II. QUEM DEVE EVANGELIZAR?
A resposta inicial pode ser simples: Todos os convertidos. Embora tenhamos a consciência de que a responsabilidade de evangelização seja de todos, agimos como se fosse exclusiva de pastores e evangelistas, e de fato é [Rm 1:14-15]. Mas não é uma atividade apenas destes. Nossa omissão em não cumprirmos a grande comissão talvez parta desta visão distorcida além de outros pensamentos tais como “não sei” “não tenho tempo” “tenho medo” e “não tenho dom”. O cumprimento da Grande Comissão [Mt 28:18-19, Mc 16:15] é um dever de todos [At 8:4;11:19-21]. Se é um dever de todos, então qual é o perfil que deve possuir aquele que evangeliza? Quais as credenciais de uma pessoa que deve evangelizar?
Os gregos ressaltavam a necessidade de um emissor incorporar a sua mensagem. Para eles haviam três qualidades:
[1] Ética [Ethos] – o emissor eficiente perderá sua credibilidade se a sua integridade for duvidosa.
[2] Empatia [Pathos] – O ouvinte quer saber se o orador participa de suas esperanças, anseios e desejos
[3] Palavra – [Logos] - Aquele que comunica deve ter algo a dizer. A Palavra é apoiada pela ética e empatia.
Creio que tais qualidades também são essenciais no perfil do evangelista:
[1] Ética = Beleza Redentora
[2] Empatia = Amizade Redentora
[3] Palavra = Evangelho Redentor
1. Uma Beleza Redentora [Ef 5:27]
Tanto Israel [AT] como a Igreja [NT] são figuras de mulher, a qual Deus fizera uma aliança por amor. No nosso caso Cristo fez um aliança consoco [Mt 26:31-35], Ele morreu por ela a fim de que pudesse resgatá-la, torná-la santa e pura, ou seja bela.
Não foi à toa e por acaso que Deus usa a figura de uma mulher como metáfora para a Igreja. É da natureza feminina a beleza [estética] quando a mulher está mal um sinal é o descuido estético. Mulher naturalmente gosta de embelezar-se. A Bíblia não condena que a mulher se vista e se revele bonita [vestido e jóias] condena o excesso ou a preocupação com o exterior em detrimento do interior.
Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; 4 seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus.[I Pe 3:3-4]
A beleza da noiva é o caráter de Deus [amor, justiça, santidade, fidelidade]. Portanto a beleza da noiva [caráter] é fruto do amor transformador de Deus em Cristo, e Cristo deseja revelar esta beleza às pessoas por meio da igreja a fim de atraí-las. Muitos incrédulos não lêem as Escrituras, mas podem vêem o grande amor de Deus em Cristo em vidas santificadas e transformadas. Somos cartas vivas, somos tradutores da Bíblia para os perdidos. O amor redentor de Deus é declarado nas Escrituras, demonstrado na cruz e exibido na igreja.
Precisamos, portanto desta beleza [não perfeição], mas de santidade se queremos que os perdidos nos ouçam. Eles devem ouvir, mas é preciso que eles vejam. Devemos ser boas novas, antes mesmo de compartilhar boas novas. Como poderemos falar de um evangelho transformador se não temos ou manifestamos uma vida transformada. A encarnação do evangelho precede a evangelização verbal. Essa encarnação causa um grande impacto e prepara as pessoas para ouvirem o que temos a dizer.
Quando as pessoas observam maridos amando as esposas como Cristo ama sua igreja, mulheres apoiando seus maridos, filhos obedientes aos pais, irmãos se amando, cuidando um dos outros, perdoando mutuamente, discípulos honestos em sua vida, jovens andando em pureza. Eles serão atraídos [a beleza chama a atenção; a feiúra também, a primeira positivamente a segunda negativamente] e desejarão ouvir.
A beleza é magnética e irresistível. A evangelização começa na medida em que encarnamos o evangelho. O poder do evangelho nos transforma e as pessoas serão atraídas. Daí a necessidade da santidade na igreja. A evangelização começa com o cuidado interno, com santidade no corpo. Se formos tolerantes com pecados e fizermos pouco caso em nosso meio isto não só atraí o zelo de Deus, mas nos torna desacreditados. A evangelização não é só uma atividade formal a ser realizada em um dia da semana de casa em casa, ela começa com a vida da igreja [beleza], um fluxo de vida que causa impacto aos perdidos.
