quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Escola Teológica Charles Spurgeon
Análise de Romanos II
Prof. Luiz Correia 

Romanos 10

- Rm 9-11 o tema central é a incredulidade de Israel: Rm 9, trata da eleição soberana de Deus, Rm 10 enfatiza os fatores humanos, a necessidade de uma compreensão do evangelho [5-13], da proclamação do evangelho [14-15] e de uma resposta de fé [16-21].

Tópico 1: Como Israel caiu na incredulidade? [Slide 1]

A desobediência de Israel está incluída nos planos de Deus (9.25-29).
Israel buscou a lei da justiça, mas não através da fé (9.30-33).
Israel tem zelo por Deus, mas de modo deturpado (10.1-3).
Israel rejeitou a Cristo, o fim da lei (10.4).
Israel rejeitou obstinadamente a Deus que estendeu perseverante sua misericórdia ao povo escolhido (10.5-21).

Tópico 2: O Zelo Ignorante de Israel [1-4] [Slide 2]

- Note a afeição do apóstolo pelo seu povo. Em Rm 9 falou de ser amaldiçoado por eles [9:3], aqui ele ora pelos judeus.
- Ele sabe do zelo e entende, pois já foi um deles. [Gl 1 Fp 3]. Mas um zelo ignorante [Pv 19:2]. Sinceridade não basta. Zelo sem entendimento é fanatismo. Note o aspecto intelectual do cristianismo.
- Existem duas opções de justificação: estabelecer nossa justiça através de nossas obras e obedecendo perfeitamente a lei de Deus, uma opção tola [Is 64:6]. A outra é submeter-nos à justiça de Deus, aceitando-a como dádiva de graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo [5-6]. A primeira a justiça da lei a segunda da fé.

Tópico 2: O Fim da Lei [Slide 3]

A passagem é importante para entender a relação entre Cristo e a lei na teologia paulina.
A palavra fim pode ser entendida em dois sentidos:
Alvo – Cristo é o propósito da lei, ela apontava a Cristo e que Ele a cumpriu.
Término – Com Cristo o papel da lei foi concluído, Cristo aboliu a lei.

Cristo o “alvo” da lei

A posição mais harmônica parece ser a de que Cristo é o objetivo da lei, isto é, Cristo é o alvo, sem o qual a lei não poderia ser entendida, visto que Cristo dá substância e significado à lei.
Cristo como término da lei não combina com passagens que destacam o valor da lei para os cristãos do novo testamento (3.31; 7.12; 13.8-10).
Além disso, a posição de que Cristo cumpre a lei diz respeito a algo que Cristo fez. O contexto da passagem está se referindo ao que a lei tem realizado.

Cristo o “término” da lei [John Stott]

A abolição da lei não nutre o antinomismo que afirma que podem pecar a vontade porque estão sob a graça [6:1,15] ou os que defendem que a única lei que ficou foi o “amor”
Paulo se referia o fim da lei como forma de sermos justificado com Deus por ela.
A razão pela qual Cristo aboliu a lei é para que haja justiça para todo o que crê

Tópico 3: Formas Alternativas de Justiça [Slide 4] [5-13]

- Paulo faz um contraste entre a justiça que vem da lei [5] com a justiça que vem pela fé [6]
- A que vem pela lei é inatingível [Gl 3:12], a fragilidade da lei é a nossa própria fragilidade.
- A justiça que vem pela fé, ela coloca Cristo, não algo inatingível, mas está a nossa disposição imediata. [v.8-9]. Não precisamos subir ao céu ou descer a profundezas atrás de Cristo [6-7]. Ele veio, morreu e ressuscitou, temos pleno acesso a Ele através da fé que requer uma resposta: fé interior e confissão pública do Senhorio de Cristo.

