terça-feira, 29 de maio de 2012


Escola Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Introdução ao VT II

Plano de Aula 8


26/05
Os Poéticos [Sabedoria]: Jó, Eclesiastes, Provérbios e Cantares
Panorama do AT – cap. 13-16
Conheça Melhor o AT – pg. 143-198
Entenda o AT –pg. 105-126


Os Livros de Sabedoria

[1] Estes livros tratam das questões básicas da vida [Palavras-chaves ou temas-chaves: sabedoria, insensatez, educação de filhos, sofrimento, vaidade da vida sem  Deus, temor do Senhor]
[2] Estes livros oferecem diretrizes sobre como viver de maneira bem-sucedida dentro da sociedade e da ética divina [ex. Provérbios], ou discutem questões a respeito da habilidade do ser humano em compreender a sociedade e moralidade e a maneira de agir neste  contexto [ex. Eclesiastes e Jó]

I. JÓ – Até o sofrimento tem o seu valor

1. Conteúdo

O livro de Jó conta a história de um próspero e devoto proprietário [um patriarca oriental], que foi alvo de sofrimento e profunda angústia em função de uma ação soberana de Deus e do ataque de Satanás.

O Prólogo [Jó 1:1-2:13]

Narra a retidão de Jó e o consequente ataque de Satanás em função de sua suspeita da real motivação de Jó em relação a sua devoção a Deus. Para Satanás a devoção de Jó era meramente interesseira. Deus permitiu que Satanás afligisse Jó financeiramente, familiarmente e fisicamente. Mesmo assim Jó manteve-se fiel ao Senhor.

Os Diálogos [3-37]

Trata das falas dos amigos de Jó que tentam provar ou convencê-lo que seu sofrimento é um castigo de Deus em função de algum pecado ou fraqueza moral. Revela toda a angústia que ele sofre sem a compreensão do porque desta tragédia lhe acometeu e também revela o mau entendimento de pessoas bem intencionadas com respeito aos propósitos soberanos de Deus para os homens. A perspectiva dos comentários destes amigos [Elifaz, Bildade e Zofar] retrata a visão humana e limitada deste mundo, uma visão religiosa distorcida. Ao final deste drama as palavras destes “amigos” são reprovadas por Deus [Jó 42:7-8]. Foram sinceros, convictos, mas estavam terrivelmente enganados em seus julgamentos.

No final dos diálogos entra em cena Eliú, outro amigo, mais jovem, que vem ajudar a oferecer algum consolo [32-37]. Ele é mais moderado nas palavras e não tão apressado em condenar Jó. Ele crê que o sofrimento tem um valor educativo. O homem aprende com ele. Eliú às vezes revela-se arrogante, mas algumas de suas palavras são proveitosas, ele afirma, por exemplo, que nosso conhecimento é limitado [37:16]

Epílogo [Jó 42:1-17]

Trata-se de uma das passagens mais majestosas da Bíblia. Deus fala e lembra a Jó sua majestade e sabedoria como Criador [38-41]. Isto é feito em forma de pergunta, para o atordoado e ressentido Jó. Esse encontro humilhante faz Jó cair de joelhos, em humilde submissão [42:1-17]. Ele confessa sua pequenez e que agora sua compreensão e consciência da grandeza e da glória de Deus, lhe fez ver seu erro em tentar se justificar diante do homem. A vontade de Deus, ele reconheceu, era o melhor para a vida dele, ainda que não entendesse completamente os procedimentos de Deus com ele.

2. Lições

1. Às vezes, Deus permite que sejamos provados para que demonstremos nossa dedicação a ele e a nossa submissão à sua vontade para nossa vida. 2. É errado concluir que todas as nossas doenças e problemas são consequências do pecado.
3. Reconheça suas limitações. Nós não sabemos de tudo. Em nossos momentos de agonia e aflição precisamos crer que Aquele que tudo conhece ordena o melhor para seus filhos.
4. Vigie sua fala. Devemos ser extremamente cautelosos sobre o que dizemos a pessoas que estão com problemas sérios.
5. Confie no seu criador mesmo que às vezes, fiquemos confusos e perplexos pelas circunstâncias adversas da vida. Ele reina e tudo o que acontece está sob seu controle. [I Co 10:13]

II. ECLESIASTES – Um melancólico desabafa

1. Conteúdo

É um dos livros de difícil compreensão. Nele se registra ditos expressivos sobre a vida, mas o autor de Eclesiastes, por seu temperamento apresenta um tom pesado e melancólico em suas considerações. É provável que o Espírito Santo inspirou tal obra para nos dar a perspectiva de como um homem olha a vida e seus problemas de um ponto de vista puramente humano, só deste mundo. Tal ótica é deprimente, e tende a horizontalizar a vida, não se percebendo a soberania e providência de Deus. Seu conteúdo aparenta ser pessimista, materialista, fatalista e cínico.

