Escola Charles
Spurgeon
Prof. Luiz
Correia
Introdução ao VT II
Plano de Aula 8
26/05
|
Os
Poéticos [Sabedoria]: Jó, Eclesiastes, Provérbios e Cantares
|
Panorama
do AT – cap. 13-16
Conheça
Melhor o AT – pg. 143-198
Entenda
o AT –pg. 105-126
|
Os Livros de Sabedoria
[1] Estes livros tratam das questões básicas da vida [Palavras-chaves
ou temas-chaves: sabedoria, insensatez, educação de filhos, sofrimento, vaidade
da vida sem Deus, temor do Senhor]
[2] Estes livros oferecem diretrizes sobre como viver de
maneira bem-sucedida dentro da sociedade e da ética divina [ex. Provérbios], ou
discutem questões a respeito da habilidade do ser humano em compreender a
sociedade e moralidade e a maneira de agir neste contexto [ex. Eclesiastes e Jó]
I. JÓ – Até o
sofrimento tem o seu valor
1. Conteúdo
O livro de Jó conta a história de um próspero e devoto
proprietário [um patriarca oriental], que foi alvo de sofrimento e profunda
angústia em função de uma ação soberana de Deus e do ataque de Satanás.
O Prólogo [Jó 1:1-2:13]
Narra a retidão de Jó e o consequente ataque de Satanás em
função de sua suspeita da real motivação de Jó em relação a sua devoção a Deus.
Para Satanás a devoção de Jó era meramente interesseira. Deus permitiu que
Satanás afligisse Jó financeiramente, familiarmente e fisicamente. Mesmo assim
Jó manteve-se fiel ao Senhor.
Os Diálogos [3-37]
Trata das falas dos amigos de Jó que tentam provar ou convencê-lo
que seu sofrimento é um castigo de Deus em função de algum pecado ou fraqueza
moral. Revela toda a angústia que ele sofre sem a compreensão do porque desta
tragédia lhe acometeu e também revela o mau entendimento de pessoas bem intencionadas
com respeito aos propósitos soberanos de Deus para os homens. A perspectiva dos
comentários destes amigos [Elifaz, Bildade e Zofar] retrata a visão humana e
limitada deste mundo, uma visão religiosa distorcida. Ao final deste drama as
palavras destes “amigos” são reprovadas por Deus [Jó 42:7-8]. Foram sinceros,
convictos, mas estavam terrivelmente enganados em seus julgamentos.
No final dos diálogos entra em cena Eliú, outro amigo, mais
jovem, que vem ajudar a oferecer algum consolo [32-37]. Ele é mais moderado nas
palavras e não tão apressado em condenar Jó. Ele crê que o sofrimento tem um
valor educativo. O homem aprende com ele. Eliú às vezes revela-se arrogante,
mas algumas de suas palavras são proveitosas, ele afirma, por exemplo, que
nosso conhecimento é limitado [37:16]
Epílogo [Jó 42:1-17]
Trata-se de uma das passagens mais majestosas da Bíblia.
Deus fala e lembra a Jó sua majestade e sabedoria como Criador [38-41]. Isto é
feito em forma de pergunta, para o atordoado e ressentido Jó. Esse encontro
humilhante faz Jó cair de joelhos, em humilde submissão [42:1-17]. Ele confessa
sua pequenez e que agora sua compreensão e consciência da grandeza e da glória
de Deus, lhe fez ver seu erro em tentar se justificar diante do homem. A
vontade de Deus, ele reconheceu, era o melhor para a vida dele, ainda que não
entendesse completamente os procedimentos de Deus com ele.
2. Lições
1. Às vezes, Deus permite que sejamos provados para que demonstremos
nossa dedicação a ele e a nossa submissão à sua vontade para nossa vida. 2. É
errado concluir que todas as nossas doenças e problemas são consequências do
pecado.
