segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A CURA PARA A ANSIEDADE




Filipenses 4.6-7

INTRODUÇÃO

1.      A ansiedade é considerada pelos psicólogos como a mais perigosa doença do século. De acordo com OMS mais de 50% das pessoas que passam pelos hospitais são vítimas da ansiedade. O psicólogo Rollo May afirma que a ansiedade é o mais urgente e o mais grave problema desta geração.
2.      A ansiedade atinge todas as idades: 1) As crianças estão sofrendo de ansiedade: Ilustração: “que vidão em filha! O Senhor é que pensa!”; 2) Os adolescentes estão enfrentando ansiedade. Ilustração: espinhas no rosto, a briga com o espelho, a pressão da família em relação ao vestibular; 3) Os jovens estão vivendo em ansiedade. Ilustração: Com quem vou me casar? Onde vou trabalhar?; 4) Os casados estão ansiosos, vivendo a pressão da estabilidade financeira; a garantia no emprego; o estudo dos filhos; o namoro dos filhos; o medo de perder o emprego; 5) Os idosos vivem ansiosos, é o medo da doença, edo da solidão. Ansiedade em relação aos filhos e aos netos.
3.      Qual foi a última vez que você viu uma pessoa ansiosa? Você se olhou no espelho hoje? Você é daquilo tipo de gente que o problema está longe e você pensa que ele já está batendo à sua porta? Você é daquele tipo de gente que quando não tem problema, você cria um?
4.      Milhões de dólares são gastos em calmantes e em entretenimentos para aliviar o homem do mal da ansiedade. A ansiedade é uma doença causada pelo pecado. Por isso, a Palavra de Deus traz solução para esse mal.

I.                   AS CAUSAS DA ANSIEDADE

1.      A ansiedade é resultado de olharmos para os problemas em vez de olharmos para Deus [Circunstâncias Adversas]

Ansiedade é gerada no coração quando começamos a focarmos mais as circunstâncias do que a Deus. Paulo sabia que as circunstâncias adversas tanto dos filipenses, [perseguições, perca de bens e de liberdade] como a dele próprio [preso, em julgamento. “ardente expectativa” [1:26], com possibilidade de ser condenado] eram geradoras de ansiedade. Quem decide seguir a Cristo bem saberá que se erguerão forças, obstáculos, empecilhos nesta caminhada. Há um risco real de sermos tomados pelas circunstâncias temerosas a nossa volta. E se fizermos, ou seja, focalizarmos nosso olhar mais nas circunstâncias do que em Deus que “tudo governa” ficaremos ansioso. Assim foi com os espias de Israel que diante dos inimigos se viram como meros gafanhotos, assim foi com Pedro que ao reparar a força dos ventos começou a afundar, ou como Geazi que olhou para os inimigos e não notou que Deus estava ao lado dele. Eliseu certamente viu o inimigo e o poderoso exército, mas acima de tudo viu o Senhor dos exércitos. Foi quando Eliseu orou por Geazi para que Deus lhe abrisse os olhos a fim de que visse que Deus estava no controle de tudo.

E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles.E orou Eliseu, e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o SENHOR abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu. [II Rs 6:16-17]

2.      A ansiedade é resultado de relacionamentos quebrados [Conflitos Interpessoais]

As pessoas nos fazem sofrer mais do que as circunstâncias. Nós desapontamos as pessoas e as pessoas nos desapontam. Paulo diz que as pessoas têm a capacidade de nos dar alegria assim como também roubar a nossa alegria [Fp 2:1-2, 4:1]. Há muitas pessoas ansiosas e deprimidas por causa de um relacionamento quebrado, de uma mágoa não curada, de uma ferida aberta. Há muitas pessoas prisioneiras da amargura. Ilustração: A falta de perdão torna você prisioneiro da pessoa com que você menos gostaria de conviver.

3.      A ansiedade é resultado de uma exagerada preocupação com as coisas materiais [Preocupação Material]

Paulo diz que algumas pessoas vivem ansiosas porque elas só se preocupam com as coisas materiais (3:19). Essas pessoas fazem do dinheiro o seu deus. Eles não confiam em Deus, mas no dinheiro. Nós vivemos numa sociedade materialista. O dinheiro é um deus para muitos. As pessoas compram o que não precisam, com o dinheiro que não têm, para impressionar as pessoas que não conhecem. Apesar de todo o luxo e o materialismo as pessoas continuam infelizes e doentes. Na década de 50 se consumia 5 vezes menos que hoje. O luxo tornou-se necessidade do hoje. Na década de 70, 70% das famílias dependiam apenas de um orçamento para sustentar a família. Hoje mais de 70% das famílias, precisam de duas rendas para manter o mesmo padrão. Hoje, coisas estão substituindo relacionamentos. Pessoas e casais se preocupam tanto com luxo, dinheiro, conforto que não valorizam relacionamentos. Sacrificam suas famílias e casamentos achando que dinheiro, luxo e riqueza traz felicidades. Jesus afirmou: : Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui (Lucas 12:15). Jesus falou de uma ameaçadora e destrutiva ansiedade devido a preocupação excessiva com coisas materiais [Mt 6:25-33, veja Fp 4:19]. Paulo falou que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males [I Tm 6:10]

4.      A ansiedade é resultado de um passado não tratado.

Há muitas pessoas que vivem ansiosas porque nunca resolveram problemas do passado. Elas são prisioneiras do passado. Paulo fala dessa realidade no capítulo 3 verso 13. Paulo tivera um terrível passado. Mas, quando Jesus transformou a sua vida, ele sepultou o passado no passado. Paulo não continuou a ser prisioneiro dos seus sentimentos. Ele olhou para a cruz e tirou de suas costas o fardo que o oprimia. Ele disse: “Se alguém está em Cristo é nova criatura, as coisas antigas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5:17).