Tópicos 4 - Rm 10:14-21

1. A Necessidade de Evangelizar [14-15] – Note a lógica arrasadora através de perguntas.
2. A Razão da Incredulidade de Israel [16-21]

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Escola Teológica Charles Spurgeon
Análise de Romanos II
Prof. Luiz Correia 
Apontamentos da Aula

Romanos 9

Considerações Introdutórias de Romanos 9 [Slides]

- É um novo tópico [9-11], que tem em comum uma declaração pessoal de Paulo com respeito a Israel, seu povo.

- Ver Slides iniciais

Um Resumo de Rm 9:

A incredulidade dos judeus causa-lhe tristeza e angústia [1-3]. Ele não consegue entender como o seu povo, tendo tantos privilégios [8 ao todo] foi capaz de rejeitar o seu próprio Messias [4-5]. Como explicar tal apostasia da parte deles?  Veja a sequência que oferece a resposta de Paulo:

1. Será que a Palavra falhou?[v.6]

Não, Deus cumpriu sua promessa – só que ela foi dada, não a Israel como um todo, mas ao verdadeiro Israel espiritual.[6b, 11-12]

2. Deus é injusto ao exercer com soberania suas escolhas [14]?

De modo nenhum! A Moisés ele ressaltou sua misericórdia [15] e a Faraó seu poder de julgá-lo [17]. Mas nenhum dos dois é um gesto de injustiça – nem ter misericórdia de quem não merece [Moisés], nem endurecer o coração de quem se mostra endurecido [Faraó, v.18]. Misericórdia e juízo são compatíveis com a justiça.

3. Então, por que Deus ainda nos culpa [19]?

a. Deus, na qualidade de oleiro, tem o direito de modelar a massa como quiser, e nós não temos o mínimo direito de questioná-lo [20-21]
b. Cabe a Deus revelar-se assim como ele é, tornando conhecida a sua ira e a sua glória [22-23]
c. Deus anunciou de antemão, através da Escritura, tanto a inclusão dos gentios como a exclusão de Israel, com exceção de um “remanescente” [24-29]

4. Que diremos, então, em conclusão a isto [v.30]?

A salvação dos gentios é atribuída a misericórdia de Deus [imerecida], a rejeição de Israel [a condenação] deve-se à sua própria rebeldia [merecida]

Tópico 1: A Incredulidade de Israel [1-3] [Slide]

- Seu testemunho é sincero e persuasivo e fundamentado em uma tríplice afirmação: [1] Digo a verdade... Plena consciência do seu relacionamento com Cristo [2] Não minto – Não estar exagerando [3] Minha consciência

- Sua consciência é falível e culturalmente condicionada, portanto apenas quando o Espírito renova e controla, ilumina a mente pode ser confiável, ela permanece imperfeita e deve avaliada a luz da Palavra de Deus.

- E qual é a verdade que ele tão sinceramente afirma? Seu amor para com Israel, que rejeitou a Cristo. E essa rejeição traz ao coração de Paulo tristeza e angústia [2]. São seus irmãos [raça – irmãos nordestinos]. Afirma que desejaria ser amaldiçoado... [3]

Questão: Paulo está falando literalmente ou ilustrativamente?

Ilustrativamente [hipérbole?] pois afirmara Rm 8:35-38. Lembra Moisés [Ex 32:32].

“Uma fagulha do fogo do amor substitutivo de Cristo” [Denney], pois Paulo afirma que estaria disposto a morrer no lugar deles  [Se possível você faria por alguém?]

Tópico 2: Os Privilégios de Israel [Slide]

- Sua angustia deriva em função dos privilégios que o seu povo possuía. Uma lista de 8.

a. Adoção [Ex 4:22, Os 11:1] – Eles eram os filhos de Deus
b. Glória  [o visível esplendor divino no tabernáculo, no templo e nos santos dos santos Ex 29:42, I Rs 8:10, I Sm 6:2]
c. Alianças [Deus com Abraão, renovadas com Isaque, Jacó, Moisés, Davi, Ex 24:8, II Sm 23:5]
d. A Lei [a única revelação da vontade escrita Dt 4:7]
e. Culto
f. Promessa [Messiânica – o centro do VT – tríplice ofício de Cristo]
g. Patriarcas [Abraão..., uma galeria de heróis e gingantes de causar orgulho a uma nação]
h. Cristo – [as palavras do v.5 refere-se a quem?  [a] a Cristo [b] Ao Pai [c] Em parte para Cristo e para o Pai.]

