terça-feira, 7 de agosto de 2012


Escola Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Introdução ao NT
Aula 1

CONTEXTO HISTÓRICO E COMPOSIÇÃO DO NT

Para a realização de um ato em uma peça artística se faz importante uma preparação. Assim Deus também  preparou providencial e sabiamente o mundo para um grande evento – A vinda de Cristo. Em Galátas 4:4 Paulo chama essa preparação de plenitude dos tempos. “Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho...” Marcos também indica que a vinda de Cristo aconteceu quando tudo já estava preparado na terra (Mc 1.15).  Este cenário está incluído os três mais importantes povos e suas respectivas contribuições que tiveram um papel importante no início da era cristã. Esses povos são os gregos, os romanos e os judeus. Veremos mais de perto cada e sua devida contribuição.

A PREPARAÇÃO HEBRAICA – Religião - Jerusalém

- O povo de Israel é a nação eleita [Ex 19:6] tendo sido escolhidos para serem os mensageiros do Senhor para as nações, fracassaram por causa da contínua desobediência e da idolatria sobrevindo o julgamento de Deus.

- Os judeus foram espalhados pelo mundo [Grande Dispersão] e espalharam duas características onde passavam: O Monoteísmo e a Lei de Deus

- No futuro quando pelas ações missionárias dos apóstolos e discípulos de Cristo às nações estas já possuíam palavras e ideias que não eram totalmente novas. Como exemplo temos a Septuaginta [LXX], tradução do AT para o grego [250 – 150 a.C] que possibilitou o conhecimento do AT para vários povos.

- As seitas ou facções judaicas, os fariseus [ estudiosos do AT] e saduceus [líderes políticos, sacerdotes, os principais do Sinédrio], surgidas nos segundo século defendiam o caráter sagrado do AT. Os fariseus criam na ressurreição, anjos e espíritos e no juízo final [os saduceus não – ver At 23:6-8]. Ambos receberam a desaprovação de Jesus por sua incoerência e hipocrisia [Mt 23:23,24]

- Outras contribuições dos judeus: [1] A esperança messiânica  [2] Ética [ex. Os Dez Mandamentos] [3] O AT [4] Filosofia da História [5] Sinagoga

A PREPARAÇÃO GREGA – Língua – Atenas

- Uma língua e um mundo era ambição de Alexandre em 300 a.C. Os povos conquistados por Alexandre absorveram a língua grega como padrão bem como sua cultura. Mesmo depois da morte prematura de Alexandre as marcas da cultura grega permaneceram.

- A língua grega contribuiu para que o cristianismo e o NT fossem propagados. Os apóstolos pregavam em grego e o NT foi escrito em grego, o idioma comum do mundo.

- Além da língua, os gregos contribuíram com ambiente intelectual propício para a propagação do Evangelho. Os romanos podem ter sido os conquistadores dos gregos [politicamente], mas os gregos conquistaram os romanos culturalmente.

“A mente prática dos romanos pode ter construído boas estradas, pontes fortes e belos edifícios, mas a grega erigiu os grandiosos edifícios da mente.” [Earle E. Cairns]

- Outra contribuição grega foi a Filosofia que levou à destruição as antigas religiões.

“Qualquer um que chegasse a conhecer seus princípios, fosse grego ou romano, logo perceberia que sua disciplina intelectual tornou a religião tão ininteligível que a acabava abandonando em favor da filosofia. A filosofia falhou, porém, na satisfação das necessidades espirituais do homem...” [Earle E. Cairns]

PREPARAÇÃO ROMANA – Política – Roma

- Roma se destaca pelo apego à lei e a ordem. O vasto território sob o domínio de Roma era muito bem organizado e administrado de maneira eficaz pelos romanos.

- Os romanos enfatizavam a lei e a ordem, apoiado por um poderio militar, trouxe a paz no reinado de César Augusto [Lc 2:1-7]

“Os romanos, como nenhum outro povo até então, desenvolveram um sentido da unidade da espécie sob uma lei universal. Este sentido da solidariedade do homem no Império criou um ambiente favorável à aceitação do Evangelho que proclamava a unidade de raça humana, baseada no fato de que todos os homens estavam sob a pena do pecado...A unidade política seria a contribuição particular de Roma. A aplicação da lei romana aos cidadãos de todo o Império era imposta diariamente a todos os cidadãos e súditos do Império pela justiça imparcial das cortes romanas.” [E.E Cairns]

- Os romanos construíram um sistema viário que contribuiu grandemente para tornar as viagens mais fáceis e seguras por todo o império. Possuíam drenagem e eram vigiadas por soldados. Estas estradas foram usadas por Paulo em suas viagens missionárias.