Há dois aspectos sobre o passado e nós.

(1) O que eu fiz de errado [passado pecaminoso] – Deus orienta que devemos confessar ou aqueles que eu feri e restituir se for preciso. Se caso não faço isto sofrerei dano [Sl 32:3-4]
(2) O que os outros fizeram contra mim – Vivemos num mundo caído e as pessoas vão nos ferir. Deus orienta a tratar [confrontar em amor] e perdoar. Devemos jamais esquecer “Deus é soberano” em tudo inclusive sobre o meu passado inocente. Ele é fiel! [Lm 3:21-23]

5.      A Ansiedade é resultado de um medo do futuro

O outro lado da ansiedade é o futuro. Há pessoas que abandonam o presente com medo do futuro. Eles estão tristes hoje, porque estão com medo do amanhã. Eles têm medo de viver e medo de morrer. Medo de ficar solteiro e medo de casar. Medo de trabalhar e medo de perder o emprego. Medo da multidão e medo da solidão. Deus é dono do nosso futuro [Jr 29:11]
II.                OS RESULTADOS DA ANSIEDADE

1.      A ansiedade produz um estrangulamento na alma

O termo ansiedade provém do grego que significa oprimir/sufocar. Ansioso significa “dividir em partes”.
A palavra sugere uma distração, uma preocupação com coisas. Um ansioso é um pessoa estrangulada, angustiada, aflita, fragmentada, dividida ao meio
. A pessoa é rasgada ao meio. Fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. A pessoa ansiosa perde o equilíbrio.

2.      A ansiedade rouba as nossas forças

A ansiedade no coração do homem o abate [Pv 12:25]. Uma pessoa ansiosa é uma pessoa preocupada [pre-ocupada].  Existe a preocupação salutar, ela não é condenada, nem proibida. Paulo fala a Timóteo que apesar de não estar ansioso diante dos açoites, mostrava preocupação (ansiedade) com o bem-estar da Igreja. (Filipenses 2:20) e que ficou com o estado de saúde de Epafrodito [2:27]. A questão é a preocupação excessiva o problema ainda não aconteceu e eles já estão sofrendo. A ansiedade rouba a energia antes e quando o problema chega, se chegar, a pessoa já está fragilizada.
Um médico experiente analisou as preocupações características de seus pacientes e verificou que 40% deles estavam preocupados com coisas que nunca iriam acontecer; 30% estavam preocupados com coisas acontecidas no passado; 12% tinham medo de perder a saúde, embora sua única doença estivesse na imaginação. Os outros 18% tinham outras preocupações, mas o médico descobriu, que em geral, elas não tinham qualquer fundamento.

3.      A ansiedade é inútil

Jesus alertou para este ponto: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” (Mt 6:27). A preocupação em vez de dilatar a vida, a encurta. Em vez de querer administrar o inadministrável, depois lançar sobre os pés do Senhor toda a nossa ansiedade (1 Pe 5:7).

4.      A ansiedade é incompatível com a fé cristã

Jesus deixou isso claro: “Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas” (Mt 6:31-33). A ansiedade não concubina com aqueles que conhecem a Deus.

Jesus ainda nos ensina: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus próprios cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6:34). Você sofre hoje pelas coisas de amanhã. Você antecipa não o futuro com a ansiedade, mas o sofrimento que ele pode trazer. Você sofre duas vezes ou sofre desnecessariamente. Ansiedade é uma perda de tempo, de energia, de fé.

III.             O TRATAMENTO PARA ANSIEDADE – ORAÇÃO! [v.6]

A ansiedade é o oposto da vontade de Deus para nós. Um cristão ansioso é uma contradição. Deus não apenas dá uma ordem: Não andeis ansiosos, mas oferece a solução. Não apenas diagnostica a doença, mas oferece o remédio celestial.

Nós devemos entender que Deus é maior do que os nossos problemas – Nossa vida está nas mãos do Deus que governa o universo. Nossa vida não está solta, sendo jogada de um lado para o outro ao sabor das circunstâncias. O Deus que está no trono, governa a nossa vida. Ele é maior do que os nossos problemas. Os nossos problemas estão debaixo dos seus pés. Ilustração: Os discípulos estavam muito ansiosos enfrentando uma terrível tempestade de madrugada. Jesus aparece andando sobre o mar. Ele dizendo: O que ameaça vocês, está literalmente debaixo dos meus pés.

Certo homem, dirigindo a sua carroça passou ao lado de um viajante que à pé carregava um pesado saco às costas. Ofereceu-lhe uma carona. Depois de certo tempo notou que o homem, apesar de estar na carroça, ainda segurava o fardo nas costas. Por que o senhor não coloca a bolsa no fundo da carroça? Perguntou o homem. Bem, respondeu o caroneiro, o senhor já é tão bondoso em me levar que não quero lhe dar este incômodo de levar este saco.
Amigo, quantas vezes fazemos exatamente assim com Jesus? Cremos que Ele carregou nos Seus ombros a pesada cruz em nosso lugar. Cremos que Ele leva a nossa alma a salvo para o Lar Celestial, mas achamos que nós mesmos temos que carregar os fardos de nossas preocupações diárias, sejam elas grandes ou pequenas. Como é maravilhoso saber que podemos entregar a Jesus, cada dia, todos os nossos problemas e preocupações. Nada e tão pesado que Cristo não possa carregar e nada é tão pequeno que não O possa interessar. Façamos isto! [I Pe 5:7]