Tópico 3: 1ª. Pergunta: A Promessa de Deus Falhou? [6-13]

- A primeira vista parece que sim, mas se houve algum fracasso foi devido a incredulidade deles, não da Palavra. Houve sempre 2 “Israel”[ étnico/espiritual – ver Gl 3]. A promessa destinava-se aos “espirituais”.
- Para provar ele argumenta:

[1] Somente os filhos da promessa são filhos de Abraão [v.7-8], estes são a verdadeira descendência de Abraão, não são todos os filhos naturais de Abraão [3 ramos].
[2] Isaque e seus dois filhos, Esaú e Jacó. Deus escolheu Isaque, não Ismael, escolheu Jacó, não Esaú. E aqui vem em relevo a soberania de Deus, Isaque e Ismael eram filhos de mães diferentes, mas Jacó e Esaú da mesma mãe, Rebeca. [v.10,11].

A escolha de Deus de Isaque, não Ismael, de Jacó e não de Esaú não se origina neles, nem em nada do que eles tenham feito, mas na mente e na vontade de Deus [veja-se 12,13]. O que significa “odiar”? Ver Lc 14:26 e Mt 10:37. Deus colocou Jacó acima de Esaú. Não se pode esquecer a responsabilidade de Esaú em suas escolhas. Soberania Divina e Responsabilidade Humana andam juntas. [Duas retas paralelas que se encontram no infinito].

Em suma: A promessa não falhou apenas se cumpriu no Israel [espiritual] dentro do Israel físico.

Tópico 4: 2ª. Pergunta: Deus é injusto? [14-18]

- Se a promessa não falhou, se cumpriu em Abraão, Isaque, Jacó e na linhagem espiritual, conforme a soberana eleição, Deus não seria injusto? Escolher uns para a salvação e deixar outros de lado parece uma injustiça.

- Sua resposta: Não! [v.14] E explica v.15-16. A base da salvação não é a justiça, mas a misericórdia. Então ele cita as palavras a Faraó [v.17].

Slides [Deus é a causa do endurecimento de Faraó?]

 “Notemos primeiramente que nem aqui nem em qualquer outro lugar Deus disse endurecer alguém que primeiro não tenha endurecido a si mesmo" ... [Leon Morris]

Faraó endureceu seu coração diante de Deus, recusando-se a se humilhar. Deus endureceu em um ato de juízo, Deus o abandonou entregando à sua própria depravação [Rm 1:24,26,28]

Em suma: Deus não é injusto, pois os homens são pecadores aos olhos de Deus  e culpados [Rm 3:9] ninguém merece ser salvo. Se Deus endurece alguns, isto é seu juízo pelo pecado, se compadece de outros não está sendo injusto, age por misericórdia [Vídeo do John Piper]

A surpresa não é porque alguns vão é porque alguns perecerão, mas porque alguns serão salvos, pois ninguém merece nada da parte de Deus. Se alguém se perder a culpa é sua, se alguém for salvo, o crédito é de Deus. Quem não gosta de tensão [paradoxo] desista da Bíblia: [1] Bíblia, divina e humana [2] Cristo, divino e humano. [Princípio da Hermenêutica: “Se duas coisas parecerem contraditórias”...].