“Pompeu tinha varrido os piratas do Mediterrâneo e os soldados romanos mantinham a paz nas estradas da Ásia, África e Europa. Este mundo relativamente pacífico tornou mais fácil a movi­mentação dos primeiros cristãos nas cidades onde pregavam o Evangelho a todos os homens.” [E.E. Cairns]

- Negativamente os romanos possuíam uma degeneração moral e religiosa que acentuava o anelo por redenção. A fé nos deuses esfriara-se e a religião estatal era formal e rígida para satisfazer os desejos das pessoas.

A PALESTINA DO PRIMEIRO SÉCULO

A Dinastia Herodiana

- Herodes, o Grande [37- 4 a.C] – Escolhido por Roma para governar a Palestina. Seu reinado foi marcado por intrigas e matanças [Mt 2]
- Herodes, Antipas, filho de Herodes, o Grande [4 a.C – 39 d.C] – Era o tetrarca da Galileia e da Pereia. Esse Herodes foi algoz de João Batista [Mt 14:1-12] e Jesus o chamou de “essa raposa” [Lc 13:32] ele também participou do julgamento de Cristo [Lc 23:7-12]
- Hedores Agripa I, neto de Herodes, o Grande, sucessor de Antipas, governou a Galileia, Samaria e Judeia [34-44 a.C]. Foi o algoz de Tiago, filho de Zebedeu. [At 12]
- Herodes Agripa II [50 -100 d.C] – É citado em At 25.26 pronunciando um veredicto em favor da absolvição de Paulo [At 26:31-32]

Pôncio Pilatos – [26-36 d.C]

Procurador romano da Judeia que participou no julgamento de Cristo [Jo 18:38-19:6], depois da morte de Cristo foi deposto por Tibério.

Os sumo-sacerdotes

Eram espécie de “governadores” que ao lado do Sinédrio em Jerusalém governavam os judeus. Destacam-se três sumo-sacerdotes. Anás que era sogro de Caifás, Caifás [Jo 18:13] e Ananias [At 23:2]

Vida Religiosa

O templo era o centro da vida religiosa dos judeus ao lado das sinagogas, lugares onde se lia o VT e orava.

COMPOSIÇÃO DO NT

Divisão Cronológica

Há uma controvérsia sobre o escrito mais antigo do NT, o debate gira em torno de Tiago e Gálatas. Já os escritos de João são os últimos registrados.

Divisão Literária

- Os Evangelhos: Mateus, Jesus Cristo, Rei dos Judeus enfatiza o ensino. Marcos, Jesus como Servo do Senhor enfatiza a obra redentora. Lucas, Jesus como Filho do Homem enfatizando a graça e o amor de Cristo. João, Jesus como Filho de Deus, enfatizando a vida eterna.

- Atos – Cristo como ressuscitado e operando por meio dos apóstolos cheios do Espírito Santo. A origem e a expansão da Igreja.

- As Epístolas ­– Apresentam a interpretação da pessoa e da obra de Cristo aplicando seus ensinamentos à vida dos crentes.

- Apocalipse – Lida com o julgamento de Deus nos últimos dias, é a descrição do clímax da redenção e da história humana.

terça-feira, 12 de junho de 2012


Escola Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Introdução ao VT

Plano de Aula 10


12/06
Os Livros Proféticos
Panorama do AT – cap. 12-23
Conheça Melhor o AT – pg. 214-257
Entenda o AT –pg. 127-143

I. OS PRIMEIROS PROFETAS DE ISRAEL

1. Jonas – A Grande Compaixão de Deus

Declarar a universalidade do julgamento quanto a graça de Deus. Deus julga a iniquidade e reage ao arrependimento.

Valor Teológico

1. Deus usa seus servos para levar adiante seu plano de proclamar a ira de Deus  pelo pecado e sua graça aos que se arrependem e creem.
2.  Deus vence, ele controla os fatos e cumpre seus planos, disciplina seus servos levando-os a obedecer-lhe.
3. Devemos cumprir fielmente a vontade de Deus compartilhando sua mensagem que ele nos entrega.
4. Deus é um Deus missionário.

2. Amós – O intento de Deus em Destruir Israel

Soar a trombeta avisando a liderança do iminente julgamento de Deus sobre a nação, esse julgamento derivava da corrupção espiritual, moral e social. Amós é o pregador da justiça.

Valor Teológico

1. Todos os povos darão conta a Deus por seus pecados.
2. O povo de Deus será julgado se menosprezar a graça

3. Oséias – Ausência do conhecimento de Deus, ausência do amor, ausência da verdade.

O objetivo deste livro é registrar a chamada divina ao arrependimento de Israel [Reino do Norte] que se encontrava em estado de abominável “adultério espiritual”. Deus ama inextinguivelmente e com um coração disposto a receber o povo de volta pelo arrependimento.

