terça-feira, 29 de maio de 2012


Escola Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Introdução ao VT II

Plano de Aula 8


26/05
Os Poéticos [Sabedoria]: Jó, Eclesiastes, Provérbios e Cantares
Panorama do AT – cap. 13-16
Conheça Melhor o AT – pg. 143-198
Entenda o AT –pg. 105-126


Os Livros de Sabedoria

[1] Estes livros tratam das questões básicas da vida [Palavras-chaves ou temas-chaves: sabedoria, insensatez, educação de filhos, sofrimento, vaidade da vida sem  Deus, temor do Senhor]
[2] Estes livros oferecem diretrizes sobre como viver de maneira bem-sucedida dentro da sociedade e da ética divina [ex. Provérbios], ou discutem questões a respeito da habilidade do ser humano em compreender a sociedade e moralidade e a maneira de agir neste  contexto [ex. Eclesiastes e Jó]

I. JÓ – Até o sofrimento tem o seu valor

1. Conteúdo

O livro de Jó conta a história de um próspero e devoto proprietário [um patriarca oriental], que foi alvo de sofrimento e profunda angústia em função de uma ação soberana de Deus e do ataque de Satanás.

O Prólogo [Jó 1:1-2:13]

Narra a retidão de Jó e o consequente ataque de Satanás em função de sua suspeita da real motivação de Jó em relação a sua devoção a Deus. Para Satanás a devoção de Jó era meramente interesseira. Deus permitiu que Satanás afligisse Jó financeiramente, familiarmente e fisicamente. Mesmo assim Jó manteve-se fiel ao Senhor.

Os Diálogos [3-37]

Trata das falas dos amigos de Jó que tentam provar ou convencê-lo que seu sofrimento é um castigo de Deus em função de algum pecado ou fraqueza moral. Revela toda a angústia que ele sofre sem a compreensão do porque desta tragédia lhe acometeu e também revela o mau entendimento de pessoas bem intencionadas com respeito aos propósitos soberanos de Deus para os homens. A perspectiva dos comentários destes amigos [Elifaz, Bildade e Zofar] retrata a visão humana e limitada deste mundo, uma visão religiosa distorcida. Ao final deste drama as palavras destes “amigos” são reprovadas por Deus [Jó 42:7-8]. Foram sinceros, convictos, mas estavam terrivelmente enganados em seus julgamentos.

No final dos diálogos entra em cena Eliú, outro amigo, mais jovem, que vem ajudar a oferecer algum consolo [32-37]. Ele é mais moderado nas palavras e não tão apressado em condenar Jó. Ele crê que o sofrimento tem um valor educativo. O homem aprende com ele. Eliú às vezes revela-se arrogante, mas algumas de suas palavras são proveitosas, ele afirma, por exemplo, que nosso conhecimento é limitado [37:16]

Epílogo [Jó 42:1-17]

Trata-se de uma das passagens mais majestosas da Bíblia. Deus fala e lembra a Jó sua majestade e sabedoria como Criador [38-41]. Isto é feito em forma de pergunta, para o atordoado e ressentido Jó. Esse encontro humilhante faz Jó cair de joelhos, em humilde submissão [42:1-17]. Ele confessa sua pequenez e que agora sua compreensão e consciência da grandeza e da glória de Deus, lhe fez ver seu erro em tentar se justificar diante do homem. A vontade de Deus, ele reconheceu, era o melhor para a vida dele, ainda que não entendesse completamente os procedimentos de Deus com ele.

2. Lições

1. Às vezes, Deus permite que sejamos provados para que demonstremos nossa dedicação a ele e a nossa submissão à sua vontade para nossa vida. 2. É errado concluir que todas as nossas doenças e problemas são consequências do pecado.
3. Reconheça suas limitações. Nós não sabemos de tudo. Em nossos momentos de agonia e aflição precisamos crer que Aquele que tudo conhece ordena o melhor para seus filhos.
4. Vigie sua fala. Devemos ser extremamente cautelosos sobre o que dizemos a pessoas que estão com problemas sérios.
5. Confie no seu criador mesmo que às vezes, fiquemos confusos e perplexos pelas circunstâncias adversas da vida. Ele reina e tudo o que acontece está sob seu controle. [I Co 10:13]

II. ECLESIASTES – Um melancólico desabafa

1. Conteúdo

É um dos livros de difícil compreensão. Nele se registra ditos expressivos sobre a vida, mas o autor de Eclesiastes, por seu temperamento apresenta um tom pesado e melancólico em suas considerações. É provável que o Espírito Santo inspirou tal obra para nos dar a perspectiva de como um homem olha a vida e seus problemas de um ponto de vista puramente humano, só deste mundo. Tal ótica é deprimente, e tende a horizontalizar a vida, não se percebendo a soberania e providência de Deus. Seu conteúdo aparenta ser pessimista, materialista, fatalista e cínico.

O “pregador” estar convidando os ouvintes ao deleite máximo [8:15]. Ele afirma que esta é a vontade de Deus [2:24, 3:12-13, 19; 9:7]. Em certo sentido isto é um fato [I Tm 6:17], no entanto existe mais na vida do que um circuito infindável de prazer. Numa ótica pessimista ele considera que nada traz alegria permanente e a vida parece não ter sentido. Tudo é vaidade [um nada]. Na perspectiva do “pregador” está ausente o discernimento profundo do governo soberano e cuidadoso de Deus. Este “pregador” é um indivíduo realista, que reconhecia que a vida e cheia de frustrações e situações vãs.

