terça-feira, 5 de julho de 2011

O EVANGELHO E A VERDADEIRA CONVERSÃO [Parte I]

Gl 1:13-24

Paulo estava a defender dois aspectos centrais em sua carta. Sua autoridade apostólica e o evangelho por ele pregado, visto que os judaizantes, por meio de um pernicioso falso evangelho, estavam se levantado contra estes dois aspectos, para eles Paulo não é apóstolo e sua mensagem é falsa.

Os alvos dos judaizantes era “judaizar” os povos, para eles todo o gentio [romano, grego] deveria primeiramente ser convertido ao judaísmo, a cultura e teologia judaica, a lei. Para um gentio ser salvo era preciso ele se transformar um judeu. Isto era uma terrível ameaça ao evangelho, pois ele anuncia a graça de Deus aos pecadores ao enviar Cristo que por meio de sua morte estabelecesse mediante o arrependimento e a fé uma reconciliação com Deus e a libertação da lei criada por Deus, que nos foi dada não como um modo de salvação, mas como um meio de revelação da necessidade de salvação, visto que ela revela a santidade de Deus e a miséria do pecado. A lei revela nossas rugas morais. Ninguém consegue cumprir a lei. Tais judaizantes perverteram o evangelho ao pregar um evangelho que afirmava que não era só a fé na obra de Cristo, mais que essa fé e lei, ou seja, não era só Cristo, mas Cristo e Moisés. Era uma tentativa de emendar ou costurar de novo o véu que foi rasgado. Tal falso evangelho descaracterizava o verdadeiro evangelho, ameaça os fundamentos do evangelho, ameaçava a graça e a libertação obtida por sangue de Cristo.

Pq P. fala de sua experiência de conversão? Além do mais os tais judaizantes acusava-o de que ele era um libertino, um homem contrário a Moisés, que sua motivações era em busca de agradar a homens. Diante destas acusações Paulo ver necessário a defesa de sua autêntica relação com Deus, da sua sinceridade de propósito. Então aqui ele fala de sua conversão que nos é útil como padrão de uma conversão.

Temos aqui um texto que aborda a conversão de Paulo. E esse relato é por demais importante por se tratar da conversão de um apóstolo servindo de modelo. Esta é então a operação normal realizada pelo Espirito Santo quando o leva a uma experiência de novo nascimento. Útil para analisarmos a natureza de uma verdadeira conversão. Toda conversão possui aspectos peculiares e exclusivos [idade, local, circunstâncias e emoção] ao mesmo tempo que ele possui aspectos comuns a todas as conversões, se caso não esteja presente não se pode afirmar que são verdadeiras conversões. São elementos essenciais que devem acompanhar uma conversão. Essa experiência possui marcas que caracterizam a genuinidade.

A importância deste tema se dá ao fato primeiramente porque a Bíblia nos relata a possibilidade de existir falsas conversões. Pessoas que pensam que são convertidas, mas que verdadeiramente não são. Outra razão é porque há muitas conversões espúrias em nossa terra, muitas pessoas afirmando que são crentes, mas que de fato não passaram por uma verdadeira conversão. E isto é óbvio pela espécie de vida em que vive. Conhece-se a arvore pelos frutos. Então a conversão desemboca em que? Quais os sinais autenticadores de uma conversão?

 Portanto amado irmão e amigo se você deseja averiguar a genuinidade da sua conversão e seu você deseja conhecer a natureza dessa experiência que nos leva a Deus, a conversão de Paulo é um excelente modelo para ser olhado.  Há quatro narrativas da conversão de Paulo. Três escritas nos Atos [At 9, 22, 26]. E esta, sendo que ela aborda aspectos mais pessoais e fundamentais para averiguarmos a luz desta conversão o que é de fato uma conversão.

Paulo fala de sua conversão a fim de enfatizar origem divina e o poder do evangelho que operou nele uma mudança radical em face de sua vida passada.


I. CONVERSÃO VERDADEIRA É UMA RUPTURA COM UMA ANTIGA MANEIRA DE VIVER. [13-14]

Não há conversão verdadeira, sem que haja rupturas profundas em antigas maneiras de se viver.[II Co 5:17]. Isto é um elemento central que autentica, que afere genuinidade a uma conversão. [v.13-14]

Ele menciona dois aspectos que retratam muito bem sua vida antes da conversão: [1] Perseguidor [2] Zeloso. O modo antigo de viver de Paulo o levava tanto a devotar-se a sua religião, como também era manifestado em sua perseguição contra a igreja. Este texto é descritivo da vida de Paulo antes da conversão.

1. Paulo era um perseguidor da igreja

- Ele perseguia sobremaneira a igreja [com violência], de uma forma implacável e selvagem.

- Paulo usa duas expressões: “perseguir” e “devastar”, este último termo era usado no contexto dos circos romano [coliseu] onde os animais despedaçavam suas vítimas sob forte aplauso dos espectadores. O que P. estava dizendo seu fanatismo era irracional.