Valor Teológico

1. O pecado não é algo sem importância para Deus, é uma traição de um compromisso amoroso.
2. Apesar do caráter terrível do pecado, o amor de Deus é ainda mais profundo. Ele perdoa e restaura o quebrantado.

II. OS PRIMEIROS PROFETAS DE JUDÁ

1. Miqueias – Deus vem em seu socorro

O objetivo do livro era  enfatizar o peso da próxima ira divina sobre a nação, em virtude dos seus pecados de violência e injustiça social, mesmo sendo religiosos. Também o livro  lembra da futura vinda do Messias, que surgiria de origem humilde para governar, com justiça e verdade.

Valor Teológico

1. Deus julgará que não governa com justiça
2. Rituais vazios são inúteis. Deus deseja que seu povo tenha um coração humilde e se comporte justa e bondosamente.
3. O Messias que nasceria em Belém [Mt 2:3-6], um dia governará toda a terra.

2. Isaías – Julgamento e redenção por parte do Santo

O objetivo central do livro é lembrar à nação o programa divino de libertação, especialmente o seu programa redentor através do Messias, que primeiro viria como o Servo Sofredor e, mais tarde, como Governador de toda a terra [52:13-53:12].

Valor Teológico

1. Deus odeia o orgulho e ama a humilde. Os orgulhosos serão destruídos e apenas Deus será exaltado.
2. Deus tem o controle soberano sobre todas as nações da terra. Ele usa determinados povos como instrumento para punir outros.
3. Deus enviará o Emanuel, o Príncipe da Paz, o rei Messias sobre o trono de Davi para libertar seu povo e estabelecer seu reino de prosperidade, paz e alegria.

III. OS ÚLTIMOS PROFETAS PRÉ-EXÍLICOS

1. Naum – A ira de Deus sobre Nínive

O objetivo de Naum é consolar Judá com referência ao seu feroz inimigo, a Assíria. Naum revelou o detalhado plano divino para destruir e devastar Nínive completamente. É uma mensagem da soberania do Senhor sobe todas as nações.

Valor Teológico

1. Deus governa soberanamente as nações do mundo
2. Poderio militar e riquezas não podem livrar uma nação pecadora do juízo divino. Nenhuma nação é invencível.
3. Deus foi longânimo com Nínive quando enviou Jonas; Naum mostra que a paciência de Deus tem limite.

2. Sofonias – O Dia do Senhor

O objetivo do livro é um chamado urgente de condenação a idolatria, advertindo o povo sobre o grande dia da ira divina que estava para vir, mas o julgamento divino traria purificação e restauração.

Valor Teológico

1. Nenhum pecador, independentemente de sua nacionalidade ou religião, pode evitar a ira  de Deus no dia do Senhor.
2. Os arrependidos e humilhados serão purificados e alcançados para desfrutar a presença de Deus.

3. Habacuque – Respondendo a dúvidas sobre a justiça de Deus

O objetivo do  livro era enfatizar a santidade divina ao julgar o violento reino de Judá pelos seus pecados, muito embora Deus tivesse usado uma nação ainda mais ímpia para executar tal julgamento.

Valor Teológico

1. Muitas vezes os caminhos de Deus são misteriosos, mas é seu caráter que dirige sua maneira de agir.
2. O justo viverá pela fé.

4. Joel – O dia do Senhor – no presente e no futuro

O objetivo do livro era  chamar a nação de Judá ao arrependimento como uma reação adequada aos julgamentos do Senhor [gafanhotos – estiagem] para que uma calamidade mais devastadora não viesse sobre eles. Também Joel visa apresentar o futuro Dia do Senhor.

Valor Teológico

1. A única maneira de evitar o julgamento de Deus é nos arrependermos verdadeiramente e confiarmos em sua misericórdia.
2. No Dia  do Senhor, Deus julgará os ímpios e abençoará os justos com sua presença.

4. Jeremias – Vencendo o engano e a perseguição

O objetivo do livro é registrar as admoestações do Senhor ao país que se precipitava em desastre espiritual e destruição nacional. Registra-se a rejeição a Lei e a recusa inflexível  para com a correção do profeta. A mensagem é que a nação se submeter-se ao julgamento do Senhor aceitando o cativeiro da Babilônia, para que a cidade e a nação fossem salvas da destruição total.