O “pregador” estar convidando os ouvintes ao deleite máximo [8:15]. Ele afirma que esta é a vontade de Deus [2:24, 3:12-13, 19; 9:7]. Em certo sentido isto é um fato [I Tm 6:17], no entanto existe mais na vida do que um circuito infindável de prazer. Numa ótica pessimista ele considera que nada traz alegria permanente e a vida parece não ter sentido. Tudo é vaidade [um nada]. Na perspectiva do “pregador” está ausente o discernimento profundo do governo soberano e cuidadoso de Deus. Este “pregador” é um indivíduo realista, que reconhecia que a vida e cheia de frustrações e situações vãs.

No entanto, ele também reconhece que há alguns valores que concedem sentido a vida e estimula seus leitores a serem sábios para reconhecer o que é importante e o que é inútil. Ele nos lembra que há um tempo certo para tudo e que a arte de viver está em escolher o momento certo [Ec 3:1-8]. O trabalho duro é uma dádiva excelente de Deus. Deus criou o trabalho e deseja que ele trabalhe também [2:24, 3:13, 9:10]. Ele valoriza a amizade [Ec 4:9-12]. Ensina-nos a ir a casa de Deus e como fazer votos [5:1-6]. Adverte-nos sobre o perigo da procrastinação [11:4] e insta que devermos regozijar-se em Deus, nosso Criador, antes que fiquemos velhos e morramos, uma vez que há muita vaidade na vida, quem teme a Deus e obedece a seus mandamentos terá sabedoria. [12:8-14]

2. Lições

1. Eclesiastes é importante para nossa geração que busca um sentido e um propósito para sua existência e, no seu vazio e triste anelo, elas anseiam por alguma chave para o sentido da vida do homem na terra.
2. Devemos desfrutar a comida, a família e o trabalho que Deus nos concede, pois são bênçãos divinas.
3. Acima de tudo, devemos temer a Deus, obedecer a seus mandamentos, ser sábios e viver de maneira prudente neste mundo mau.

III. PROVÉRBIOS – Felicidade é por este caminho

Conteúdo e Lições

[1] O autor usa de declarações antitéticas [12:5], comparações com elementos da natureza [25:25] comparações que revelam a superioridade de determinados comportamentos [21:19], ditos numéricos [30:18] advertência com respeito ao comportamento sábio [22:17] e admoestações contra os comportamentos tolos [23:4]
[2] Este livro não possui muita coesão em termos de continuidade de pensamento.
[3] O propósito deste livro é transmitir sabedoria, conhecimento e compreensão aos leitores, estimulando a um comportamento sábio, honesto e prudente.
[4] É um livro prático e realista que apresenta uma série de lições importantes sobre a vida do dia-a-dia. Ele aponta para a felicidade [seriam as Bem-Aventuranças do VT]. Deus concedeu ao povo os sacerdotes, os profetas, e os sábios que pegaram algumas verdades eternas e relacionaram de forma pratica a família e a comunidade. Para Provérbios o caminho da felicidade é...

 1. Um caminho de sabedoria

 Esta é uma ideia-chave do livro [3:13]. Não podemos tratar os problemas da vida com nossa inteligência limitada. Precisamos de sabedoria, de discernimento espiritual que Deus concede aqueles que buscam [Tg 1:5]

2. Um caminho de obediência

Mas só sabedoria não é suficiente. Que adianta saber o que fazer e não fazer. [8:32]. Se sabemos devemos obedecer imediatamente.

3. Um caminho de disciplina

Ouvir a Deus é uma disciplina diária [8:34]. Precisamos separar um tempo em cada dia para ouvir sua Palavra.

4. Um caminho de amor

Deus não está apenas preocupado conosco como indivíduos, mas com todas as pessoas, e ele quer usar-nos para levar ajuda a outros [14:21]. O livro nos desafia a acudir e assistir os necessitados.

