segunda-feira, 17 de outubro de 2011


Escola Teológica Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Plano de Aula

Romanos 7

Introdução ao Capitulo 7

- Vimos que a Lei não foi nos dada para nos salvar, pelo contrário ele nos conscientiza do pecado e condena o pecador [Rm 3:19-20].
- Uma afirmação chocante para a mente judaica: “Não estais debaixo da lei...” [Rm 6:14]. Esta afirmação requer Romanos 7, como resposta pois afirma [v.4,6]. Como ousa Paulo descarta a lei? [ver Sl 19,119]. Isto não promove o pecado? Como pode afirmar a liberdade da lei? [Antinomismo].
- Tal visão incorreta da lei, ainda subsiste nos dias atuais. Para alguns a lei foi abolida e que o único valor é o amor, alguns advogam a completa anulação da lei moral, Rm 7 é relevante para esta questão.
- Então o que vem a ser “não estais debaixo da lei?”
[1] Em Rm 6:14, há uma frase esclarecedora “mas debaixo da graça” – referindo-se a forma de justificação, que não se dá mediante a obediência a lei, mas é por pura graça.
[2] Em Gl 5:18, a antítese é entre a lei e o Espírito referindo-se a santificação, que não se dá pelo esforço para guardar a lei, mas pelo poder do Espírito.

Logo nem a justificação ou a santificação decorre da lei, pois a justificação é pela graça e a santificação pelo Espírito.

- Neste sentido fomos libertos da lei, mas isto não significa um divórcio completo, no sentido que ela não tem nenhum valor ou que não temos nenhuma responsabilidade para com ela. Ela contínua sendo uma revelação da vontade de Deus.

- Há três possíveis atitudes para com a lei:

[1] Legalismo [os que acham que seu relacionamento com Deus depende de obediência a lei, o problema dos judaizantes da Galácia, há grupos denominacionais que ilustram tal atitude ]

[2] Libertinos [os antinomianos, outro extremo, estes  rejeitam completamente a lei, declarando-se livres de qualquer responsabilidade para com a lei, confundem liberdade com libertinagem [Jd 4]]

[3] Livres para cumprir a lei [ é o equilíbrio, estes se alegram diante da libertação da lei, para a justificação e santificação, como na sua libertação para cumpri-la. Deleitam-se na lei por ser a revelação da vontade de Deus, mas reconhece que o poder para cumprir a lei não vem dela, mas do Espírito.

Em resumo, os  legalistas temem a lei e estão sujeitos a ela, os libertinos detestam a lei e repudiam, e os “livres para cumprir a lei” amam a lei e a cumprem. [Ils. O rapaz que foi ao médico e o divulgou sua capacidade]

Livres da Lei: Uma Metáfora do Casamento [1-6]

- Tema dominante: a libertação da lei [2,3,6]
- A autoridade da lei é limitada a duração da vida, o que invalida é a morte. A lei é válida para quem vive, a morte anula a lei.
- Para ilustrar ele usa o casamento. A morte muda às obrigações do que morreu e do que vive. A lei prende ao marido, a morte a liberta.  Ela deixa de ser esposa. O adultério vem quando se casa com o marido ainda vivo. Somente a morte libera para um segundo casamento.
- A aplicação: a lei reivindica senhorio sobre nós enquanto vivermos, estávamos casados com a lei, sujeitos a ela, mas a morte dá fim ao contrato e permite casar de novo. [v.4]. Pela união com Cristo  morremos [Rm 6]. Morrer para o pecado é assumir sua pena, que é a morte. A lei é que a prescreveu essa pena. Morremos para pertencer a Cristo [v.4] e frutificarmos [v.4] [filhos? – para  Martyn Lloyd Jones “santidade, fruto do Espírito”] A lei era impotente para fazer isto. Agora estamos casados com Aquele que tem força para fazer isto.

Questão? A lei tem poder sobre o cristão e ainda devemos obedecê-la?

Resposta: Sim e Não. Sim no sentido de que a liberdade cristã significa livres para servir e não para pecar. [v.6- escravos de Deus e da justiça] Não, pois as motivações e os meios mudaram. Servimos não porque nosso senhor é a lei, mas porque nosso marido é Cristo e nós queremos servir a ele. Não para nossa salvação, mas porque a salvação produz obediência.