A medicina de Deus deve ser usada de acordo com a divina prescrição

1.      Aprenda a orar corretamente (v. 7) – Paulo fala sobre três diferentes tipos de oração: adoração, petição e ações de graças. A oração pode fazer por nós o que a ansiedade não pode fazer. Primeiro, Paulo diz que devemos aprender a adorar a Deus. Oração é fundamentalmente intimidade com Deus. Orar é estar em comunhão com o Rei do Universo. Nós adoramos a Deus por quem Deus é. Em vez de ficarmos ansiosos, devemos contemplar a majestade de Deus e descansar nos seus braços. Se Deus é quem é e se ele é o nosso Pai, não precisamos ficar ansiosos. Segundo, Paulo diz que podemos trazer a Deus os nossos pedidos. Ele é o nosso Pai amoroso. Ele cuida de nós. Ele sabe o que precisamos. Dele procede todo dom perfeito. Oração e ansiedade são mutuamente exclusivos. Se você não ora por todas as coisas, você estará ansioso pela maioria das coisas. A oração é a medicina divina. Terceiro, Paulo diz que podemos agradecer a Deus o que já temos recebido. Olhe para o que Deus já fez (Salmos 116:7). Deus desbarata os nossos inimigos quando nós o louvamos (2 Cr 20:21).

2. Aprenda a pensar corretamente (v. 8) – Assim como você pensa, assim você é. Você é produto dos seus pensamentos. A luta é ganha ou perdida na sua mente. Se você armazena coisas boas na sua mente, você é um vencedor. Mas se você entulha só coisas negativas, sua vida não prosperará. Ilustração: Ana, enquanto ficou ouvindo os arautos do pessimismo, mergulhou em profundo choro. No que dia que ouviu a promessa de Deus, sua alma e seu ventre foram curados.

3. Aprenda a agir corretamente (v. 9) – Ser cristão não é apenas conhecimento. É sobretudo vida. Conhecimento sem prática não fará de você uma pessoa melhor do que os demônios. Eles conhecem. Eles creêm e tremem, mas não obedecem.

IV. A PREVENÇÃO DE DEUS PARA ANSIEDADE:  A PAZ DE DEUS [v.7]

A cura para a ansiedade não está nos recursos humanos, mas na provisão divina. Paulo nos ensina algumas lições importantes neste texto:

1.      A cura é o resultado do uso correto do remédio divino – “E a paz de Deus…”. Quando usamos corretamente o remédio prescrito por Deus, ele produz em nós a cura. A paz de Deus é o resultado da nossa cura. A paz de Deus é o substituto para a ansiedade. O mesmo coração que estava cheio de ansiedade, pela oração, agora está cheio de paz. Temos não apenas a paz com Deus, um relacionamento certo com Deus. Temos, também a paz de Deus, um sentimento certo com Deus. Mas, temos também além da paz de Deus, o Deus da paz conosco (Fp 4:9). Você tem não apenas um sentimento, mas uma Pessoa, a Pessoa divina, onipotente com você.

2.      A paz que recebemos é uma paz celestial e não terrena – É a paz de Deus. Não é ausência de problemas. Não é fuga dos problemas. Não é a paz de mosteiro. Essa paz não é produzida por circunstâncias. Ela co-existe com a dor, com as lágrimas e até com a morte. Esta paz não é produzida por circunstâncias. O mundo não conhece essa paz nem a pode dar. Governos humanos não podem gerar essa paz. Esta paz vem de Deus. [Jo 14:27]

3.      A paz que recebemos é relacional e existencial – Todo cristão tem paz com Deus (Rm 5:1) e todo cristão pode ter a paz de Deus (Fp 4:7). A paz com Deus é relacional. Ela significa um correto relacionamento com Deus pela justificação. A paz com Deus fala sobre nossa confiança diante do trono de Deus, porque Cristo morreu por nós, pagou a nossa dívida e nos reconciliou com Deus. Mas a paz de Deus é existencial. Ela é experimental. Ela fala daquela calma interior no meio dos problemas. Esta paz fala da visitação especial de Deus nos dias tenebrosos. Essa paz é aquela que Jó experimentou quando disse que Deus inspira canções de louvor nas noites escuras. É paz de levou Spafford a escrever depois do naufrágio das suas quatro filhas: “It is well with my soul”. A paz com Deus depende da fé, a paz de Deus depende da oração. A paz com Deus descreve o estado entre o cristão e Deus. A paz de Deus descreve a condição dentro do cristão.

4.      A paz de Deus transcende a compreensão humana – Esta paz não é misteriosa, mas é transcendente. Ela vai além da compreensão humana. A despeito da tempestade do lado de fora, podemos desfrutar de bonança dentro de nós. Esta é a paz que os mártires sentiram diante da morte. Esta á a paz de Paulo sentiu ao caminhar para a guilhotina: “Eu sei em quem tenho criado…”. Ilustração: A família de Inchon que foi sepultada viva e cantou até a hora da morte.

5.      A paz de Deus é uma sentinela celestial ao nosso redor – A palavra “guardará” traz a ideia de uma sentinela, um soldado na torre de vigia, protegendo a cidade. A paz de Deus é como um exército protegendo-nos dos problemas externos e dos medos internos. Paulo diz que esta paz guarda os nossos corações (sentimentos errados) e nossas mentes (pensamentos errados). A paz de Deus guarda as nossas emoções e o nosso intelecto, nossos sentimentos e nossos pensamentos.