Valor Teológico

1. Deus fortalece aqueles a quem chama e aqueles a quem entrega sua mensagem
2. A confiança em falsas pregações é sinal de que o julgamento de Deus se aproxima
3. Que teme ao  Senhor poderá sofrer perseguição, mas não se deve deixar vencer pela pressão do público, de líderes religiosos ou governantes.
4. Os crentes devem chorar e clamar misericórdia de Deus em vez de se regozijar diante do julgamento divino pelos ímpios.

5. Obadias – O orgulho precede a queda

O livro tem dois objetivos: [1] Anunciar a destruição final de Edom por causa de sua violência contra Israel [2] Reafirmar o triunfo final do monte Sião no dia do Senhor, quando Israel possuirá a terra de Edom.

Valor Teológico

1. Demonstrar que orgulho por causa do poderio militar, saúde, alianças ou sabedoria não traz salvação, antes promove a queda.
2. Alegrar-se no julgamento dos outros precipita o julgamento de Deus.

IV. PROFETAS DO EXÍLIO

1. Ezequiel

O objetivo de Ezequiel é promover arrependimento e fé com aviso do julgamento iminente sobre Jerusalém e as nações e estimular a esperança e confiança sobre uma futura restauração.

Valor Teológico

1. Uma visão renovada do esplendor de Deus leva o homem a se prostrar, adorar e obedecer à sua Palavra.
2. Os crentes são atalaias de Deus, chamados para advertir os pecadores acerca do julgamento divino que lhe sobrevirá.
3. Deus é justo e as pessoas serão responsabilizadas apenas pelos seus próprios pecados.

2. Daniel

O objetivo de Daniel é declarar a soberania de Deus sobre todas as nações.
Valor Teológico

1. Toda a sabedoria vem de Deus. Ele a revela para seus servos fiéis para glorificar a si mesmo.
2. Deus tem todo o poder para controlar indivíduos e nações.

V. OS PROFETAS PÓS-EXÍLIOS

1. Ageu – Definindo as Prioridades

Fazer com que os líderes do povo continuassem a reconstruir o templo destruído, mostrando-lhes que os fracassos nos outros setores da vida eram resultados da negligência na obra do Senhor.

Valor Teológico

1. Apesar da oposição e das circunstâncias negativas, o crente deve  sempre dar prioridade ao que agrada e glorifica a Deus.
2. Deus  está mais preocupado com a santidade de nosso coração do que rituais externos.

2. Zacarias – Deus restaura Sião

O livro via levar o povo a insistir na conclusão da restauração imediata do templo e instruir a nação quanto ao seu futuro nos tempos messiânicos.

Valor Teológico

1. A única maneira de evitar a ira de Deus é nos arrependermos de nossos pecados.
2. Um dia, Deus julgará os ímpios de todas as nações, trará os justos dentre todos os povos para se unirem ao seu povo e habitará com júbilo no meio dele.

3. Malaquias – Honrando a Deus

O objetivo foi despertar o povo que restara em Israel da sua estagnação espiritual, com o intuito de possibilitar que o Senhor tornasse a abençoar suas vidas.

Valor Teológico

1. O amor de Deus e sua justiça não mudam.
2. Não podemos honrar a Deus pela adoração hipócrita.
3. Deus odeia o divórcio




terça-feira, 5 de junho de 2012


Escola Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Introdução ao VT

Plano de Aula 9


05/06
Os Livros Proféticos
Panorama do AT – cap. 12-23
Conheça Melhor o AT – pg. 214-257
Entenda o AT –pg. 127-143

COMPREENDENDO E INTERPRETANDO OS PROFETAS

A Diversidade Entre os Profetas

Havia em Israel uma variedade de pessoas que exerceram o ministério profético. Moisés foi certamente o principal [Dt 34:10], no entanto esse muitos outros exerceram esse ministério, alguns foram profetas de ofício outros apenas profetizaram uma única vez [Nm 11:10-17,24-25]. Haviam profetas que também eram sacerdotes, como Samuel, Jeremias e Ezequiel. Outros era também chamados de videntes [II Sm 12:1-15]. Alguns realizam milagres, como Eliseu [II Rs 4], embora a maioria deles não tinham poderes sobrenaturais. Também a bíblia registra o ministério das profetisas, como Miriã [Ex 15:20], Débora [Jz 4:4] e Hulda [II Rs 22:14-20]. Em fim Deus usava pessoas de classes sociais diferentes para proclamar em vários contextos, as suas mensagens, essa diversidade facilitava a mensagem alcançar várias pessoas da sociedade.