Uma Defesa da Lei

- É a lei pecado? [v.1, 13] É a lei responsável pelo pecado e pela morte, uma influência terrível que deveria ser de toda rechaçada?  Paulo está ensinando o antinomismo? Não [7,13]
- A lei não gera o pecado, antes quem é culpado é nossa natureza pecaminosa [ils. Caroço de feijão no nariz]
- A lei é santa, justa, boa e espiritual, mas ela é incapaz de salvar os pecadores, e sua impotência gera conflitos íntimos.

A Fragilidade da Lei – ela não pode justificar e nem santificar.

A Identidade do “eu” [7-13]

Quem é o “eu”? Para os intérpretes, a pergunta é: de quem Paulo está falando?

1. Paulo no judaísmo [De si mesmo e de suas experiências no judaísmo]

a. A sua infância, antes de completar 13 anos, tornava-se responsável perante a lei por meio de uma cerimônia, essa emancipação gerava conflito [como um adolescente].
É difícil, pois um menino dizer que viveu sem lei, desde menino a ele [judeu] era inculcada a lei.[Dt 6:5ss]
b. Sua vida antes da conversão [fariseu]. Neste caso ele se via “irrepreensível” só que ele se deu conta que era pecador [10 mandamento fez isto], e ele se agonizou diante disto.
Não há evidências de alguma crise de Paulo antes da conversão.

2. De Adão como exemplo dos seres humanos.

Baseado no v. 9, onde Adão vivia na inocência, depois o mandamento, v.8 a serpente só atacou depois da ordem. O pecado lhe enganou [v.11] e sua desobediência gerou a morte [v.9,11].
Mas creio que é forçar a “barrar”, pois ele não faz alusão clara a Adão e Eva como em Rm 5.

3. De Israel e seu conhecimento da lei, mas fracassando em obedecê-la?

A lei é a lei mosaica [Tora], a vinda do mandamento é a doação no Sinai [v.9, os 10 mandamentos]

4. De todos os cristãos?

Descreve-se um crente regenerado e até maduro. Pensamento de Agostinho que influenciou os Reformadores.

a. esse “eu” se diz não espiritual [v.14,18] só um crente é capaz de confessar tristeza e descontentamento
b. Ele chama lei de santa, justa e boa [12,14,22]. Ele ama a lei, deleita-se nela. Fala de um regenerado.
c. “Miserável homem” [v.24] expressa muito mais desejo do que desespero. Esse é o conflito de Gl 5:16,17 [Calvino]. É a tensão do “já” e do “não ainda” [I Jo 3:1-2]

Este texto caracteriza, portanto a luta interior que todo o crente verdadeiro vive, conflito só existente na vida daqueles que tem o Espirito Santo e cuja mente foi renovada pelo Evangelho.

Mas há quem critique tal posição afirmando que é algo sem sentido afirmar que um convertido não pode fazer o que é bom [15-19]? Como pode um crente se dizer escravizado ao pecado? [14,23-25]

5. Uma pessoa em processo de conversão

Estão sendo levada a convicção do pecado, sentindo-se absolutamente condenadas, lutando para cumprir a lei pelas suas próprias forças, mas ainda não compreenderam o evangelho, seu estado é de “nem inconversas nem convertidas” estão experimentando a convicção, mas não conversão [Martyn Lloyd-Jones]

6. Um crente do AT

a. Um não convertido é inimigo da lei de Deus [8:7], este ama a lei de Deus [Sl 1:1, 19:8 119:47,97]
b. É convertido mas não é saudável e maduro [v.14,23 ele declara ser escravo e prisioneiro do pecado]
c. Ele não tem compreensão do experiência ou da pessoa do Espírito Santo. Que aqui está em silêncio [v.6]. Como a era cristã é a era do Espirito deveria ser mencionado muito mais. Rm 7 só fala da lei, é Rm 8 que falará do Espírito.

Em suma: Ela ama a lei [convertido], é escravo do pecado [não é um cristão liberto] e nada sabe sobre o Espírito Santo [não é um crente do NT] Então quem é? É um crente do VT, um israelita crente [discípulos antes do pentecoste] até judeus contemporâneo de Paulo. Eles amavam a lei, mas não tinham o Espírito Santo [Sl 51], era nascido pelo Espírito, mas não habitados, por isso não conseguiam guardar a lei que tanto amavam. No VT Espírito descia para tarefas especiais mas não habitava continuamente [Ez 36, Jo 14:27].

O problema é que Paulo se identifica com estes [“eu”] só que Paulo não era crente, era incrédulo e só veio a se converter em Atos 9.


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