva para a prática de atos concretos e positivos do amor, da misericórdia e do serviço!
III. A CONVERSÃO VERDADEIRA DESEMBOCA EM MISSÃO [15, 23]
Toda conversão vem acompanhada pelo Batismo do Espírito [I Co 12:13]. Passamos a participar de um corpo espiritual. E ao estarmos dentro dele, temos então um papel. Portanto missão! Um propósito. Paulo recebeu um chamado. Seu coração foi tomado por um senso de missão, de chamado, de que ele fora criado e redimido para algo, para realizar uma tarefa, uma missão na história algo para glória de Deus.
Assim uma conversão verdadeira não nos deve levar a um estado de passividade, mas deve nos lançar a uma missão, todo o convertido é levado a um senso de realização de algo para a glória de Deus. Uma conversão é traduzida em gestos concretos que contribui para a edificação da igreja e a expansão do Reino de Deus. Passamos a ser artesão da história, cooperadores do reino! Não se pode conceber um crente sem estar preocupado ou contribuinte do reino.
É inimaginável alguém que se diz convertido, mas que não se coloca como participante, servo, contribuinte, dispondo dons e talentos no corpo. Não se pode imaginar alguém que não tenha no coração o senso, o peso, o anseio de ver o corpo e o evangelho sendo espalhado. É inimaginável afirmar-se que se é convertido e não ter preocupação com a salvação com os perdidos, com o bem-estar da comunidade da fé, traduzindo tal preocupação em oração, ação, oferta, serviço! É uma anomalia não por a mão na massa e não se dispor ao serviço!
Então é importante que façamos uma avaliação de nossa conversão a luz deste dado: Você é útil ao corpo? Se você morresse hoje, você deixaria uma enorme lacuna em face de seu serviço e de sua contribuição? Pode-se afirmar que vidas têm sido abençoadas por causa de sua vida? Mesmo que você seja uma pessoa com limitações pessoais, mas mesmo assim você pode no mínimo orar. Deus tem um chamado para sua vida!
Toda conversão desemboca em um coração ardente em ver o evangelho sendo espalhado e se dispor a servir. Não se pode pensar em pessoas que se converteram e simplesmente não se dispõe a nada e não fazem nada e não contribui a nada e muitas vezes são assim pedras de tropeço.
Comece a pensar: Qual é a minha missão? Moisés foi chamado para libertar o povo. Josué foi chamado para conduzir o povo a conquistar Canaã. Paulo foi chamado para anunciar o evangelho aos gentios. Pergunte a Deus: Qual é o meu chamado? Qual é o chamado da minha vida? Um crente verdadeiro tem uma santa vocação, um chamado e se você é crente você procurará saber e procurará cumprir.
IV. A CONVERSÃO VERDADEIRA SE EXPRESSA EM ENVOLVIMENTO COM O CORPO DE CRISTO
Não há conversão verdadeira sem igreja. É verdade que pode alguém se converter sem ter tempo de se envolver com a igreja. Isto é exemplificado na conversão do ladrão na cruz. Ele não foi batizado e nem agregado a uma igreja. No entanto a expressão visível de uma conversão é a pessoa esta envolvida no corpo de Cristo.
Uma ação do Espírito Santo que imprime no coração do crente é um forte desejo e um anseio santo de estar no corpo de Cristo. Tal crente tem em profunda estima e consideração a igreja. Ele passa amar o que Deus ama e sabemos que Deus ama a igreja. Ele então passará a ter interesse povo de Deus. Não se pode conceber um crente sem envolvimento na igreja, sem envolvimento no corpo de Cristo. Um convertido vai querer ouvir a Palavra de Deus, ser nutrido no leite espiritual. Nasce um forte desejo de conhecer a verdade e crescer na verdade. Sua mente e seu coração sente a necessidade de conhecer a Deus.
E isto é visto na vida de Paulo que antes aborrecia e odiava a igreja, perseguindo-a, passou para amá-la. No v.18 vemos o progressivo envolvimento na igreja. Ele amava a igreja. Ela tem defeito, mas é impossível ter um crente saudável afastado da igreja.
Eu nunca vou compreender uma pessoa que não afirma na caber na igreja, se acha santo demais pra igreja. Ora amado se Jesus sendo santo e puro, envolveu-se com o seu povo, andando com ele, tendo comunhão com ele, mesmo sendo eles imperfeitos e pecadores quem é somos nós para desprezar o corpo de Cristo.
Eu tenho uma dívida enorme com a igreja de Deus, pois foi por meio deste povo que recebi o evangelho, foi por causa deste povo que eu fui instruído na doutrina, foi no meio deste povo que achei a minha esposa, é no meio deste povo que encontro encorajamento pra viver, consolo, amor, amizade, carinho, é no meio deste povo que tenho os melhores amigos que encontrei na minha vida. Eu glorifico a Deus por sua igreja!
Por favor, amigo nunca confunda os erros de falsos crentes que infelizmente se adentram dentro das igrejas, enviados não por Deus mais pelo inimigo para produzirem escândalo e fazer tropeçarem a muito. Sabemos que os verdadeiros crentes são passiveis de tropeços, mas muitas vezes são estes que tem recebido a culpa por causa do joio que há dentro do corpo, por causa dos bodes! Pessoas que estão no meio mas não nasceram de novo, não são servas do Deus altíssimo.