CONCLUSÃO

• Esta não é uma mensagem teórica. Ela é prática e funcional. Paulo não escreveu esses princípios como um acadêmico ou teórico. Ele experimentou tudo isso que nos ensinou. Ele estava no portão da morte. Esta caminhando para a guilhotina romana. Mas ele estava livre de ansiedade. Sua mente e seu coração estavam guardados pela paz de Deus. Deus não mudou e ele pode fazer o mesmo por nós.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

MARCA 7: DISCIPLINA BÍBLICA NA IGREJA [Parte I]



Hb 12:3-11

Introdução
Disciplina eclesiástica é um termo em risco de extinção no seio da igreja. Vivemos a era do individualismo, da tolerância, da liberdade de escolha quanto ao comportamento, a privacidade e a disciplina eclesiástica vai de encontro a estes conceitos da pós-modernidade. Para muitos, inclusive cristãos, a igreja não tem nada a ver com o procedimento "secular" de seus membros. Além do mais a igreja precisa conservar a todos o custo os seus membros. Os líderes com medo da impopularidade, fecham olhos para a presença do pecado na igreja e em nome de uma atitude mais humana e "amorosa" omitem qualquer ação disciplinar. Ao mesmo tempo existem os extremos de disciplinas realizadas sem base bíblica e feitas de uma forma errada e injustas.
  O exercício da disciplina na igreja é algo tão importante que o reformador João Calvino a considerou, ao lado da proclamação da Palavra e da administração das ordenanças, uma das marcas que distinguem a igreja verdadeira da falsa. A igreja, quando negligencia essa área, ela não está somente enferma, mas pior ela deixa de ser verdadeira. O resultado é que a autoridade na pregação e o testemunho do Evangelho ficam prejudicados.
Não queremos desenvolver um espírito de censura gratuita, no qual enxerguemos sempre o argueiro no olho do irmão antes da trave que está no nosso. Mas precisamos despertar um senso de comportamento bíblico que faça justiça ao nome de Cristo e que não envergonhe o Evangelho. Isso começa com o cuidado sobre a nossa própria vida e deve se estender pela nossa igreja local. A disciplina, exercida com amor, pelas razões especificadas na Bíblia e com os objetivos que ela prescreve, deve ser exercida na esfera pessoal e apoiada e compreendida quando já estiver na esfera Igreja. 

Deus ama a Igreja e deseja mantê-la saudável através da disciplina bíblica.

I.       A NECESSIDADE DA DISCIPLINA NA IGREJA
II.     O PROPÓSITO DA DISCIPLINA NA IGREJA
III.  OS PASSOS DA DISCIPLINA NA IGREJA
IV.  OS EXEMPLOS BÍBLICOS DE DISCIPLINA NA IGREJA

I.       A NECESSIDADE DA DISCIPLINA NA IGREJA

Disciplina é uma necessidade humana e de toda e qualquer instituição, primeiramente precisamos de disciplina própria [I Co 11:31], ou seja, precisamos nós mesmos corrigimos as nossas atitudes erradas. O lar também precisa de disciplina, os pais devem disciplinar [corrigir] seus filhos [Ef 6:4] e outra instância que precisa de disciplina é a igreja, para o bem de sua saúde espiritual.

O texto de Hebreus 12:4-11 aborda aspectos sobre a natureza da disciplina divina. Deus disciplina, Deus corrige. Este texto é um fundamento para uma visão correta e sadia de disciplina. Tantos para os pais, como os membros de uma igreja local. Vamos considerar alguns aspectos da disciplina divina:

1.      A Disciplina é uma prova do amor de Deus [4-6]

É certo que o mundo vê a disciplina como expressão de ira e hostilidade, há uma repugnância quanto a isto e hoje mais ainda. O texto afirma sobre “menosprezar” [fazer pouco caso, tratar como insignificante]  mas as Escrituras mostram que a disciplina de Deus é um exercício do seu amor por seus filhos. Isto não é contradição, o fato lamentável é que as pessoas não conhecem a Deus verdadeiramente e não sabem o que é amor. Amor e disciplina possuem conexão vital (Ap 3.19). Disciplina é prova de amor! É um privilégio que Deus estende aqueles que ele ama. Ironicamente, Deus não disciplina aqueles que não lhe pertencem. A estes Deus julga. É  por isso que quando somos disciplinados por Deus devemos ver isto como prova de amor, não ficarmos “desmaiados”, desanimados, triste. Porque não consegue ver o propósito de Deus a longo prazo.
Içama Tiba, lançou um best-seller “Quem ama educa”, eu creio que alguém deve lançar esse livro: “Quem ama disciplina”. Então amados, quando estamos sendo corrigidos por Deus, Ele esta mostrando o seu amor:
Portanto a disciplina eclesiástica é uma expressão de amor e deve ser exercida em amor (Hb 12.6-11; Ef 4.15; 2 Ts 3.15; 2 Jo 6; 2 Co 2.6-8; Pv 13.24), mansidão (2 Tm 2.24,25; Gl 6.1), bondade (Rm 15.14), paciência (1 Ts 5.14) e com pesar (1 Co 5.1,2).
Portanto disciplina eclesiástica não é vingança, não é uma expressão de arbitrariedade, não deve ser motivada por inveja, ciúme, não é uma ação tirânica, pode ser e se assim for é uma perversão do que é disciplina.