No entanto, ele também reconhece que há alguns valores que concedem sentido a vida e estimula seus leitores a serem sábios para reconhecer o que é importante e o que é inútil. Ele nos lembra que há um tempo certo para tudo e que a arte de viver está em escolher o momento certo [Ec 3:1-8]. O trabalho duro é uma dádiva excelente de Deus. Deus criou o trabalho e deseja que ele trabalhe também [2:24, 3:13, 9:10]. Ele valoriza a amizade [Ec 4:9-12]. Ensina-nos a ir a casa de Deus e como fazer votos [5:1-6]. Adverte-nos sobre o perigo da procrastinação [11:4] e insta que devermos regozijar-se em Deus, nosso Criador, antes que fiquemos velhos e morramos, uma vez que há muita vaidade na vida, quem teme a Deus e obedece a seus mandamentos terá sabedoria. [12:8-14]

2. Lições

1. Eclesiastes é importante para nossa geração que busca um sentido e um propósito para sua existência e, no seu vazio e triste anelo, elas anseiam por alguma chave para o sentido da vida do homem na terra.
2. Devemos desfrutar a comida, a família e o trabalho que Deus nos concede, pois são bênçãos divinas.
3. Acima de tudo, devemos temer a Deus, obedecer a seus mandamentos, ser sábios e viver de maneira prudente neste mundo mau.

III. PROVÉRBIOS – Felicidade é por este caminho

Conteúdo e Lições

[1] O autor usa de declarações antitéticas [12:5], comparações com elementos da natureza [25:25] comparações que revelam a superioridade de determinados comportamentos [21:19], ditos numéricos [30:18] advertência com respeito ao comportamento sábio [22:17] e admoestações contra os comportamentos tolos [23:4]
[2] Este livro não possui muita coesão em termos de continuidade de pensamento.
[3] O propósito deste livro é transmitir sabedoria, conhecimento e compreensão aos leitores, estimulando a um comportamento sábio, honesto e prudente.
[4] É um livro prático e realista que apresenta uma série de lições importantes sobre a vida do dia-a-dia. Ele aponta para a felicidade [seriam as Bem-Aventuranças do VT]. Deus concedeu ao povo os sacerdotes, os profetas, e os sábios que pegaram algumas verdades eternas e relacionaram de forma pratica a família e a comunidade. Para Provérbios o caminho da felicidade é...

 1. Um caminho de sabedoria

 Esta é uma ideia-chave do livro [3:13]. Não podemos tratar os problemas da vida com nossa inteligência limitada. Precisamos de sabedoria, de discernimento espiritual que Deus concede aqueles que buscam [Tg 1:5]

2. Um caminho de obediência

Mas só sabedoria não é suficiente. Que adianta saber o que fazer e não fazer. [8:32]. Se sabemos devemos obedecer imediatamente.

3. Um caminho de disciplina

Ouvir a Deus é uma disciplina diária [8:34]. Precisamos separar um tempo em cada dia para ouvir sua Palavra.

4. Um caminho de amor

Deus não está apenas preocupado conosco como indivíduos, mas com todas as pessoas, e ele quer usar-nos para levar ajuda a outros [14:21]. O livro nos desafia a acudir e assistir os necessitados.

5. Um caminho de confiança

Muitas vezes os que querem viver para Deus se acharão em dificuldades e assim deve confiar em Deus [16:20, 3:5-6]

6. Um caminho de culto

Ser feliz é temer a Deus [28:14]. Quando a Bíblia diz que temos que temer a Deus não significa ter medo dele, mas que devemos colocá-lo em primeiro lugar, honrarmos e adorarmos a ele como Deus. Como disse Martinho Lutero, é “deixarmos Deus ser Deus”, isto é, precisamos constantemente reconhecer seu controle sobre cada parte de nossa vida.

IV. CANTARES – O Amor Verdadeiro e suas Provas

1. Conteúdo

Nenhuma biblioteca é completa sem um conto de amor e a Bíblia não é incompleta. Ela tem várias histórias de amor, mas a mais longa é o Cântico dos Cânticos. Este livro narra o conto simples de uma jovem [Sunamita] que amava um jovem pastor de ovelhas. Salomão ficou encantado com ela e os detalhes da  história sugerem que ela passou algum tempo no palácio real. Seu verdadeiro amor foi à procura dela  e ansiava que ela voltasse à vida simples no campo. Ela reconheceu o quanto era profundo seu amor, e atendeu a seu persistente convite para tornar-se sua companheira de vida.

No entanto houve resistência a compreensão e aceitação natural deste cântico de amor conjugal. Primeiramente alguns ao verem que o assunto principal não é o relacionamento com Deus viam Cantares com dificuldades sua canonicidade. Já outros se sentiam ofendidos pelo enfoque físico do amor, principalmente a beleza do corpo humano, então apresentaram uma interpretação alegórica do livro, afirmando que se tratava do amor de Deus para com Israel ou, para os cristãos entre Cristo a Igreja.

O livro está no Cânon para revelar que o Senhor Deus se interessa em toda a vida e não só naquilo que poderíamos chamar de “vida espiritual”. Ele não faz distinção entre sacro e secular. Se a Bíblia adverte inúmeras vezes sobre o perigo de uma sexualidade corrompida ou pervertida aqui ela  celebra a sexualidade sadia no âmbito conjugal.

2. Lições

1. Ele ilustra a alegria que o amor traz [2:10-13].
2. Ele lembra a fidelidade que o amor espera [8:6]. Precisa haver lealdade no amor. O amor verdadeiro é totalmente confiável.
3. Ele lembra sobre a responsabilidade que o amor exige. Enfatiza o quanto é sagrado o amor e insiste em não despertá-lo inadvertidamente [2:7, 3:5, 8:4]

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