5. Um caminho de confiança

Muitas vezes os que querem viver para Deus se acharão em dificuldades e assim deve confiar em Deus [16:20, 3:5-6]

6. Um caminho de culto

Ser feliz é temer a Deus [28:14]. Quando a Bíblia diz que temos que temer a Deus não significa ter medo dele, mas que devemos colocá-lo em primeiro lugar, honrarmos e adorarmos a ele como Deus. Como disse Martinho Lutero, é “deixarmos Deus ser Deus”, isto é, precisamos constantemente reconhecer seu controle sobre cada parte de nossa vida.

IV. CANTARES – O Amor Verdadeiro e suas Provas

1. Conteúdo

Nenhuma biblioteca é completa sem um conto de amor e a Bíblia não é incompleta. Ela tem várias histórias de amor, mas a mais longa é o Cântico dos Cânticos. Este livro narra o conto simples de uma jovem [Sunamita] que amava um jovem pastor de ovelhas. Salomão ficou encantado com ela e os detalhes da  história sugerem que ela passou algum tempo no palácio real. Seu verdadeiro amor foi à procura dela  e ansiava que ela voltasse à vida simples no campo. Ela reconheceu o quanto era profundo seu amor, e atendeu a seu persistente convite para tornar-se sua companheira de vida.

No entanto houve resistência a compreensão e aceitação natural deste cântico de amor conjugal. Primeiramente alguns ao verem que o assunto principal não é o relacionamento com Deus viam Cantares com dificuldades sua canonicidade. Já outros se sentiam ofendidos pelo enfoque físico do amor, principalmente a beleza do corpo humano, então apresentaram uma interpretação alegórica do livro, afirmando que se tratava do amor de Deus para com Israel ou, para os cristãos entre Cristo a Igreja.

O livro está no Cânon para revelar que o Senhor Deus se interessa em toda a vida e não só naquilo que poderíamos chamar de “vida espiritual”. Ele não faz distinção entre sacro e secular. Se a Bíblia adverte inúmeras vezes sobre o perigo de uma sexualidade corrompida ou pervertida aqui ela  celebra a sexualidade sadia no âmbito conjugal.

2. Lições

1. Ele ilustra a alegria que o amor traz [2:10-13].
2. Ele lembra a fidelidade que o amor espera [8:6]. Precisa haver lealdade no amor. O amor verdadeiro é totalmente confiável.
3. Ele lembra sobre a responsabilidade que o amor exige. Enfatiza o quanto é sagrado o amor e insiste em não despertá-lo inadvertidamente [2:7, 3:5, 8:4]

terça-feira, 22 de maio de 2012


Escola Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Introdução ao VT

Plano de Aula 7

02
15/04
Os Poéticos: Jó e Salmos
Panorama do AT – cap. 13-16
Conheça Melhor o AT – pg. 143-198
Entenda o AT –pg. 105-126

OS LIVROS POÉTICOS

Para se compreender e apreciar os Livros Poéticos, é importante reconhecer em primeiro lugar as características, os objetivos e as singularidades da poesia hebraica.

1. Poema é composição literária em forma de verso que expressa um sentimento ou uma ideia.
2. Os hebreus identificavam Jó, Salmos e Provérbios como livros poéticos, para a Vulgata, Eclesiastes e Cantares [didáticos] são tratados também como poéticos.
3. Didaticamente os livros Poéticos são divididos em [1] Livros Hínicos [Salmos e Cantares] e [2] Livros de Sabedoria: Jó, Provérbios e Eclesiastes.

I. CARACTERÍSTICAS DA POESIA HEBRAICA – PARALELISMO

1. A Essência do Paralelismo

A poesia hebraica enfatiza mais o “ritmo da ideia” do que o ritmo do som, pois a mente oriental está mais interessada no conteúdo da ideia do que nos meros artifícios literários. A isto se chama “paralelismo”: a primeira linha do poema é paralela com a  segunda ou com as linhas seguintes. Essa característica não é perdida na tradução para outro idioma, o que pode acontecer quando a rima é a principal característica da poesia.