Tópico 5: 3ª. Pergunta: Por que Deus ainda nos culpa? [19-29]

Se a salvação depende dele e se nós não podemos resistir sua vontade, então por que Deus nos culpa? É justo que Deus cobre de nós, se ele é quem decide as coisas? Eis a resposta de Paulo:

a. Deus tem o direito sobre nós como o oleiro tem sobre o barro [19-21]

- Considere quem nós somos: Somos homens [v.20ª], se existe uma distância ontológica e moral entre Deus e o homem, não faz sentido questioná-lo [Is 29:16, 45:9] Paulo condena a postura arrogante do questionador, não aqueles que humildemente sente dificuldade em compreender. O alvo aqui é a rebeldia, os que levantam os punhos contra Deus. Quando diante de Deus devemos tirar as sandálias, jogar nossa cabeça nos chão, por a mão na boca [Jó 40:4, 42:3,6 – Deus não deveu satisfação a Jó. [Veja a frase de Hodge na pg. 328]

b. Deus se revela como Ele é [22-23]

A liberdade de Deus em compadecer de uns e endurecer outros é compatível com a sua justiça. Todos os seus atos estão em plena harmonia com sua natureza [Tu és bom e fazes o bem Sl 119:68]. Deus age em perfeito acordo com sua ira e sua misericórdia, não se pode questionar.

Deus suportou com paciência – Deus retardou um juízo, sua ira se acumula. [A parousia]
Preparados – significa prontos e maduros para isso, sem indicar, contudo, o agente responsável por tal preparação.

c. Deus previu estas coisas na Escritura [24-29]

Entre os vasos de honra preparados por ele [23], está ele [Paulo] e os leitoras [romanos], ou seja os gentios [25-26], algo previsto no AT. [Oséias e Isaías]

Oséias – diz respeito a esperança de Deus amar aqueles que ele havia declarado não amar e tê-los como seu povo aqueles que ele havia dito não serem seu povo, referindo-se aos gentios.
Isaías – diz respeito a exclusão de Israel [menos o remanescente fiel]

Tópico 6: 4ª. Pergunta: Que diremos pois?

Os gentios tiveram o que não buscavam, e os judeus não tiveram o que buscavam. Estes não obtiveram porque o meio que escolheram para obter era impossível. Os gentios obtiveram pela fé, outros queriam pelas obras. O fracasso de Israel [aqui não é a eleição], foi sua insensatez [v.30], eles não creem no Cristo crucificado!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Escola Teológica Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Plano de Aula

Romanos 8

- Capítulo do Espírito Santo [19x entre 1-27]. O contraste apresentado é entre a fragilidade da lei e o poder do Espírito. O pecado que habita em nós torna a lei incapaz de nos ajudar em nossa luta, a resposta é o Poder do Espírito Santo. [8:2] Ele é também a garantia da nossa ressurreição e glorificação [v.11,17,23]. A vida cristã consiste em uma vida no Espírito [animada, sustentada, orientada e enriquecida]. Sem o Espírito Santo a vida cristã é impossível.

- Este tema está vinculado com outros, especialmente a da segurança do cristão. O Espírito é a marca dos que são de Cristo. E o testemunho dEle é que nos garante que somos filhos de Deus. [15-17]

1. A Habitação do Espírito – A base da Santificação

a. A Libertação do Espírito [1-4]

- “Portanto” [v.1] Conclusivo da seção do capítulo 5, sobre a salvação por meio da morte e ressurreição de Cristo.
- O texto abre com uma benção que é a justificação [v.1] [ver Rm 5:1]. Nosso pecado foi satisfeito em Cristo. Nossa justificação está assegurada [v.33,34].
- Fomos libertados, logo não há condenação. [v.2]. De que? da lei do pecado e da morte. Refere-se a lei de Deus [Rm 7], lei que revela, provoca e condena o pecado [7:7-9] e produz a morte [7:13]. Logo, não estamos mais debaixo dela, não dependemos dela para nossa justificação e santificação.
- E como fomos libertos? Pela lei do Espírito de Vida ou o evangelho [Rm 1:16]
- A lei não podia nem justificar e nem santificar, pois estava enfraquecida [3-4]. Ela era impotente por causa da carne. Então Deus o fez. Como? Para nossa justificação enviou Seu Filho [v.3] para nossa santificação enviou o Espírito Santo para habitar em nós que nos capacita a cumprir a lei [v.4]
- A trindade na salvação – O pai envia o Filho e Espírito – O Filho morre – e Espirito é enviado pelo Pai e Pelo Filho para em nós habitar. Quem é o salvador? O Pai, O Filho e o Espírito [I Pe 1:2]

b. A mente do Espírito [5-8]