Características do Ofício Profético

A palavra “profeta” significa “porta-voz de Deus”, eles, diferentemente dos falsos profetas [Jr 23:13-22] transmitia a vontade de Deus, entregavam profecias que  se cumpriam [Dt 18:20-22], possuíam uma caráter santo [Mq 3:8] e sobretudo adoravam ao Deus verdadeiro [Dt 13:1-5], eram cheios de coragem [Mq 3:8]
 Eles entregavam palavras de julgamentos e mensagens de esperança. Seus chamados para o ofício profético geralmente estão ligados a uma visão de Deus aliada a presença do Espírito de Deus em suas vidas [Is 6, Ez 1-3]. Recebiam suas palavras diretamente de Deus, às vezes por sonhos e visões e as transmitia com fidelidade.  Essa transmissão era feitas oralmente ou por meio de encenações quase teatrais, esse método devia-se a obstinação e dureza do por de Israel [Ez 4:5]. Para revelar a autoridade e persuadir os ouvintes os profetas iniciavam e terminavam suas mensagens com a expressão “Assim diz o Senhor” “Disse-me o Senhor” “O Senhor veio a mim e disse”. Os ouvintes foram diversos. Amós e Oséias para os israelitas do norte; Jonas para a Assíria; Daniel para Babilônia e Pérsia, mas a maioria dos profetas proclamou para o po
vo de Judá.

A Mensagem dos Profetas

O tópico das mensagens variava de acordo com o contexto social, político e religioso. Suas mensagens se adequavam a necessidade. Amós tratou da injustiça em Israel, Oséias enfocou a ira de Deus por causa infidelidade do povo, Obadias condenou os endomitas por seu orgulho e maus tratos, Habacuque questionou o porque Deus usara os babilônios para julgar uma nação mais justa.

 A mensagem dos profetas possuía uma compreensão do caráter de Deus e da dureza do coração do homem. Eles chamavam o povo a verdadeira adoração, condenavam o pecado e desafiava o povo a um verdadeiro arrependimento. Usavam as a graça de Deus no passado para com eles e o grande amor divino em fazer com o seu povo uma aliança [Jr 11:1-13]. Arrependimento conduzia a benção, dureza e obstinação levava-os as maldições previstas na aliança [Dt 27-28]. Além das mensagens de juízo e destruição, também previam um futuro de paz, justiça e bênção, onde Deus perdoaria os seus pecados e lhe daria um novo coração [Ez 34:25-31] por meio da morte de um servo [Is 53] Deus faria uma nova aliança [Jr 31:31-34]. Daria seu Espírito [Jl 2:28,29] e a terra seria abençoada [Am 9:13-15]. A semente de Davi governaria [Is 9:1-7, Jr 23:5-7]. O domínio será do Filho do Homem [Dn 7:9-14]. Então os povos virão a Jerusalém para ouvir o próprio Deus [Is 2:1-4]. Um novo céus e terra passarão a existir e os mortos ressuscitarão [Is 65, Dn 12:1,2].

A Interpretação das Profecias

Não é fácil a interpretação dos livros proféticos, às vezes por causa da linguagem utilizada, principalmente o uso do simbolismo e a falta de uma compreensão para o leitor do contexto histórico da profecia revelada. Outro fator que dificulta a interpretação é a questão escatológica com respeito a compreensão do reino de Deus.

 Embora se tenha estas dificuldades o intérprete deve-se valer da pesquisa histórica, gramatical e cultural para a compreensão do texto. Há excelentes comentários em português. O leitor deve procurar o entendimento geral do livro mediante sua leitura completa e buscar compreender o contexto histórico do livro: O profeta prega para Judá ou Israel? Quem é o rei? Quais as condições políticas, sociais e culturais? Qual é o problema abordado? Qual o argumento do profeta? Que o profeta diz sobre o futuro?

   Uma questão problemática nas profecias do VT são as tentativas de enquadrar os ensinos do NT que falam da tribulação e do milênio. Parece [que os profetas não tinham uma compreensão bem distinta do conteúdo profético [Dn 12:8]. Assim parecem não fazerem distinção entre o céu [a eternidade futura] e o milênio [Ap 20], portanto parece difícil às vezes saber se  o texto profético refere-se ao céu ou ao Milênio. As profecias do VT são, sem dúvida nenhuma, um fonte de esperança e advertência sobre o dia do Senhor. Desafia-nos a confiar no plano soberano de Deus para o mundo, mesmo diante de todo o mal, das guerras, perseguição e dos desastres naturais. Eles revelam muito sobre o que Deus fará no futuro, mas para termos uma visão completa escatológica precisamos nos valer dos texto proféticos do NT [Mt 24, II Ts 2 e Ap]