3. Reconheça suas limitações. Nós não sabemos de tudo. Em
nossos momentos de agonia e aflição precisamos crer que Aquele que tudo conhece
ordena o melhor para seus filhos.
4. Vigie sua fala. Devemos ser extremamente cautelosos sobre
o que dizemos a pessoas que estão com problemas sérios.
5. Confie no seu criador mesmo que às vezes, fiquemos
confusos e perplexos pelas circunstâncias adversas da vida. Ele reina e tudo o
que acontece está sob seu controle. [I Co 10:13]
II. ECLESIASTES – Um melancólico
desabafa
1. Conteúdo
É um dos livros de difícil compreensão. Nele se registra
ditos expressivos sobre a vida, mas o autor de Eclesiastes, por seu
temperamento apresenta um tom pesado e melancólico em suas considerações. É
provável que o Espírito Santo inspirou tal obra para nos dar a perspectiva de
como um homem olha a vida e seus problemas de um ponto de vista puramente
humano, só deste mundo. Tal ótica é deprimente, e tende a horizontalizar a
vida, não se percebendo a soberania e providência de Deus. Seu conteúdo aparenta
ser pessimista, materialista, fatalista e cínico.
O “pregador” estar convidando os ouvintes ao deleite máximo
[8:15]. Ele afirma que esta é a vontade de Deus [2:24, 3:12-13, 19; 9:7]. Em
certo sentido isto é um fato [I Tm 6:17], no entanto existe mais na vida do que
um circuito infindável de prazer. Numa ótica pessimista ele considera que nada
traz alegria permanente e a vida parece não ter sentido. Tudo é vaidade [um
nada]. Na perspectiva do “pregador” está ausente o discernimento profundo do
governo soberano e cuidadoso de Deus. Este “pregador” é um indivíduo realista,
que reconhecia que a vida e cheia de frustrações e situações vãs.
No entanto, ele também reconhece que há alguns valores que
concedem sentido a vida e estimula seus leitores a serem sábios para reconhecer
o que é importante e o que é inútil. Ele nos lembra que há um tempo certo para
tudo e que a arte de viver está em escolher o momento certo [Ec 3:1-8]. O
trabalho duro é uma dádiva excelente de Deus. Deus criou o trabalho e deseja
que ele trabalhe também [2:24, 3:13, 9:10]. Ele valoriza a amizade [Ec 4:9-12].
Ensina-nos a ir a casa de Deus e como fazer votos [5:1-6]. Adverte-nos sobre o
perigo da procrastinação [11:4] e insta que devermos regozijar-se em Deus,
nosso Criador, antes que fiquemos velhos e morramos, uma vez que há muita
vaidade na vida, quem teme a Deus e obedece a seus mandamentos terá sabedoria.
[12:8-14]
2. Lições
1. Eclesiastes é importante para nossa geração que busca um
sentido e um propósito para sua existência e, no seu vazio e triste anelo, elas
anseiam por alguma chave para o sentido da vida do homem na terra.
2. Devemos desfrutar a comida, a família e o trabalho que
Deus nos concede, pois são bênçãos divinas.
3. Acima de tudo, devemos temer a Deus, obedecer a seus
mandamentos, ser sábios e viver de maneira prudente neste mundo mau.
III. PROVÉRBIOS –
Felicidade é por este caminho
Conteúdo e Lições
[1] O autor usa de declarações antitéticas [12:5],
comparações com elementos da natureza [25:25] comparações que revelam a
superioridade de determinados comportamentos [21:19], ditos numéricos [30:18]
advertência com respeito ao comportamento sábio [22:17] e admoestações contra os
comportamentos tolos [23:4]
[2] Este livro não possui muita coesão em termos de
continuidade de pensamento.
[3] O propósito deste livro é transmitir sabedoria,
conhecimento e compreensão aos leitores, estimulando a um comportamento sábio,
honesto e prudente.