- A obediência à lei só é possível para aqueles que andam no Espírito e não na carne.
- Carne aqui se refere a nossa natureza humana caída e egocêntrica. Espírito refere-se ao Espírito Santo. [Gl 5:16ss]. Os que se inclinam para a carne e os que se inclinam para o Espírito. É a sua natureza que determinam a sua inclinação.
- Essa inclinação tem consequências eternas [v.6]. Os que são dominados pela carne já são voltados para a morte espiritual e leva para a morte eterna; os do Espirito geram vida e paz. São vivos para Deus [Sl 42:1, 63:1] e paz [Rm 5:1]. A busca da santidade, de andar no Espírito é o caminho da vida e paz.

c. Habitados pelo Espírito [9-11]

- O que identifica o verdadeiro cristão se ele é ou não habitado pelo Espírito, os filhos de Adão são habitados pelo pecado, mas os filhos de Deus são habitados pelo Espírito, que vai combater e subjugar o pecado. Todo o cristão verdadeiro é habitado pelo Espírito [Concepção falaciosa do Batismo no Espírito Santo como segunda benção] [I Co 6:19] A benção do Espírito santo é a benção de caráter inicial e universal [Gl 3:2] recebida mediante o arrependimento e fé provinda da pregação do Evangelho.
- A manifestação deste Espírito pós-conversão é flutuante e variável [cheio, entristecer, apagar], mas nunca é retirada ou perdida.
- Quais as consequências de ser habitado pelo Espírito? [10-11]:

[1] Vida, em contraste com a nossa mortalidade herdada pelo nosso pai Adão, e Vida por causa de Cristo. Sendo que o destino final é a ressurreição [v.11], eles ainda não foram redimidos, mas serão. Por que tal certeza?  Porque o Espírito habita em nós!
[2] Dívida é a segunda consequência da habitação do Espírito [v.12]. Paulo falou da dívida de compartilhar o evangelho a outros [Rm 1:14] aqui refere-se a uma vida justa, devemos viver de acordo com os desejos do Espírito Santo.

2. Adoção – Testificada pelo Espírito [12-17]

Todos são filhos de Deus?

A nossa filiação com Deus é grande motivo para nossa obediência a Ele.[12-14]
A nossa filiação também nos faz obedecer à vontade de Deus num relacionamento mais estreito e pessoal do que a de um servo ou de um devoto. [15]. Ele substitui o medo pela liberdade em nosso relacionamento com Deus.
O relacionamento de filiação se desenvolve pelo testemunho do Espírito. [16]
A nossa glorificação se torna possível por causa da nossa filiação.[17]

3. Glorificação – [18-25]

Paulo passa do ministério do Espírito Santo no presente, para a glória futura dos filhos de Deus. Sofrimento e glória domina a seção. Tanto da criação como dos filhos de Deus.

a. Sofrimento e glória são companheiras inseparáveis. Vista em Cristo e na vida do seu povo [v.17]
b. Sofrimento e glória caracterizam as duas eras, a presente e a futura [v.18]
c. Sofrimento e glória são incomparáveis [II Co 4:7] As glórias eternas há de sobrepujar em muito o incomodo de nossos sofrimentos.
d. Sofrimento e glória tem a ver tanto com a criação de Deus como com os filhos de Deus [20-25]. A criação que compartilhou da maldição há de ser redimida [os pássaros cantam em tom de tristeza]. Expectativa significa cabeça erguida esperando algo atenciosamente [Fp 1:16], na ponta dos pés e com pescoço esticado inclinado para frente para poder ver. Ao ver a revelação dos filhos de Deus a criação será redimida.

4. Oração [26-27]

O Espírito nos capacita a orar de modo conveniente.