2. Tipos de Paralelismo

a. Sinônimo – A segunda linha repete ou reproduz a primeira em palavras semelhantes. [Sl 19:1]
b. Antitético – A segunda linha expressa a ideia oposta da primeira, fazendo contraste [Sl 1:6]
c. Sintético – A segunda linha completa ou amplifica a primeira [Sl 19:7]
d. Analítico – A segunda linha apresenta uma consequência da primeira [Sl 23:1]
e. Climático – A segunda linha repete a primeira e a conduz ao clímax [Sl 29:1]
f. Emblemático – A segunda linha ilustra a figura apresentada na primeira [Sl 103:11]
g. Quiasmo – A segunda linha repete a primeira, mas em ordem invertida [Quiasmo ação de dispor em cruz – letra grega c ”qui”] [Sl 51:1]

II. OS SALMOS

1. Título – Os hebreus chamam de “O Livro de Louvores” ou “Louvores” ou tradutores gregos “Salmos”, canções cantadas com acompanhamentos de instrumentos de cordas [ver Lc 20:42, At 1:20].

2. Autores – Embora toda coleção seja chamada de “Salmos de Davi” por seu o autor da grande maioria [75] há outros autores: Moisés [1], Salomão [2], Asafe [12], Filhos de Coré [10], Hemã [1], Etã [1]. Os tradutores da Septuaginta identificam Ezequias [15], Jeremias [1] Ageu [1], Zacarias [1] e Esdras [1]. Os outros são chamados salmos órfãos, não identificados.

3. Categorias dos Salmos

A. Salmo de Lamento

Forma

(1) Invocação, clamor pela ajuda de Deus. Parte curta onde o salmista clama a Deus por seu nome, geralmente no vocativo.
(2) Lamentando ou queixa sobre infortúnios. Ele sente como se Deus não estivesse lhe protegendo, como seus inimigos o estivesse perseguindo ou ele envolto em grande tristeza. [Sl 13:1,2]. Ele não esconde sua tristeza e desapontamento.  Ele não culpa a Deus, embora crê que Deus pode solucionar seus problemas.
(3) Súplicas e petições a Deus para transformar os infortúnios acompanhados com choro, jejum, vestidos de saco e cinzas [Jl 2:12-17, Sl 13:3,4]
(4) Confissão de fé ou declaração de confiança. Pensamentos voltados para exercitar confiança no suplicante e mobilizar Deus à ação, tais como sua honra ou por amor ao seu nome. Geralmente termina com a certeza de ser escutado. [Sl 13:5]
(5) Voto de louvor. Muitos salmos de lamento terminam com a declaração de o adorador cantará louvores ao Senhor.

Considerações Importantes:

(1) Os salmos de lamento podem ser individual [3; 5; 6; 7; 13; 17; 22; 25; 26; 27:7-14; 28; 31; 35; 38; 39; 42-43; 54-57; 59; 61; 63,64; 69; 70; 71; 86; 88; 102; 109; 120; 130; 140; 141; 142; 143] ou comunitário [44; (58); (60); 74; 79; 80; 83; (106); (125)]
(2) Os contextos destes salmos são dias de jejum nacional e/ou festivais de lamento conclamados por várias calamidades nacionais, tais como guerra, exílio, pestilência, seca, fome, e pragas no caso de lamento nacional, mas no lamento individual eles surgiram de situações de aparente risco de vida mais do que de situações do dia a dia; tais situações podem incluir doença, infortúnio, perseguição por inimigos.

B. Salmo de Louvor [8; 19; 29; 33; 65; 67; 68; 96; 98; 100; 103; 104; 105; 111; 113; 114; 117; 135; 136; 139; 145-150.]

Forma

1. Uma convocação para louvar a Deus
2. Motivos para louvar a Deus: Pelas suas qualidades e atributos e/ou pelas suas ações regulares ou repetidas, inclusive sua obra da criação, na providência e especialmente no trato com Israel.
3. O Salmo 100 segue este modelo.

Considerações Importantes:

(1) Possuem várias subcategorias segundo a estrutura, tópico ou motivo de louvor.
(2) Hinos eram cantados como parte da adoração em diversas ocasiões, inclusive festivais sagrados, assim como em outros momentos, talvez por um coral ou um cantor individual.
(3) Alguns desses salmos eram cantados à medida que os peregrinos iam ao Templo. Eram os cânticos de romagem ou Salmos dos Degraus. [120-134]

C. Salmos Históricos

Estes salmos fazem uma retrospectiva da história de Israel, lembrando os ouvintes dos pecados da nação, louvam a Deus por seus feitos graciosos em favor do povo e incentivam as pessoas a confiarem no Senhor, porque Ele lhes tem sido fiel. [Sl 78]