2.      É uma prova da paternidade de Deus [7-9]

A disciplina não é somente sinal de amor, mas evidência de filiação espiritual. A disciplina envolve relacionamento familiar (Hb. 12.7-9), e quando os cristãos recebem disciplina divina, o Pai celestial está apenas tratando-os como seus filhos. Deus não disciplina bastardos, ou seja, filhos ilegítimos (v. 8). O pai que não disciplina o filho é uma pai negligente, deficiente, um mau pai. A psicologia e as escolas humanistas me atacariam por dizer isto. Além do mais há debatida lei da Palmada:

“Como foi amplamente noticiado, o Projeto de Lei n.º 2654/03, conhecido como Lei da Palmada, foi sancionado pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva, estabelecendo “o direito da criança e do adolescente a não serem submetidos a qualquer forma de punição corporal, mediante a adoção de castigos moderados ou imoderados, sob a alegação de quaisquer propósitos, ainda que pedagógicos”.
“Os pais que infringirem a lei poderão ser punidos e encaminhados a programas oficiais ou comunitários de proteção à família, fazer tratamento psicológico ou psiquiátrico, participar de cursos ou programas de orientação. Já a criança ou o adolescente poderá ser encaminhado a tratamento especializado.” [Do site http://mulheradventista.com/a-lei-da-palmada-diante-da-biblia/]
Não sou contra a proteção do Estado contra os excessos dos pais ou responsáveis [o abuso], mas considero um abuso também tal lei. Ocorre que, a despeito de toda a discussão jurídica e sociológica que permeia a Lei, a Bíblia diz assim:

“Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno.” (Provérbios 23:13 e 14).

“O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo o disciplina.” (Provérbios 13:24)

“A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela.” 
(Provérbios 22:15)

Portanto, Deus Pai disciplina e o fato de assim fazer é prova que Ele é Pai. Confesso que me contrário ao que alguns pensam quando vejo uma pessoa crente [o que se diz] que vivem em desobediência e rebeldia, que se afasta dos caminhos e que anda contrária a vontade de Deus e que nada acontece com ele, me preocupo pois tal progresso no pecado é sinal de que este não é filho de Deus. Igualmente quando percebo a mão disciplinadora na minha vida e na vida de outros irmãos, embora sofra e compadeça com estes, por outro lado costumo me alegrar, pois vejo o cuidado paternal de Deus. Enquanto algumas pessoas lamentam, eu me alegro. Que bom é um sinal do cuidado de Deus! Uma “boa surra” divina é um verdadeiro teste de DNA que prova que sou filho de Deus!

A disciplina divina não é judicial, para fazer com que paguemos nossos pecados. Ele envia dificuldade e desafios para nos corrigir e fortalecer nossa fé. Adversidades são auxílios e meios para nos aproximar de Deus. Ele não nos pune judicialmente, a seus filhos, não, mas paternalmente.
Alguns dizem: “Deus não mandaria e nem condenaria seus filhos ao inferno!”.  Afirmam alguns críticos contra a doutrina da condenação e do inferno. De fato seus filhos não são punidos, pois os pecados dos seus filhos foi pagos ou vindicados ou quitados na Cruz!  Só há dois lugares onde Deus pune pecado satisfazendo sua justiça que foi violada pelo pecado do homem. Na Cruz e no Inferno! John Piper explica assim:

Existe um julgamento cujo propósito é vindicar o direito por meio da restituição do erro, estabelecendo, assim, a eqüidade no reino de Deus, um reino de justiça. A cruz faz isso para aqueles que estão em Cristo, e o inferno o faz para todos aqueles que não estão em Cristo. A maldição que merecíamos foi lançada sobre Cristo, na cruz, se cremos nEle (Gl 3.13), mas recairá sobre nós, no inferno, se não cremos nEle (Mt 25.41). "

“No entanto, o alvo das conseqüências do pecado perdoado, as quais são enviadas por Deus, não é acertar as contas exigidas pela penalidade da justiça. Os alvos dessas conseqüências são: 1) demonstrar a excessiva malignidade do pecado; 2) mostrar que Deus não trata com leviandade o pecado, mesmo quando deixa de lado a punição; 3) humilhar e santificar o pecador perdoado.”

Hebreus 12.6 nos ensina que "o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe". O propósito não é penalizar, e sim purificar. "Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça" (Hb 12.10-11).

Somos por Deus disciplinados, Cristo foi punido na Cruz em nosso lugar, a ira Deus que era devida a nós foi por Cristo aplacada, quando ele bebeu o cálice pelos nossos pecados! Jesus foi punido por nós!

Transição – O texto de Hebreus 12 não só apresenta aspectos sobre a necessidade da disciplina, mas aponta também o propósito. Agora quero explorar os objetivos que se tem ao mencionar, primeiramente falarei da disciplina divina [modelo] e depois a disciplina divina por meio da igreja.

II.    O PROPÓSITO DA DISCIPLINA NA IGREJA [Hb 12:10-13]

Uma definição de disciplina eclesiástica seria: “Todos os meios e medidas pelas quais a igreja busca a sua santificação e boa ordem necessária para a sua edificação espiritual e a eliminação de tudo o que ameaça o seu bem-estar” (D.S.Chaff). Vejamos alguns propósitos da disciplina divina e eclesiástica:

1.      Para nos santificar [v.10]

O texto faz um contraste entre a disciplina do pai terreno diante do divino. [v.9]. Vivemos a crise de autoridade no lar, muitos pais [homens] são omissos como esposo e como pai. Onde falta esta autoridade a família e a sociedade entra em colapso. Então ele fala de que a disciplina do pai terrestre é curta e breve [eu levei umas lapadas até mais ou menos 10-11 anos], depois que o filho cresce e sai de casa acaba a autoridade paternal e assim a disciplina.  Além de curta a disciplina do pai terrestre é falível. Eu disciplinei meus filhos e procurei ser o mais bíblico possível, mas sei que as vezes errei. Deveria ter disciplinado quando não o fiz [errei por omissão] e disciplinei quando não deveria [errei por excesso]. Certamente errei porque disciplinei irado ou insensível.