O Espírito não só nos sustenta na nossa esperança cristã como nos ajuda na nossa fraqueza. Ele opera quando oramos. Cristo é nosso intercessor [nas cortes celestiais] e o Espírito nos corações.
Gemidos inexprimíveis [grandes gemidos que as palavras não podem explicar, sem palavras. E por que não sabemos orar? Oro por libertação do sofrimento ou por forças para suportá-lo? O Espirito é o tradutor de nossos anseios.
A comunicação entre Deus e o Espírito pode não ser expressa em palavras.
O Espírito intercede por nós segundo a vontade de Deus.

5. O Propósito e o Processo da Experiência Cristã

Cinco convicções inabaláveis [28]

1. Deus age em nossas vidas
2. Deus age para o bem do Seu povo; [o que é o bem?]
3. Deus age para o nosso bem em todas as coisas
4. Deus age para o bem daqueles que amam o amam.
5. Os que amam a Deus são aqueles que foram chamados segundo o seu propósito
O amor que sentem por Deus é um sinal de que foram amados primeiros  [I Jo 4:19]
Deus tem um propósito salvífico e age de acordo com esse propósito. A vida não é uma confusão desenfreada que as vezes parece. As vezes não aceitamos as ações de Deus. José diria amém! Pois foi essa sua convicção e teologia [Gn 50:20]

Cinco afirmações Incontestáveis [29-30]

1. Deus de antemão conheceu

Não é que Deus previu quem iria crer. Não é isto, pois Deus conhece todos de antemão, não só os eleitos, segundo se Deus predestina as pessoas porque haveriam de crer, então a salvação depende dos seus próprios méritos e não da misericórdia divina. Conhecer implica em relacionamento pessoal, cuidado e afeição [nunca vos conheci, Sl 1:6], ou seja, conhecer a amor soberano. [Dt 7:7] A fonte de eleição e predestinação divina é o amor divino, soberano e gracioso.

2. Deus predestinou

Deus nos escolhe soberanamente, não negamos nossa “decisão”, mas esta é uma resposta. É um grande e poderoso ensino da Palavra. [At 13:48, Jo 6:56, 5:40. Elas não vão a Jesus porque não podem e não querem.
Essa doutrina gera humildade, segurança e gratidão! Ele gera convicção ao pregador [At 18:9-10]

3. Deus chamou

O chamado é a aplicação histórica do chamado. É irresistível. Este chamado vem pelo evangelho.  É a convicção divina que levanta os mortos.

4. Deus justificou

5. Deus glorificou

Faltou santificação, está implícito [Rm 8:29, semelhantes a Jesus]. E justificou está no passado [aoristo] [certeza e convicção plena]

Cinco Perguntas Sem Respostas:

1.      “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (v. 31).
2.      “Aquele que não poupou Seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com Ele, e de graça, todas as coisas?” (v. 32).
3.       “Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica” (v. 33).
4.      “Quem os condenará? Foi Cristo Jesus quem morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós” (v. 34).
5.      “Quem nos separará do amor de Cristo?” (v. 35).


Escola Teológica Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Plano de Aula

Romanos 7

Introdução ao Capitulo 7

- Vimos que a Lei não foi nos dada para nos salvar, pelo contrário ele nos conscientiza do pecado e condena o pecador [Rm 3:19-20].
- Uma afirmação chocante para a mente judaica: “Não estais debaixo da lei...” [Rm 6:14]. Esta afirmação requer Romanos 7, como resposta pois afirma [v.4,6]. Como ousa Paulo descarta a lei? [ver Sl 19,119]. Isto não promove o pecado? Como pode afirmar a liberdade da lei? [Antinomismo].
- Tal visão incorreta da lei, ainda subsiste nos dias atuais. Para alguns a lei foi abolida e que o único valor é o amor, alguns advogam a completa anulação da lei moral, Rm 7 é relevante para esta questão.
- Então o que vem a ser “não estais debaixo da lei?”
[1] Em Rm 6:14, há uma frase esclarecedora “mas debaixo da graça” – referindo-se a forma de justificação, que não se dá mediante a obediência a lei, mas é por pura graça.
[2] Em Gl 5:18, a antítese é entre a lei e o Espírito referindo-se a santificação, que não se dá pelo esforço para guardar a lei, mas pelo poder do Espírito.