D. Salmos Imprecatórios

Alguns salmos contêm maldições ou imprecações contra os inimigos do povo de Deus. [Sl 139:19-22, 35,69,109]. Esses salmos causam certo desconforto a alguns cristãos porque parecem retratar uma atitude vingativa, exatamente o oposto da ordem de Jesus [Mt 5:44]. Há aqueles que creem que tais salmos são impróprios para os cristãos. Entretanto, uma análise cuidadosa dessas expressões de justa indignação demonstra que elas não são motivadas por desejo pecaminoso ou vingativo. No Sl 109:6-20 revelam os pecados dos ímpios que são a mentira e acusações falsas contra o justo [2-5]. O autor pede a Deus que julgue os ímpios, sendo que o próprio Deus afirmou que seria essa a maneira como recompensaria os maus por suas atitudes. [6-20]
 O desconforto que os cristãos modernos sentem ao ler essas orações pode ser um indicio da tendência atual de amenizar a seriedade do pecado. Paulo entregou à morte e a Satanás o cidadão de Corínto [I Co 5], amaldiçoou quem pregassem outro evangelho [Gl 1:6-10]. Ambos, Davi e Paulo possuíam uma compreensão da ira de Deus contra o pecado do que muitos imaginam. Ambos os testamentos ordenam amar o próximo [Lv 19:18, Mt 19:19] e ambos condenam a vingança [Dt 32:35, Hb 10:30] assim como ambos ensinam a odiar e fugir do pecado, porque Deus o odeia.

E. Salmo de Confissão e de Penitência.

Um marca dos que amam a Deus é aversão ao pecado, o desejo de evitar atitudes ou atos pecaminosos e a disposição de confessar seu pecado para que possam receber o perdão de Deus. Embora o Dia da Expiação fosse uma dia de humilhação e penitência [Lv 16] os crentes do VT podiam reconhecer suas falhas e receber o perdão de Deus a qualquer momento. O ato da confissão estava ligado ao sacrifício no Templo, mas não era a parte mais importante do culto, antes a busca de Deus era um coração quebrantado [Sl 51;16,17]. Exemplos de salmos de confissão são Sl 51,32 ambos ligados ao adultério de Davi com Bate-Seba.

F. Salmos de Sabedoria

Sua identificação não é fácil, mas uns grupos de salmos se encaixam perfeitamente nesta categoria: 1,37,73,112,127,128]. Os temas [prosperidade e destruição , o justo e o insensato, o sofrimento do justo] e suas declarações em tom proverbiais indicam que os salmistas liam escritos de sabedoria e criam que esses ensinamentos poderiam instruir o povo de Israel.

G. Salmos Reais

Neste grupo de salmos estão os cânticos a respeito de um rei terreno ou canções de sua autoria, bem como hinos sobre o reinado de Deus. No primeiro grupo encontram-se os salmos 20,21,45,72,89 e 132. Nele o salmista pede a Deus que proteja o rei ungido de Jerusalém e lhe conceda vitória. No segundo grupo encontram-se os salmos 47,93, 96-99 que celebram o governo soberano de Deus.

H. Salmos Messiânicos

Alguns salmos são descrições de alguma experiência de Davi, que além de sua experiência pelo salmo retratada apontam para além de si, para um dos seus descendentes, o Messias, Filho de Davi. [Sl 2, 110]. Alguns comentaristas discordam da maneira de interpretar alguns salmos que aparentemente não são messiânicos no AT, mas que aparecem citados no NT como tais. Eles acreditam na existência de um duplo cumprimento, enquanto outros teólogos são da opinião de que há um cumprimento tipológico. Em qualquer dos casos, é importante que o estudante primeiro tente descobrir o que as passagens significavam para Davi e seus  compatriotas israelitas.