A disciplina divina não. Ela é permanente, ou seja, mesmo um homem já bem mais maduro na fé esta sujeito a disciplina de Deus [pastor, diácono, líderes], como também a disciplina divina é perfeita. Deus sabe bem disciplinar, na medida certa, no momento certo, da forma certa e pelos motivos corretos. Deus visa corrigir, nos livrar do gosto pelo pecado, nos mostra o quanto o pecado é amargoso e seu gosto pode ser inicialmente doce mas seu fim é amargo. Ele quer nos tornar santos, quer que participemos de sua santidade.

Deixo-lhe dizer, compartilhar a santidade de Deus é uma benção sem medida. Não tem preço. Amigo, você que acredita que andar no pecado, amar o pecado, gostar de pecar, fazer o que lhe der na cabeça, se você acredita que isto sinceramente é vida verdadeira, eu lhe desafio a provar a desfrutar andar com Deus e experimentar a benção de sua santidade em sua vida, a benção da pureza, a benção de ter uma consciência sã, de ter um coração cheio de temor, a benção amar a Deus e odiar o pecado! Deus visa com sua disciplina nosso bem-estar espiritual e eterno.

2.      Para nos tornar frutíferos [v.11]

A disciplina que vem do Senhor é para nosso aproveitamento, ou seja, nosso bem (v. 10). Ainda que seja inicialmente doloroso receber disciplina, a mesma produz paz e retidão (v. 11). O propósito de Deus em disciplinar não é o de incapacitar permanentemente o pecador, mas antes de restaurá-lo à saúde espiritual (v. 13).  O propósito da disciplina é limpá-lo e levantá-lo para que você viva uma vida frutífera para a glória de Deus.  A disciplina é um ato doloroso, mas um ato de amor. A disciplina não é agradável nem para o filho, nem para o Pai, mas a disciplina é a demonstração de um amor responsável. A disciplina é o método de Deus para tirar você de esterilidade. [veja Jo 15:1-2]
Hebreus 12:11 mostra que o projeto de Deus na disciplina é produzir fruto. A disciplina não tem que ser contínua, tão logo o galho deixa de se arrastar pelo chão, tão logo o crente se arrepende, a disciplina cessa. Deus não espera que você procure a disciplina. Ele quer que você saia dela.

3.      Proteger a pureza moral e a integridade doutrinária da igreja (1 Co 5.6,7; 2 Jo 7-11; 1 Tm 1.13).

A igreja não pode tolerar o pecado (Ap 2.20). Se Cristo deseja sua igreja “sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.27), a disciplina eclesiástica é altamente relevante, pois é um meio instituído por Deus para manter pura a sua igreja. O servo de Deus sempre deve almejar a pureza da noiva do Cordeiro (2 Co 11.1-3), mesmo diante da possibilidade da sua contaminação pelo mundo. Garantir a pureza da fé e do modo de viver da Igreja. Se não houvesse disciplina, esta pureza estaria perdido.

4.      Dissuadir outros a não pecarem, temendo a disciplina (1 Tm 5.20; At 5.11).

A disciplina não é obrigatoriamente sinônimo de exclusão, assim como o remédio para tratar um membro doente não é a amputação, senão em último recurso. Isto ocorre frequentemente por falta de habilidade para tratar o caso e por falta de misericórdia por parte dos crentes. A disciplina tem o propósito de educar, corrigir, livrar do mau caminho (Pv 6.20,23; 5.22,23).

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MARCA 6 - UM ENTENDIMENTO BÍBLICO DA MEMBRESIA NA IGREJA


Introdução
Hb 10:24-25

Há certo “desencanto” por parte de alguns sobre a igreja, o surgimento de milhares de denominações evangélicas, com suas esquisitices e tirania [neopentecostais], os escândalos ocorridos nas igrejas tem levado muitos a se desencantarem com a igreja institucional e organizada. Havia um desencantamento por parte dos hebreus para com a fé cristã, logo, para com a igreja. Alguns estavam retrocedendo e abandonando a comunhão. Há atualmente certos fenômenos que ameaçam também o congregar e mais ainda o identificar com um corpo local de Cristo. Vamos a eles...

1.      Trânsito Religioso [Nômades da fé]
Há um fenômeno crescente e letal para a igreja nesses dias. É aquilo que alguns estudiosos têm chamado os “nômades da fé”. Existe hoje um contingente significativo de “evangélicos”, principalmente nos grandes centros urbanos, que estão sempre circulando de igreja em igreja. Não criam raízes, não conseguem cultivar relacionamentos. A preferência de muitos é visitar as igrejas e diluir-se na multidão. Ali a pessoa entra e sai sem ser notada ou cobrada. Esse fenômeno tem sido objeto de estudo por parte dos sociólogos que o denominam de “trânsito religioso”.

2.      Os Desigrejados
“Alguns simplesmente abandonaram a igreja e a fé. Mas, outros, querem abandonar apenas a igreja e manter a fé. Querem ser cristãos, mas sem a igreja. Muitos destes estão apenas decepcionados com a igreja institucional e tentam continuar a ser cristãos sem pertencer ou frequentar nenhuma. Todavia, existem aqueles que, além de não mais frequentarem a igreja, tomaram esta bandeira e passaram a defender abertamente o fracasso total da igreja organizada, a necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de sairmos da igreja para podermos encontrar Deus. Estas idéias vêm sendo veiculadas através de livros, palestras e da mídia. Viraram um movimento que cresce a cada dia. São os desigrejados”  [Augustus Nicodemus, em Os Desigrejados http://tempora-mores.blogspot.com/2010/04/os-desigrejados.html ]