Logo nem a justificação ou a santificação decorre da lei, pois a justificação é pela graça e a santificação pelo Espírito.

- Neste sentido fomos libertos da lei, mas isto não significa um divórcio completo, no sentido que ela não tem nenhum valor ou que não temos nenhuma responsabilidade para com ela. Ela contínua sendo uma revelação da vontade de Deus.

- Há três possíveis atitudes para com a lei:

[1] Legalismo [os que acham que seu relacionamento com Deus depende de obediência a lei, o problema dos judaizantes da Galácia, há grupos denominacionais que ilustram tal atitude ]

[2] Libertinos [os antinomianos, outro extremo, estes  rejeitam completamente a lei, declarando-se livres de qualquer responsabilidade para com a lei, confundem liberdade com libertinagem [Jd 4]]

[3] Livres para cumprir a lei [ é o equilíbrio, estes se alegram diante da libertação da lei, para a justificação e santificação, como na sua libertação para cumpri-la. Deleitam-se na lei por ser a revelação da vontade de Deus, mas reconhece que o poder para cumprir a lei não vem dela, mas do Espírito.

Em resumo, os  legalistas temem a lei e estão sujeitos a ela, os libertinos detestam a lei e repudiam, e os “livres para cumprir a lei” amam a lei e a cumprem. [Ils. O rapaz que foi ao médico e o divulgou sua capacidade]

Livres da Lei: Uma Metáfora do Casamento [1-6]

- Tema dominante: a libertação da lei [2,3,6]
- A autoridade da lei é limitada a duração da vida, o que invalida é a morte. A lei é válida para quem vive, a morte anula a lei.
- Para ilustrar ele usa o casamento. A morte muda às obrigações do que morreu e do que vive. A lei prende ao marido, a morte a liberta.  Ela deixa de ser esposa. O adultério vem quando se casa com o marido ainda vivo. Somente a morte libera para um segundo casamento.
- A aplicação: a lei reivindica senhorio sobre nós enquanto vivermos, estávamos casados com a lei, sujeitos a ela, mas a morte dá fim ao contrato e permite casar de novo. [v.4]. Pela união com Cristo  morremos [Rm 6]. Morrer para o pecado é assumir sua pena, que é a morte. A lei é que a prescreveu essa pena. Morremos para pertencer a Cristo [v.4] e frutificarmos [v.4] [filhos? – para  Martyn Lloyd Jones “santidade, fruto do Espírito”] A lei era impotente para fazer isto. Agora estamos casados com Aquele que tem força para fazer isto.

Questão? A lei tem poder sobre o cristão e ainda devemos obedecê-la?

Resposta: Sim e Não. Sim no sentido de que a liberdade cristã significa livres para servir e não para pecar. [v.6- escravos de Deus e da justiça] Não, pois as motivações e os meios mudaram. Servimos não porque nosso senhor é a lei, mas porque nosso marido é Cristo e nós queremos servir a ele. Não para nossa salvação, mas porque a salvação produz obediência.

Uma Defesa da Lei

- É a lei pecado? [v.1, 13] É a lei responsável pelo pecado e pela morte, uma influência terrível que deveria ser de toda rechaçada?  Paulo está ensinando o antinomismo? Não [7,13]
- A lei não gera o pecado, antes quem é culpado é nossa natureza pecaminosa [ils. Caroço de feijão no nariz]
- A lei é santa, justa, boa e espiritual, mas ela é incapaz de salvar os pecadores, e sua impotência gera conflitos íntimos.

A Fragilidade da Lei – ela não pode justificar e nem santificar.