Valor Teológico das Profecias

1. Deus revelou sua vontade aos profetas por intermédio do Espírito Santo.
2. Os profetas comunicaram a mensagem divina usando palavras compreensíveis a realidade dos ouvintes.
3. Deus revelou gradualmente as informações sobre o futuro.
4. O reino de Deus será estabelecido na terra onde o Senhor será adorado diante do seu trono. 

terça-feira, 29 de maio de 2012


Escola Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Introdução ao VT II

Plano de Aula 8


26/05
Os Poéticos [Sabedoria]: Jó, Eclesiastes, Provérbios e Cantares
Panorama do AT – cap. 13-16
Conheça Melhor o AT – pg. 143-198
Entenda o AT –pg. 105-126


Os Livros de Sabedoria

[1] Estes livros tratam das questões básicas da vida [Palavras-chaves ou temas-chaves: sabedoria, insensatez, educação de filhos, sofrimento, vaidade da vida sem  Deus, temor do Senhor]
[2] Estes livros oferecem diretrizes sobre como viver de maneira bem-sucedida dentro da sociedade e da ética divina [ex. Provérbios], ou discutem questões a respeito da habilidade do ser humano em compreender a sociedade e moralidade e a maneira de agir neste  contexto [ex. Eclesiastes e Jó]

I. JÓ – Até o sofrimento tem o seu valor

1. Conteúdo

O livro de Jó conta a história de um próspero e devoto proprietário [um patriarca oriental], que foi alvo de sofrimento e profunda angústia em função de uma ação soberana de Deus e do ataque de Satanás.

O Prólogo [Jó 1:1-2:13]

Narra a retidão de Jó e o consequente ataque de Satanás em função de sua suspeita da real motivação de Jó em relação a sua devoção a Deus. Para Satanás a devoção de Jó era meramente interesseira. Deus permitiu que Satanás afligisse Jó financeiramente, familiarmente e fisicamente. Mesmo assim Jó manteve-se fiel ao Senhor.

Os Diálogos [3-37]

Trata das falas dos amigos de Jó que tentam provar ou convencê-lo que seu sofrimento é um castigo de Deus em função de algum pecado ou fraqueza moral. Revela toda a angústia que ele sofre sem a compreensão do porque desta tragédia lhe acometeu e também revela o mau entendimento de pessoas bem intencionadas com respeito aos propósitos soberanos de Deus para os homens. A perspectiva dos comentários destes amigos [Elifaz, Bildade e Zofar] retrata a visão humana e limitada deste mundo, uma visão religiosa distorcida. Ao final deste drama as palavras destes “amigos” são reprovadas por Deus [Jó 42:7-8]. Foram sinceros, convictos, mas estavam terrivelmente enganados em seus julgamentos.

No final dos diálogos entra em cena Eliú, outro amigo, mais jovem, que vem ajudar a oferecer algum consolo [32-37]. Ele é mais moderado nas palavras e não tão apressado em condenar Jó. Ele crê que o sofrimento tem um valor educativo. O homem aprende com ele. Eliú às vezes revela-se arrogante, mas algumas de suas palavras são proveitosas, ele afirma, por exemplo, que nosso conhecimento é limitado [37:16]

Epílogo [Jó 42:1-17]

Trata-se de uma das passagens mais majestosas da Bíblia. Deus fala e lembra a Jó sua majestade e sabedoria como Criador [38-41]. Isto é feito em forma de pergunta, para o atordoado e ressentido Jó. Esse encontro humilhante faz Jó cair de joelhos, em humilde submissão [42:1-17]. Ele confessa sua pequenez e que agora sua compreensão e consciência da grandeza e da glória de Deus, lhe fez ver seu erro em tentar se justificar diante do homem. A vontade de Deus, ele reconheceu, era o melhor para a vida dele, ainda que não entendesse completamente os procedimentos de Deus com ele.

2. Lições

1. Às vezes, Deus permite que sejamos provados para que demonstremos nossa dedicação a ele e a nossa submissão à sua vontade para nossa vida. 2. É errado concluir que todas as nossas doenças e problemas são consequências do pecado.
3. Reconheça suas limitações. Nós não sabemos de tudo. Em nossos momentos de agonia e aflição precisamos crer que Aquele que tudo conhece ordena o melhor para seus filhos.
4. Vigie sua fala. Devemos ser extremamente cautelosos sobre o que dizemos a pessoas que estão com problemas sérios.
5. Confie no seu criador mesmo que às vezes, fiquemos confusos e perplexos pelas circunstâncias adversas da vida. Ele reina e tudo o que acontece está sob seu controle. [I Co 10:13]

II. ECLESIASTES – Um melancólico desabafa

1. Conteúdo

É um dos livros de difícil compreensão. Nele se registra ditos expressivos sobre a vida, mas o autor de Eclesiastes, por seu temperamento apresenta um tom pesado e melancólico em suas considerações. É provável que o Espírito Santo inspirou tal obra para nos dar a perspectiva de como um homem olha a vida e seus problemas de um ponto de vista puramente humano, só deste mundo. Tal ótica é deprimente, e tende a horizontalizar a vida, não se percebendo a soberania e providência de Deus. Seu conteúdo aparenta ser pessimista, materialista, fatalista e cínico.