3.      Fobia de Compromisso
Vivemos um momento em que as pessoas tendem a ter medo, aversão ou fobia de compromisso. Desejam viver de uma forma autônoma, independente e anônima. Uma pesquisa dos EUA aponta para este fenômeno. Lá 43% dos que se declaram cristãos são plenamente comprometidos com a fé cristã, ou seja, 57% dizem ser cristão, mas não querem compromisso. Certamente não encontraremos números diferentes por aqui. A questão que me vem à cabeça é: Como podemos ter pessoas que se dizem cristãs e afirmam que não desejam compromisso? Principalmente diante do chamado ao discipulado cristão [Mt 16:24]

4.      Egocentrismo
Esse fenômeno não é moderno, é humano e pecaminoso. Por que depender de alguém, se você pode fazê-lo por si mesmo? Hoje estamos preocupados com sossego e simplicidade. Porque se envolver com os outros? Você pode ser um fardo para eles; eles certamente serão um fardo para você.

5.      Uma visão distorcida de membresia
Alguns acreditam que esta idéia de membresia não é bíblica, ou não tem necessidade. Além do mais isto parece ser mais um elitismo, uma discriminação, ou mesmo presunção dizer que tais pessoas estão dentro e outras fora. Para que perder tempo com isto? O que importa não é apenas crer e batizar e não é isto que torna automaticamente uma pessoa membro de uma igreja?
É preciso corrigir tais idéias, é necessário considerarmos sobre o significado de membresia em uma igreja. Eu ouso a dizer que a revitalização de uma igreja passa também por este aspecto. Para desenvolver esta questão farei três perguntas:
1.      O QUE É IGREJA?
2.      POR QUE UNIR-SE A UMA IGREJA?
3.      O QUE ENVOLVE SER MEMBRO DE UMA IGREJA?

I.                   O QUE É UMA IGREJA?
Não é prédio, edifício, biblicamente prédio não é igreja, é o lugar onde a igreja se reúne. Os prédios com o fim de abrigar os cultos foram construídos a partir de III sec. D.C. A igreja se reunia em casas.
De acordo com o NT, igreja é, primeiramente, um corpo de pessoas que confessam e dão evidência de que foram salvas pela graça de Deus, tão-somente para a sua glória e por meio da fé em Cristo somente. É um edifício construído com pedras vivas. A palavra grega traduzida como "igreja" significa literalmente "chamado para fora, chamado", e assim se refere a um grupo de pessoas chamado para sair fora do pecado do mundo para servir ao Senhor.

A palavra igreja pode ter o sentido universal, referindo-se a todos os crentes de todas épocas e lugares. Esse sentido é bem escasso [Mt 16:18, Ef 5:23]. A maioria da referência à igreja no NT fala de um corpo de pessoas local, ativo e afetuoso, pessoas comprometidas com Cristo e umas com as outras. Neste sentido alguns exemplos: ". . . à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos . . ." (1 Coríntios 1:2); " E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano" (Mateus 18:17); ". . . saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles" (Romanos 16:5).

II.                POR QUE SE UNIR A UMA IGREJA?
Unir-se a igreja local não o salvará, assim como obras, sejam elas religiosas ou não, tais como educação, amizade, contribuição e batismo. É fundamental alguém primeiro e crucialmente entender o evangelho, saber o que significa ser um discípulo de Cristo, arrepender e crer em Cristo, para então unir-se a uma igreja. Mas aquele que confessa ou julga seguir a Cristo deve unir-se a uma igreja sim!
Ser discípulo de Cristo não é tão somente o cultivo de virtudes isoladas e individuais – honestidade, fidelidade a família, ou crenças corretas e atividades espirituais [não creio mais em ídolos, leio a bíblia, oro, etc.]. A vida cristã inclui relacionamentos, vínculos com aqueles que seguem a Cristo. O ser membro de uma igreja local não salva, mas é um reflexo. Ao unirmos a uma igreja local estamos dando as mãos para conhecermos e sermos conhecidos uns pelos outros. Não há sentido de vivermos a vida cristã sozinhos. Ofereço-lhes algumas razões porque devemos nos unir a uma igreja:
1.      Para Evangelizarmos o Mundo [Mt 28:19-20]
Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20). Juntos podemos propagar com mais eficiência o evangelho em todos os lugares [At 1:8]. Fazemos isto por meio das palavras e ações em conjunto. Promovemos o evangelho ao cooperarmos para levar os não-convertidos a fé cristã.  Devemos portanto unir em um comunidade visando a expansão do evangelho [indo, orando, contribuindo]. Sem essa união não é possível a obra de evangelização. Esse é um propósito da igreja e uma marca de uma igreja saudável.
2.      Para Edificar a Igreja [Hb 10:24-25]
Unir-se a igreja nos ajudará a combater nosso individualismo egoísta e celebrar a natureza de corpo. É preciso esta fundamentalmente ligado a Cristo [cabeça, videira]. É possível alguém viver toda a vida religiosa e ativa e não ser verdadeiramente crente. Mas seguir a Cristo e amá-lo envolver viver a vida no corpo de Cristo. Envolver-se com outros, amá-los, servi-los e perdoá-los. Em um corpo desfrutaremos de amor, correção, orientação, amparo, ensino, celebraremos a ceia do Senhor, seremos corrigidos e disciplinados. Seguir a Cristo envolve o cuidado e o interesse pelos outros. 
Ao nos identificarmos com uma igreja é nossa responsabilidade de nos apegar uns aos outros. Ao submetermos a uma igreja sujeitamos aos seus líderes, estamos sob sua autoridade, desejamos que outros irmãos orem e saibam que estamos juntos, asseguramos nosso compromisso com Cristo.
Unir a igreja aumenta o nosso senso de fazer parte da obra de igreja, da sua comunhão, dos seus alvos e dos seu  sustento. Deixamos de ser consumidores nos tornamos participantes cheios de alegria. Eis a razão porque Deus nos capacitou com dons espirituais, para exercitá-los na edificação da igreja [I Co 14:12]. Em fim ser cristão envolve tanto um projeto individual, como uma atividade corporativa. [Jo 15:12,17, I Jo 3:18]. Portanto junte-se aos cristãos ao seu redor, para edificar a igreja.
Então porque você não é membro de uma igreja? Espero que não seja algumas dessas razões:
A.    Não quero ser membro da Igreja porque posso participar assistir aos cultos, participar da Ceia e até ser dizimista, sem a necessidade de um ritual ou um pedaço de papel que me diga o que sou ou não. Se você pensar bem, esta é a mesma razão pela qual as pessoas querem “morar junto” hoje em dia, sem estar casadas legalmente. É ter as recompensas sem o peso dos deveres. O outro nunca pode exigir nada, porque, se eu não gostar mais, posso simplesmente ir embora sem ter de dar satisfações a ninguém.