Portanto a beleza [caráter] da igreja [seu esplendor] é essencial na evangelização. Se encarnarmos o evangelho e por ele sermos transformados atrairemos as pessoas. Alguém com propriedade afirmou:
“O melhor argumento para o cristianismo são os cristãos; sua alegria, certeza e plenitude. Mas o argumento mais forte contra o cristianismo são os próprios cristãos, quando são sem alegria, farisaicos e presunçosos, mundanos”
2. Amizade Redentora [Lc 7:34]
A segunda qualidade de um bom emissor é empatia. Jesus foi conhecido como amigo de pecadore, e sua amizade não era pecaminosa [Sl 1:1] mas redentora, impactante na vida daqueles.
Precisamos portanto cultivar relacionamento com pessoas não-cristãs. Alguns desafios para se estabelecer amizades redentoras:
[1] Um dos desafios modernos que prejudicam o estabelecimento deste tipo de amizade é o estilo de vida moderno. O ritmo de vida, o corre-corre diário, os compromissos torna cada vez mais raro desenvolver boas amizades.
[2] O isolamento dos cristãos e a perca de sua habilidade em manter ou desenvolver amizades redentoras devido a uma visão teológica errada. Somos sal que devemos estar no mundo, não no saleiro. Não há impacto sem contato.
A amizade redentora é como preparar o terreno para lançar a semente do evangelho [que é a Palavra]. Podemos evangelizar invasivamente, mas estrategicamente é melhor criarmos vínculos e a partir daí lançarmos a semente da Palavra.
Essa era a estratégica de Paulo em I Co 9:22. Paulo possuía uma habilidade de relacionar-se com pessoas diferentes sem perder sua identidade de cristão. Eis algumas rápidas dicas para desenvolvermos amizades:
1. Busque pontos de semelhança não de diferença. Cultive áreas de interesse mútuo. Interesse pelo mundo de seu amigo.
2. Seja simpático:
- Cumprimente as pessoas
- Memorize seu nome
- Toque nas pessoas
- Ouça as pessoas [tem gente que vai odiar essa dica, pois só gostam de serem ouvidas]
- Telefone para as pessoas em datas especiais
- Compartilhe sua vida [Convide as pessoas para almoçar em casa, tomar o café, vê um filme, praticar esportes, hobbys e interesses pessoais.]
3. Seja um servo [veja I Co 9:19]
- Essa era a estratégia de Cristo também [veja Mc 10:45, Jo 13, Fp 2:5-11]
- Seu amigo está doente, então visite-o ou ligue.
- Seu amigo está só, seja um companheiro.
3. Palavra Redentora [Rm 1:16]
A terceira qualidade do perfil do evangelista é a Palavra. O não-cristão precisa de uma comunicação visual [beleza redentora], devemos nos envolver em relacionamentos com eles [amizades redentoras], mas não pode ficar aí. Só a beleza e a amizade não são suficientes. Ninguém é bom para deixar apenas sua vida a amizade como meio para as pessoas saberem da cruz. Cristo encarnou a Palavra, mas pregou a Palavra. Palavras são necessárias.
Aliás eu ouso a dizer que elas de todas é a mais importante. Pois o evangelho tem poder em si [Rm 1:16], ou seja, mesmo sem uma vida bela ou uma amizade a mensagem do evangelho quando é proclamada tem poder em si. Mesmo você não conhecendo intimamente alguém ou não sendo conhecido mas se você anuncia o evangelho com poder e com graça, com amor e com fidelidade, ele possui poder para transformar vidas.
Um pregador pode pregar a uma multidão e esta multidão não ter nenhum vínculo com o pregador mas a sua mensagem transformar a vida de muitos. Deus usa sua Palavra e às vezes os instrumentos não são dos melhores. Deus usa-nos até mesmo nossa fragilidade, ele opera acima de nossas faltas, obviamente isto não deve ser desculpa para uma vida sem compromisso. Jonas com todo seu egoísmo, com todo seu preconceito, com toda sua resistência, com toda sua xenofobia ganhou uma cidade para Cristo, ninguém fez igual.
Precisamos portanto falar, verbalizar, comunicar o evangelho. Ele deve ser anunciado, deve ser vivido, devemos relacionar-se com as pessoas, mas precisamos deixar claro o que Deus em Cristo fez por elas. Talvez aqui muitos cristãos se engasgue, o que deveria ser um experiência realizadora, quem fez ou o faz sabe do que eu estou falando, muitas vezes é um entrave e causa um engasgo na vida de muitos. A razão para isto é porque não sabem compartilhar sua fé. Mas sobre isto iremos abordar na próxima mensagem onde responderemos a terceira e a quarta perguntas – COMO DEVEMOS EVANGELIZAR? e POR QUE DEVEMOS EVANGELIZAR?
Esta mensagem continua...
Pr. Luiz Correia
[Prega a Palavra]