O “pregador” estar convidando os ouvintes ao deleite máximo [8:15]. Ele afirma que esta é a vontade de Deus [2:24, 3:12-13, 19; 9:7]. Em certo sentido isto é um fato [I Tm 6:17], no entanto existe mais na vida do que um circuito infindável de prazer. Numa ótica pessimista ele considera que nada traz alegria permanente e a vida parece não ter sentido. Tudo é vaidade [um nada]. Na perspectiva do “pregador” está ausente o discernimento profundo do governo soberano e cuidadoso de Deus. Este “pregador” é um indivíduo realista, que reconhecia que a vida e cheia de frustrações e situações vãs.

No entanto, ele também reconhece que há alguns valores que concedem sentido a vida e estimula seus leitores a serem sábios para reconhecer o que é importante e o que é inútil. Ele nos lembra que há um tempo certo para tudo e que a arte de viver está em escolher o momento certo [Ec 3:1-8]. O trabalho duro é uma dádiva excelente de Deus. Deus criou o trabalho e deseja que ele trabalhe também [2:24, 3:13, 9:10]. Ele valoriza a amizade [Ec 4:9-12]. Ensina-nos a ir a casa de Deus e como fazer votos [5:1-6]. Adverte-nos sobre o perigo da procrastinação [11:4] e insta que devermos regozijar-se em Deus, nosso Criador, antes que fiquemos velhos e morramos, uma vez que há muita vaidade na vida, quem teme a Deus e obedece a seus mandamentos terá sabedoria. [12:8-14]

2. Lições

1. Eclesiastes é importante para nossa geração que busca um sentido e um propósito para sua existência e, no seu vazio e triste anelo, elas anseiam por alguma chave para o sentido da vida do homem na terra.
2. Devemos desfrutar a comida, a família e o trabalho que Deus nos concede, pois são bênçãos divinas.
3. Acima de tudo, devemos temer a Deus, obedecer a seus mandamentos, ser sábios e viver de maneira prudente neste mundo mau.

III. PROVÉRBIOS – Felicidade é por este caminho

Conteúdo e Lições

[1] O autor usa de declarações antitéticas [12:5], comparações com elementos da natureza [25:25] comparações que revelam a superioridade de determinados comportamentos [21:19], ditos numéricos [30:18] advertência com respeito ao comportamento sábio [22:17] e admoestações contra os comportamentos tolos [23:4]
[2] Este livro não possui muita coesão em termos de continuidade de pensamento.
[3] O propósito deste livro é transmitir sabedoria, conhecimento e compreensão aos leitores, estimulando a um comportamento sábio, honesto e prudente.
[4] É um livro prático e realista que apresenta uma série de lições importantes sobre a vida do dia-a-dia. Ele aponta para a felicidade [seriam as Bem-Aventuranças do VT]. Deus concedeu ao povo os sacerdotes, os profetas, e os sábios que pegaram algumas verdades eternas e relacionaram de forma pratica a família e a comunidade. Para Provérbios o caminho da felicidade é...

 1. Um caminho de sabedoria

 Esta é uma ideia-chave do livro [3:13]. Não podemos tratar os problemas da vida com nossa inteligência limitada. Precisamos de sabedoria, de discernimento espiritual que Deus concede aqueles que buscam [Tg 1:5]

2. Um caminho de obediência

Mas só sabedoria não é suficiente. Que adianta saber o que fazer e não fazer. [8:32]. Se sabemos devemos obedecer imediatamente.

3. Um caminho de disciplina

Ouvir a Deus é uma disciplina diária [8:34]. Precisamos separar um tempo em cada dia para ouvir sua Palavra.

4. Um caminho de amor

Deus não está apenas preocupado conosco como indivíduos, mas com todas as pessoas, e ele quer usar-nos para levar ajuda a outros [14:21]. O livro nos desafia a acudir e assistir os necessitados.

5. Um caminho de confiança

Muitas vezes os que querem viver para Deus se acharão em dificuldades e assim deve confiar em Deus [16:20, 3:5-6]

6. Um caminho de culto

Ser feliz é temer a Deus [28:14]. Quando a Bíblia diz que temos que temer a Deus não significa ter medo dele, mas que devemos colocá-lo em primeiro lugar, honrarmos e adorarmos a ele como Deus. Como disse Martinho Lutero, é “deixarmos Deus ser Deus”, isto é, precisamos constantemente reconhecer seu controle sobre cada parte de nossa vida.