A Identidade do “eu” [7-13]

Quem é o “eu”? Para os intérpretes, a pergunta é: de quem Paulo está falando?

1. Paulo no judaísmo [De si mesmo e de suas experiências no judaísmo]

a. A sua infância, antes de completar 13 anos, tornava-se responsável perante a lei por meio de uma cerimônia, essa emancipação gerava conflito [como um adolescente].
É difícil, pois um menino dizer que viveu sem lei, desde menino a ele [judeu] era inculcada a lei.[Dt 6:5ss]
b. Sua vida antes da conversão [fariseu]. Neste caso ele se via “irrepreensível” só que ele se deu conta que era pecador [10 mandamento fez isto], e ele se agonizou diante disto.
Não há evidências de alguma crise de Paulo antes da conversão.

2. De Adão como exemplo dos seres humanos.

Baseado no v. 9, onde Adão vivia na inocência, depois o mandamento, v.8 a serpente só atacou depois da ordem. O pecado lhe enganou [v.11] e sua desobediência gerou a morte [v.9,11].
Mas creio que é forçar a “barrar”, pois ele não faz alusão clara a Adão e Eva como em Rm 5.

3. De Israel e seu conhecimento da lei, mas fracassando em obedecê-la?

A lei é a lei mosaica [Tora], a vinda do mandamento é a doação no Sinai [v.9, os 10 mandamentos]

4. De todos os cristãos?

Descreve-se um crente regenerado e até maduro. Pensamento de Agostinho que influenciou os Reformadores.

a. esse “eu” se diz não espiritual [v.14,18] só um crente é capaz de confessar tristeza e descontentamento
b. Ele chama lei de santa, justa e boa [12,14,22]. Ele ama a lei, deleita-se nela. Fala de um regenerado.
c. “Miserável homem” [v.24] expressa muito mais desejo do que desespero. Esse é o conflito de Gl 5:16,17 [Calvino]. É a tensão do “já” e do “não ainda” [I Jo 3:1-2]

Este texto caracteriza, portanto a luta interior que todo o crente verdadeiro vive, conflito só existente na vida daqueles que tem o Espirito Santo e cuja mente foi renovada pelo Evangelho.

Mas há quem critique tal posição afirmando que é algo sem sentido afirmar que um convertido não pode fazer o que é bom [15-19]? Como pode um crente se dizer escravizado ao pecado? [14,23-25]

5. Uma pessoa em processo de conversão

Estão sendo levada a convicção do pecado, sentindo-se absolutamente condenadas, lutando para cumprir a lei pelas suas próprias forças, mas ainda não compreenderam o evangelho, seu estado é de “nem inconversas nem convertidas” estão experimentando a convicção, mas não conversão [Martyn Lloyd-Jones]

6. Um crente do AT

a. Um não convertido é inimigo da lei de Deus [8:7], este ama a lei de Deus [Sl 1:1, 19:8 119:47,97]
b. É convertido mas não é saudável e maduro [v.14,23 ele declara ser escravo e prisioneiro do pecado]
c. Ele não tem compreensão do experiência ou da pessoa do Espírito Santo. Que aqui está em silêncio [v.6]. Como a era cristã é a era do Espirito deveria ser mencionado muito mais. Rm 7 só fala da lei, é Rm 8 que falará do Espírito.

Em suma: Ela ama a lei [convertido], é escravo do pecado [não é um cristão liberto] e nada sabe sobre o Espírito Santo [não é um crente do NT] Então quem é? É um crente do VT, um israelita crente [discípulos antes do pentecoste] até judeus contemporâneo de Paulo. Eles amavam a lei, mas não tinham o Espírito Santo [Sl 51], era nascido pelo Espírito, mas não habitados, por isso não conseguiam guardar a lei que tanto amavam. No VT Espírito descia para tarefas especiais mas não habitava continuamente [Ez 36, Jo 14:27].

O problema é que Paulo se identifica com estes [“eu”] só que Paulo não era crente, era incrédulo e só veio a se converter em Atos 9.