- “Paulo, respirando ameaças e morte dispõe-se a ir a Damasco (At 9:1)”. A expressão “respirando ameaças e morte” descreve os momentos antes de uma fera atacar sua presa em que ela respira efusivamente, o momento em que ela salta sobre a caça e depois extermina o corpo de sua vítima.

- Paulo era um ferrenho perseguidor, um implacável, o mais severo, usava sua influência, e de uma forma truculenta devastada o povo de Deus. [I Co 15:9].

1 Corinthians 15:9  9 Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus.

Acts 8:3   3 Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.

Ele ia de casa em casa prendendo os cristãos e os arrastava as cadeias. [At 8:3]. Queimar, aprisionar homens e mulheres em suas moradias, acorrentar, encarcerar, inquirir, ameaçar, submeter ao açoitamento na sinagoga, ao qual em alguns casos não se sobrevivia, forçar as pessoas a negar a fé e finalmente seguir os fugitivos até Damasco. Seu alvo era acabar com a igreja.

- Esse é o poder da religiosidade – a religiosidade nos animaliza, nos desumaniza, nos torna brutos, irracionais, desumano. Veja os radicais mulçumanos. P. tornou-se um assassino em nome da religião participando da morte de Estevão, o primeiro mártir da igreja. [At 8].

- Quando Cristo o encontrou na estrada de Damasco, Cristo usa uma expressão “Duro coisa é recalcitrares contra os aguilhões” que é uma espécie de ferrão usado para controlar um animal bravo. Paulo era touro selvagem! Veja Atos 26:10-11.

Acts 26:9-11   9 Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno;  10 e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam.  11 Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia.

“Perseguir a igreja é perseguir Cristo. Perseguir os membros do  Corpo é perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é perseguir o Noivo”

S.T - No pretenso serviço a Deus ele perseguiu a igreja de Deus, Paulo, devotado a Deus e, apesar disso, um atroz rebelde contra a causa sagrada de Deus? A resposta é apresentada pelo versículo seguinte.

2. Paulo era um homem dedicado e zeloso [prodígio] em sua religiosidade [o judaísmo] [v.14]

- As perseguições desmedidas brotam do zelo desmedido pelas tradições paternas (cf. Fp 3.6).

Philippians 3:6   6 quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.

 Paulo era, além de perseguidor implacável, um homem extremamente zeloso e dedicado em sua religião. Era pertencente ao judaísmo tratando-se da religião, mas do que a raça judaica. É o conjunto de tradições, estilo de vida, religiosidade, que não se trata da Palavra de Deus no VT.

 - O VT longe de destoar de Cristo aponta para Ele. O VT tinha como alvo apontar Cristo através de sua profecia, história, leis, tipos. Judaísmo aqui portanto é religiosimo, apego a tradições humanas, conjunto de leis orais [cercas] que suplementava e entulhava a verdadeira lei do VT.

- Porque o judaísmo perseguia o cristianismo? O judaísmo surgiu com uma meta de manter o povo judeu protegido contra a idolatria; pecado este castigado duramente por Deus no AT. Então sugiram dentro do judaísmo uma seita que visava proteger o povo de tamanho pecado e punição. Então eles passaram criar uma série de tradições [cercas] que visavam proteger o povo, preservar a lei. Quando o movimento fariseu viu o cristianismo se surgiu [seita] discerniu como uma ameaça perigosa devido ao seu ensino e principalmente por afirmar que a lei fora cumprida e que as tradições farisaicas não passam de religiosidade inútil. Portanto deveria ser combatida, aniquilada, devastada.

- Jesus tratou e combateu este “entulho” humano, religioso criado pelos fariseus e escribas [Mt 5:21, 15:3,6; 23:2].

- Paulo era o primeiro entre os colegas de sala. Era um prodígio! Dominava bem o conjunto de tradições orais de sua religião o judaísmo.

 - Seu extremo zelo o tornara um homem impar em sua religião. Era um destacado erudito, uma inteligência incomum, uma mente brilhante, um poliglota, dotado de uma cultural invejável. Vemos sua capacidade intelectual ao discutir com epicureus e estoicos em Atenas. [At 17]

- Abraçou o farisaísmo, a vertente mais radical e severa do judaísmo. Foi educado aos pés de Gamaliel, absorvendo desde pequeno as tradições orais de sua religião [At 22:3]. Conhecia a lei escritas e as tradições orais que consistia em mais de 300 leis. Era um judeu zeloso e profundamente sincero, um fariseu de puro-sangue. Ele era um judeu praticante. [At 26:5]. Um fanático entusiasmado.

- E o que Paulo estava querendo dizer com esta descrição de sua vinda anterior a conversão? Ele afirma que ela foi algo surpreendentemente maravilhoso! Paulo estava totalmente possuído por esse ideal. Ele correspondia à sua mais profunda percepção de fé e, naquela época, e ele via isto como “lucro”. Naquele tempo, tornar-se cristão parecia-lhe nada mais que um passo para a condenação. Mas foi isto que ocorreu com Paulo. E ao tratar desta conversão ele aponta um aspecto claro, fundamental, que ocorreu com ele, e que deve ocorrer com todas as pessoas que são objetos da salvação: A ruptura de um estilo de vida passada, de uma maneira de viver, de tradições e zelos sem entendimento!