5. Valor dos Salmos

A. Em período de dificuldade, os crentes podem levar seus fardos a Deus, pois ele sempre ouve as orações dos que se aproximam dele e os consola.
B. Uma oração por ajuda divina não deve apenas enfocar nosso problema ou necessidade, deve também exaltar a capacidade de Deus, renovar nosso compromisso de confiar nEle e confirmar nosso desejo de glorifica-lo.
C. A alegria do Senhor deve encher o coração e os lábios daqueles a quem Deus abençoa.
D. Devemos louvar a Deus porque Ele nos criou, porque somos seu povo e porque Ele supre nossas necessidades.
E. Deus participa de forma soberana da direção da vida do crente.
F. Apesar do pecado humano, Deus oferece seu perdão gratuito aos que se arrependem.
G. Deus odeia o pecado e julgará o pecador.
H. Os preceitos a respeito da vida estão revelados nas Escrituras.
I. Deus é o Rei de toda a terra. Ele reina com todo o poder e com justiça perfeita. No final dos tempos o Messias derrotará os poderes terrenos e todos o louvarão. E Ele governará toda a terra.


terça-feira, 8 de maio de 2012


Escola Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Introdução ao VT

Plano de Aula 1

AULA
DATA
CONTEÚDO
TEXTO BÁSICO
01
08/04
Os Históricos: Esdras a Ester
Panorama do AT – 12
Conheça Melhor o AT – pg. 124-135
Entenda o AT – pg. 91-104

O PÓS-EXÍLIO

   Os livros de Esdras, Ester e Neemias oferecem uma visão de “bastidores” das atividades do povo escolhido de Deus, da época de seu retorno à Palestina até o fim da era veterotestamentária.. Podemos dividir esse episódio do relato bíblico em quatro períodos:

I.  ESDRAS, O REFORMADOR [ aprox. 539-457 a.C]

a. A Volta [Ed 1-2]

  Quando Ciro, rei da Pérsia, conquistou a Babilônia, promulgou um decreto permitindo que os judeus retornassem a Jerusalém. Foi uma política inversa de deportar os povos conquistados.

  Milhares de judeus deixaram a Babilônia, levando consigo os utensílios que Nabucodonosor havia retirado do templo, cerca de 50 mil exiliados viajaram de volta a Jerusalém [538 a.C]. É fato que alguns preferiram ficar pois se encontravam confortavelmente estabelecidos naquele novo país, não querendo enfrentar os transtornos da mudança 

 Destacam-se entre os 11 líderes mencionados Zorobabel, neto de Jeoaquim [dinastia de Davi] e Jesua [Josué], sumo-sacerdote.

b. Estabelecimento em Jerusalém [Ed 3-4]

  Ao chegarem edificaram um altar e reiniciaram a adoração a Deus, restabelecendo os sacrifícios. Cânticos e louvor triunfante da nova geração acompanharam o lançamento dos alicerces. Os idosos choraram ao lembrar a glória do templo de Salomão [3:10-13].

c. O novo templo [5,6]

 Ageu e Zacarias, os profetas, foram fundamentais na reconstrução do novo templo, pois animavam e fortaleciam o povo. A construção foi completada em cinco anos [520-515 a.C]. Depois da reconstrução os sacerdotes e levitas retornaram suas atividades, segundo a lei de Moisés.

d. Da Babilônia para Jerusalém [Ed 7-8]

 Neste período prevalece as ações de Esdras que retornou a Jerusalém em 457 a.C. Ele foi nomeado escriba e estudioso da Lei, foi comissionado por Artaxerxes , rei persa a liderar o retorno dos judeus. Houve um grande uma grande mobilização para este retorno, envolvendo ofertas voluntárias e toda uma logística. Esdras convocou o povo a orar e jejuar, para rogar a proteção de Deus para esta longa e perigosa viagem  até Jerusalém. [1500 km e 3 e ½ meses de viagem]

e. A reforma [Ed 9-10]

 Quando Esdras soube que os israelitas haviam casados com pagãos convocou uma assembleia e confrontou o povo, demonstrando a seriedade de tal ofensa, os culpados reconheceram o erro, ofereceram sacrifícios e solenemente juram anular os casamentos.

II. NEEMIAS, O GOVERNADOR [aprox. 444 a.C]

 Neemias sem dúvida nenhuma e uma das personagens mais brilhantes da era pós-exílica. Ele desistiu de sua posição na corte persa para servir ao seu povo na reconstrução dos muros de Jerusalém.

a. Comissionado por Artaxerxes [1-2:8]

 Ele era copeiro do rei, mas foi confrontado em seu íntimo ao ser informado sobre a situação de Jerusalém. Orou, confessou, chorou, jejuou [1:4-11] depois apresentou seu pedido ao rei diante da pergunta inquiridora dele sobre o estado do coração de Neemias. O rei comissionou Neemias para retornar e atuar como governador.