B.     Não quero ser membro da Igreja porque gosto de circular por aí, conhecer novas idéias e novas pessoas. Ser membro significa aderir a um conjunto de preceitos e eu não gosto que ninguém me diga o que pensar ou não. Existem coisas com as quais eu não concordo na Igreja. Sem ser membro, não tenho compromisso com nada disso.

C.     Não quero ser membro da Igreja para não ter a responsabilidade pessoal de zelar pelo meu testemunho em relação a ela. Se alguém me perguntar alguma coisa, digo simplesmente que frequento, estou visitando, vendo “qual é”.

D.    Não quero ser membro da Igreja para não ter de sustentar as coisas chatas que toda Igreja tem. Posso fazer o que quiser, sem ser requerido. Não tenho a obrigação de amar ninguém nem de sustentar ninguém com minhas orações. Se alguém pegar no meu pé, posso ameaçar ir para outra comunidade.

A minha pergunta é tal pessoa que pensa assim tem a mente de Cristo? Tal pessoa ama a Deus e ao próximo, ou não se trata apenas de uma pessoa egoísta e presunçosa?

3.      Para Glorificar a Deus
Nossa vida no corpo tem de nos identificar com o corpo de Cristo e assim glorificá-lo. Jesus disse: Edificarei a minha igreja. Jesus amou sua igreja. Se Jesus está comprometido com ela, devo também estar. Então amo os irmãos, sirvo, participo, comungo, oro, contribuo, aprendo e ensino, envolve-me com o fim de fazendo isto Deus seja glorificado. Meu relacionamento no corpo, na família trará glória a Deus.
III.             O QUE ENVOLVE SER MEMBRO DE UMA IGREJA?
Fundamentalmente o ser membro de uma igreja envolve uma vida de arrependimento e fé, ela é uma comunidade daqueles que nasceram de novo. Devo então batizar-me em obediência a Grande Comissão [Mt 28:18-20] e em testemunho de minha conversão [Rm 6]. Em nossa igreja os passos que se segue um curso de membresia que é uma espécie de introdução ao que significa ser membro. Então temos um perfil que buscamos almejar em nossa comunidade com cada membro:

1.      Congregar-se [Hb 10:25] – Assistir aos cultos regularmente. Sabemos que cada um tem sua realidade mas esperamos que os membros não se acomode a participarem somente do culto de domingo a noite. Temos outras reuniões [casais, jovens, mulheres, crianças, EBD, Encontro de Comunhão, Retiros, vigília de orações e assistir as Assembléias onde a igreja ali demanda decisões, trata de assuntos disciplinares, recebe prestação de contas sobre as finanças.]. Além do mais deve participar da Ceia do Senhor. Neste ano teremos as Ceias em todo o fim do mês pelas manhãs de domingo com um almoço de comunhão.

2.      Vida Devocional – Oração e Leitura particular e regular.

3.      Contribuir regularmente, proporcionalmente e liberadamente [Ml 3:10, Lc 6:38, I Co 16:1-2, II Co 9:7]

4.      Servir no corpo

5.      Dar um bom testemunho cristão.

Conclusão:
Pacto de membresia de Membresia da IBF - Tendo sidos levados, como creio, pelo Espírito Santo a reconhecer a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador e Senhor, e, tendo sido batizado sob a fé Cristã, me sinto liderado pelo Espírito Santo a me unir a IGREJA BATISTA FILADÉLFIA e comprometo-me com Deus e com os irmãos nas seguintes resoluções:

1.      PROTEGER A UNIDADE DA MINHA IGREJA
- Agindo com amor para com os outros membros orando e ajudando nas enfermidades e necessidades.
- Cultivando relações francas, dispondo-me a perdoar e recusando-me a fazer calúnias e espalhar contendas.
- Seguindo os líderes

2.      COMPARTILHAR A RESPONSABILIDADE DA MINHA IGREJA
- Orando por seu crescimento
-Fazendo o melhor possível para a ajudar afazer de minha igreja uma comunidade mais atenciosa para com seus membros e os visitantes em nosso meio

3.      SERVIR NO MINISTÉRIO DA MINHA IGREJA
- Descobrindo meus dons e talentos
- Sendo equipado pelo pastor e líderes para servir
- Desenvolvendo coração de servo

4.      APOIANDO O TESTEMUNHO DE MINHA IGREJA
- Freqüentando fielmente
- Vivendo uma vida cristã, sendo exemplar em minha conduta
- Contribuindo financeiramente de uma forma regular