Mas dentro das igrejas há servos de Deus, amados, irmãos queridos, irmãos valorosos em que você se deleita em sua companhia, que amam a Palavra, que são tementes, que amam Jesus, que tem um grande testemunho. Um irmão assim é amado, deve ser amado e deve ser servido por mim e por você.
Amigo, portanto não há conversão sem envolvimento no corpo de Cristo. Então você tem envolvimento no corpo de Cristo? Você ama a igreja? Você tem prazer de estar com os irmãos? Você sente a necessidade de se identificar com uma igreja local e de se envolver com ela?
Quem não está relacionado com a igreja não está relacionado com Cristo! Não há cristianismo sem igreja, nossa fé não é apenas uma expressão pessoal ou individual, mas comunitária, relacional. Somos salvos por um Deus relacional e ele trata de restaurar em nossa vida aquilo que o pecado destruiu – nossos relacionamentos! Nós fomos criados a imagem e semelhança de Deus e este Deus é relacional [não somente, mas também]. Por isso uma vida saudável implica em conexão com o próximo. Quando estamos tendo relacionamentos significativos com o nossos irmãos, e é isso que a conversão opera, nos remete a o corpo de Cristo, para nele envolvermos e amamos e servimos! Um verdadeiro crente tem amor pela igreja.
V. A CONVERSÃO VERDADEIRA LEVA OUTROS HOMENS A GLORIFICAR A DEUS PELA VIDA DO CONVERTIDO
A conversão de Paulo tornou-se pública, as pessoas sabiam da vida de Paulo antes de sua conversão e passaram a conhecer sua vida depois da conversão. E ao ver este dois momentos, viram o contraste e diante de tão enorme transformação a reação daquelas pessoas foi da glória a Deus sobre a vida de Paulo.
Elas viram na vida de Paulo extraordinários atributos da pessoa de Deus manifestado nele: o poder, a graça, a misericórdia, o amor, o perdão. Porque Paulo era um perseguidor implacável, odioso da igreja e um fariseus zeloso, apegado as tradições. E então como explicar tamanha transformação? Só o poder do Espirito Santo para operar tamanha transformação no coração de um homem. Preso a um ódio destruidor que o levava a perseguir o povo de Deus. Ele foi alvo da graça e do amor de Deus, pois vivia uma vida detestável e miserável e se Deus não fosse ao seu encontro com grande poder e uma graça sublime ele jamais teria se convertido!
E por quê? Pois não havia nada na vida do apóstolo Paulo que atraísse a Deus, mas Deus decidiu amá-lo. Como disse Agostino, bispo de Hipona: “Deus não encontra o objeto do seu amor, Deus o cria”. Deus decidiu torna-lo objeto do seu amor. E em Paulo se deleitar. E quando as pessoas viram tamanha transformação elas foram levadas a glorificarem a Deus a respeito da vida de Paulo.
Eis aqui amigo o selo da conversão verdadeira: É alguém olhar para sua vida e ver Cristo. É alguém ficar tão encantado com a presença de Deus em sua vida a ponto de dizer: Deus santo, eu o louvo pela vida desta criatura! Senhor eu peço que lhe dê uma vida longa, que a livre do mal, pois esta vida é muito preciosa para mim e para muitos pois tem sido um canal, um veículo de benção, um instrumento do teu poder e do teu amor em minha vida!
Qualquer projeto de espiritualidade que não se manifeste neste tipo de louvor não passa de uma piada. Se sua vida não leva os outros a glorificarem a Deus, antes pelo contrário se sua vida é objeto de infelicidade, dor e tristeza então você não se converteu!
Não se concebe uma vida cristã insossa, sem brilho, sem fulgor, uma vida que para os que a observam não há qualquer diferença entre os que estão dentro da igreja e os que estão fora dela. Onde a única exceção é que aqueles que se diz cristã vai aos cultos no domingo! Se esta for a única diferença em sua vida com respeito a pessoas que estão fora da igreja, então pare e pense se você de fato se converteu! O amigo, pare e pense!
Irmãos nós fomos chamados para sermos uma cidade edificada sobre os montes, somos chamados para serem luz do mundo.
Nós fomos chamados para revelar a beleza de Deus ao mundo de tal forma que os homens glorifiquem a Deus por causa de nossas vidas. Irmão você se diz convertido, mas as pessoas tem dado glória a Deus por sua vida? Quem tem sido abençoado por meio de sua vida? Sua vida tem viabilizado os sonhos de outros? Você pode se considerar pela graça divina um monumento da misericórdia de Deus?
Este é portanto o sinal de uma conversão verdadeira, quando nos transformamos em um sal que dá gosto, uma luz que ilumina vidas em trevas. E assim pessoas são abençoadas por nossa vida e Deus é glorificado por esta. Alguém poderia dizer: Ó Deus, eu glorifico a Ti pela vida....? Ele tem sido para mim uma benção?
O texto que descreve a conversão de Paulo encerra: E glorificavam a Deus a meu respeito. Eu gostaria de que fosse isto o meu epitáfio, que estivesse escrito no meu túmulo: Deus foi glorificado pela vida deste homem! Aqui jaz um homem que viveu para a glória de Deus!
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