b. A Missão [2:9-6-19]

Ao chegar, Neemias percorreu Jerusalém para inspecionar e fazer um levantamento da situação. Ele reuniu e organizou o povo que animados se puseram a trabalhar. Levantou-se oposição por parte de Gesem, Tobias e Sambalá. Mesmo diante da oposição, Neemias orou e trabalhou ativamente. Todas as tentativas do inimigo foram em vão. Neemias orava mais e mais a fim de resistir aos ataques. Em 52 dias o muro foi reconstruído.

c. A Reforma sob a direção de Esdras [7-13]

 Depois dos muros reconstruídos, Neemias dedica-se a organizar e proteger a cidade. Ele reorganizou a população para que ocupassem toda a cidade, principalmente ao redor dos muros. Neemias juntamente com Esdras lideraram o povo para a leitura da Lei, à observância da Festa das Trombetas, do Dia da Expiação e da Festa dos Tabernáculos. Aqui foi enfatizada a proibição do casamento misto e a observância do sábado.

 Em 432 a.C ao retornar de uma viagem a Pérsia Neemias descobriu e confrontou muitas irregularidades: a permissão de estrangeiros na cidade, a negligência no serviço do templo, a desobediência a guarda do sábado e os casamentos mistos.

III. ESTER, A RAINHA

O livro de Ester relata a experiência dos judeus que permaneceram na terra do exílio, em vez de retornar a Jerusalém. Embora o nome de Deus não seja mencionado nesse livro, a providência divina e seu cuidado sobrenatural pelos israelitas estão presentes no relato.

a. Os judeus na corte persa [Et 1-2]

Ester foi coroada rainha da Pérsia por Xerxes [Assuero] substituindo Vasti. Mordecai, primo que adotara, foi usado por Deus para descobrir a trama de dois guardas que planejavam tirar a vida do rei. Por meio de Ester esta notícia chegou ao rei e os culpados foram enforcados, tal fato foi registrado oficialmente.

b. A ameaça ao povo judeu [Et 3-5]

Hamã, oficial persa, promovido pelo rei, exigia honras, mas Mordecai recusou, Hamã buscou a vingança planejando executar todos os judeus com a concessão do rei. Mas Mordecai consegue alertar o povo, levando-os a clamar e jejuar diante de Deus. Mordecai insiste então, para Ester intervir diante do rei pelo seu povo, pois ele acreditava que foi para isto que ela se tornara rainha [Et 4:14]. Ester convida Assuero e Hamã para um jantar por dois dias consecutivos e apresenta ao fim seu pedido.

c. O triunfo dos judeus [Et 6-10]

 Na noite posterior ao primeiro banquete, o rei não conseguiu dormir. Seus auxiliares então leram as crônicas reais e assim veio saber que Mordecai nunca recebera honras por ter salvado sua vida. Perguntado pelo rei sobre como honrar um homem que merece honra pelo rei, Hamã, supondo que era ele que receberia tal homenagem, ficou chocado ao perceber que quem receberia a honra era seu inimigo Mordecai, o mesmo a quem ele mandara fazer uma forca para o mata-lo.

  No segundo banquete, Ester diz ao rei que Hamã era culpado pela trama, como consequência ele foi enforcado na forca que prepara para Mordecai. Os judeus receberam autorização para lutar contra os inimigos. A paz retornou e os judeus festejaram sua libertação. Para relembrarem essa vitória os judeus passaram celebrar anualmente a Festa do Purim.

QUADRO CRONOLÓGICO DOS RETORNOS DO EXÍLIO


RETORNO
PRIMEIRO
SEGUNDO
TERCEIRO
Referência
Esdras 1-6
Esdras 7-10
Neemias 1-3
Data
538 a.C.
458 a.C.
444 a.C.
Líderes
Sesbazar, Zorababel e Jesua
Esdras
Neemias
Rei Persa
Ciro
Artaxerxes
Artaxerxes
Acontecimentos, Realizações e Problemas
O Templo foi começado; sacrifícios foram feitos e celebrada a Festa dos Tabernáculos. Os samaritanos perturbaram e o trabalho cessou até 520. O templo foi completado em 516.
Problemas com casamentos mistos
O muro foi reconstruído em 52 dias, apesar da oposição de Sambalá e Gesém. Os muros foram dedicados e a Lei foi lida.