[4] É um livro prático e realista que apresenta uma série de
lições importantes sobre a vida do dia-a-dia. Ele aponta para a felicidade
[seriam as Bem-Aventuranças do VT]. Deus concedeu ao povo os sacerdotes, os
profetas, e os sábios que pegaram algumas verdades eternas e relacionaram de
forma pratica a família e a comunidade. Para Provérbios o caminho da felicidade
é...
1. Um caminho de sabedoria
Esta é uma ideia-chave
do livro [3:13]. Não podemos tratar os problemas da vida com nossa inteligência
limitada. Precisamos de sabedoria, de discernimento espiritual que Deus concede
aqueles que buscam [Tg 1:5]
2. Um caminho de
obediência
Mas só sabedoria não é suficiente. Que adianta saber o que
fazer e não fazer. [8:32]. Se sabemos devemos obedecer imediatamente.
3. Um caminho de
disciplina
Ouvir a Deus é uma disciplina diária [8:34]. Precisamos
separar um tempo em cada dia para ouvir sua Palavra.
4. Um caminho de amor
Deus não está apenas preocupado conosco como indivíduos, mas
com todas as pessoas, e ele quer usar-nos para levar ajuda a outros [14:21]. O
livro nos desafia a acudir e assistir os necessitados.
5. Um caminho de
confiança
Muitas vezes os que querem viver para Deus se acharão em dificuldades
e assim deve confiar em Deus [16:20, 3:5-6]
6. Um caminho de
culto
Ser feliz é temer a Deus [28:14]. Quando a Bíblia diz que
temos que temer a Deus não significa ter medo dele, mas que devemos colocá-lo
em primeiro lugar, honrarmos e adorarmos a ele como Deus. Como disse Martinho
Lutero, é “deixarmos Deus ser Deus”, isto é, precisamos constantemente reconhecer
seu controle sobre cada parte de nossa vida.
IV. CANTARES – O Amor
Verdadeiro e suas Provas
1. Conteúdo
Nenhuma biblioteca é completa sem um conto de amor e a
Bíblia não é incompleta. Ela tem várias histórias de amor, mas a mais longa é o
Cântico dos Cânticos. Este livro narra o conto simples de uma jovem [Sunamita]
que amava um jovem pastor de ovelhas. Salomão ficou encantado com ela e os
detalhes da história sugerem que ela
passou algum tempo no palácio real. Seu verdadeiro amor foi à procura dela e ansiava que ela voltasse à vida simples no
campo. Ela reconheceu o quanto era profundo seu amor, e atendeu a seu
persistente convite para tornar-se sua companheira de vida.
No entanto houve resistência a compreensão e aceitação
natural deste cântico de amor conjugal. Primeiramente alguns ao verem que o
assunto principal não é o relacionamento com Deus viam Cantares com dificuldades
sua canonicidade. Já outros se sentiam ofendidos pelo enfoque físico do amor,
principalmente a beleza do corpo humano, então apresentaram uma interpretação
alegórica do livro, afirmando que se tratava do amor de Deus para com Israel
ou, para os cristãos entre Cristo a Igreja.
O livro está no Cânon para revelar que o Senhor Deus se
interessa em toda a vida e não só
naquilo que poderíamos chamar de “vida espiritual”. Ele não faz distinção entre
sacro e secular. Se a Bíblia adverte inúmeras vezes sobre o perigo de uma
sexualidade corrompida ou pervertida aqui ela
celebra a sexualidade sadia no âmbito conjugal.
2. Lições
1. Ele ilustra a alegria que o amor traz [2:10-13].
2. Ele lembra a fidelidade que o amor espera [8:6]. Precisa
haver lealdade no amor. O amor verdadeiro é totalmente confiável.
3. Ele lembra sobre a responsabilidade que o amor exige.
Enfatiza o quanto é sagrado o amor e insiste em não despertá-lo inadvertidamente
[2:7, 3:5, 8:4]