Aplicações:

1. Religiosidade não confere a um homem vida verdadeira. Antes a religiosidade pode nos brutalizar-nos, nos desumaninzar, não em nos transformas, mas em nos transtornar!

2. Zelo e sinceridade são aspectos importantes, contrata-se com desprezo, indiferença e hipocrisia. Mas zelo e sinceridade devem ser fundamentados no entendimento, na verdade da Palavra. O que importa é que sejamos sinceros no que fazemos? Não! Você pode estar sinceramente errado! Amigo sinceridade não basta! “Não importa em que você creia, desde que seja sincero”. Isto, provavelmente, parte do pressuposto de que todas as religiões são boas – desde que seguidas com sinceridade – e todas têm como destino o Céu. Mas a coisa não é bem assim!

Ils. Numa determinada cidadezinha do interior, um médico receitou sulfato de bário para um paciente. Ao aviar a receita, o farmacêutico, por engano, trocou-o por sulfito de bário. A diferença entre os dois nomes é de apenas uma letra. O primeiro é utilizado para fins medicinais, e o segundo é um veneno mortal. O pobre paciente tomou o remédio trocado – e morreu. Evidentemente o farmacêutico usou de sinceridade ao aviar a receita, pensando ter dado o remédio certo. Mas em casos de vida ou morte, não é suficiente apenas ser sincero. É preciso ter certeza!

3. Toda conversão implica em ruptura. Conversa implica em ruptura com antigas tradições. Há tradições que podem até ser preservadas, mas há outras que devem ser descartadas por serem completamente contrárias a vida cristã.

4. Conversão redireciona nosso zelo. Todo zelo, toda dedicação que ele tinha antes, fora direcionado agora para a fé cristã. Ao afirmar que conversão é ruptura não estou afirmando que ela é aniquilamento de personalidade ou mesmo de um jogar fora o legado que estava sendo usado erradamente. Há uma ruptura, mas uma continuidade. Conversão não é destruição da personalidade ou mesmo do temperamento. Vemos seu zelo, dedicação, sua inteligência, sua personalidade incomum, seu temperamento forte, sua liderança e suas qualidades que ele possuía antes da conversão, tudo isto foi redirecionado para o evangelho.

Esse é um ponto importante na conversão verdadeira algumas características do pecador são preservadas, ou mesmo são aperfeiçoadas, energizadas, renovadas, embelezadas, pois nem tudo aquilo que se relaciona a vida passada deve ser lançada fora após a conversão. Continuamos tendo a mesma capacidade intelectual.

Algumas pessoas entram para fé cristã pensando que devem fazer uma violência contra sua personalidade, quanto ao seu temperamento – há pessoas que são enérgicas, sanguíneas, há pessoas que são mas tranquilas, serenas. E devem continuar assim, obviamente o seu temperamento purificado pela graça. Como também o mais sereno, mas tranquilas. Há pessoas mais reflexivas, contemplativas, e há pessoas mais ativas, práticas, voltadas a ação. É claro que deve haver uma ação do Espirito para purificar o nosso temperamento, mas não um aniquilamento da personalidade. Conversão não visa formar soldadinhos de chumbos.

Tome cuidado com qualquer tipo de ensinamento ou igreja que formatiza os membros, que tem como objetivo produzir pessoas idênticas, pessoas iguais, uniformizadas! Pessoas que oram de mesma forma, que se vestem da mesma forma, votam no mesmo partido político. É da vontade de Deus que haja colorido na igreja. Deus ama a diversidade. É da vontade de Deus que cada um de nós na singularidade da nossa vida revele ao mundo aquela beleza que só nós haveremos de revelar, aquela beleza do caráter de Cristo, do amor e de sua graça, que deve se manifesta pela singularidade de sua vida.

Então conversão implica em rupturas do pecado, da velha vida, de tradições contrárias, envolve transformação. Mas conversão não implica que você vai deixar de ser você, você deixa de ser um homem que vive em função do pecado, do eu, você deixará de ser “mesquinho”. Você vai deixar de ser como rei, você vai entregar seu cetro e coroa a Deus, e vai receber uma toalha de um servo, cingir-se com ela e lavar os pés dos outros. Você vai viver uma vida marcada por humildade. Mas lembre-se: Conversão não é despersonalização! Deus quer tomar suas características belas que você possui preservá-las, embelezá-las e usá-las para Sua glória!

Isto é conversão, rupturas com uma vida velha [II Co 5:17]. Meu amigo não se deixe ficar preso a um estilo de vida antigo seja ele moral ou religioso que o impeça de você viver a verdadeira vida em Cristo. Reveja suas tradições, reveja sua religiosidade, reveja seus valores, reveja seu estilo de vida e se eles não se alinham ao evangelho, largue-os! Rompa com eles! E fique só com Cristo, apenas com Cristo, apenas com Cristo! Tenha coragem de ser livre, de ser diferente. Ter coragem de submeter a autoridade de Cristo, isto é conversão!

Nenhum comentário:

Postar um comentário