IV. CANTARES – O Amor Verdadeiro e suas Provas

1. Conteúdo

Nenhuma biblioteca é completa sem um conto de amor e a Bíblia não é incompleta. Ela tem várias histórias de amor, mas a mais longa é o Cântico dos Cânticos. Este livro narra o conto simples de uma jovem [Sunamita] que amava um jovem pastor de ovelhas. Salomão ficou encantado com ela e os detalhes da  história sugerem que ela passou algum tempo no palácio real. Seu verdadeiro amor foi à procura dela  e ansiava que ela voltasse à vida simples no campo. Ela reconheceu o quanto era profundo seu amor, e atendeu a seu persistente convite para tornar-se sua companheira de vida.

No entanto houve resistência a compreensão e aceitação natural deste cântico de amor conjugal. Primeiramente alguns ao verem que o assunto principal não é o relacionamento com Deus viam Cantares com dificuldades sua canonicidade. Já outros se sentiam ofendidos pelo enfoque físico do amor, principalmente a beleza do corpo humano, então apresentaram uma interpretação alegórica do livro, afirmando que se tratava do amor de Deus para com Israel ou, para os cristãos entre Cristo a Igreja.

O livro está no Cânon para revelar que o Senhor Deus se interessa em toda a vida e não só naquilo que poderíamos chamar de “vida espiritual”. Ele não faz distinção entre sacro e secular. Se a Bíblia adverte inúmeras vezes sobre o perigo de uma sexualidade corrompida ou pervertida aqui ela  celebra a sexualidade sadia no âmbito conjugal.

2. Lições

1. Ele ilustra a alegria que o amor traz [2:10-13].
2. Ele lembra a fidelidade que o amor espera [8:6]. Precisa haver lealdade no amor. O amor verdadeiro é totalmente confiável.
3. Ele lembra sobre a responsabilidade que o amor exige. Enfatiza o quanto é sagrado o amor e insiste em não despertá-lo inadvertidamente [2:7, 3:5, 8:4]

terça-feira, 22 de maio de 2012


Escola Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Introdução ao VT

Plano de Aula 7

02
15/04
Os Poéticos: Jó e Salmos
Panorama do AT – cap. 13-16
Conheça Melhor o AT – pg. 143-198
Entenda o AT –pg. 105-126

OS LIVROS POÉTICOS

Para se compreender e apreciar os Livros Poéticos, é importante reconhecer em primeiro lugar as características, os objetivos e as singularidades da poesia hebraica.

1. Poema é composição literária em forma de verso que expressa um sentimento ou uma ideia.
2. Os hebreus identificavam Jó, Salmos e Provérbios como livros poéticos, para a Vulgata, Eclesiastes e Cantares [didáticos] são tratados também como poéticos.
3. Didaticamente os livros Poéticos são divididos em [1] Livros Hínicos [Salmos e Cantares] e [2] Livros de Sabedoria: Jó, Provérbios e Eclesiastes.

I. CARACTERÍSTICAS DA POESIA HEBRAICA – PARALELISMO

1. A Essência do Paralelismo

A poesia hebraica enfatiza mais o “ritmo da ideia” do que o ritmo do som, pois a mente oriental está mais interessada no conteúdo da ideia do que nos meros artifícios literários. A isto se chama “paralelismo”: a primeira linha do poema é paralela com a  segunda ou com as linhas seguintes. Essa característica não é perdida na tradução para outro idioma, o que pode acontecer quando a rima é a principal característica da poesia.

2. Tipos de Paralelismo

a. Sinônimo – A segunda linha repete ou reproduz a primeira em palavras semelhantes. [Sl 19:1]
b. Antitético – A segunda linha expressa a ideia oposta da primeira, fazendo contraste [Sl 1:6]
c. Sintético – A segunda linha completa ou amplifica a primeira [Sl 19:7]
d. Analítico – A segunda linha apresenta uma consequência da primeira [Sl 23:1]
e. Climático – A segunda linha repete a primeira e a conduz ao clímax [Sl 29:1]
f. Emblemático – A segunda linha ilustra a figura apresentada na primeira [Sl 103:11]
g. Quiasmo – A segunda linha repete a primeira, mas em ordem invertida [Quiasmo ação de dispor em cruz – letra grega c ”qui”] [Sl 51:1]

II. OS SALMOS

1. Título – Os hebreus chamam de “O Livro de Louvores” ou “Louvores” ou tradutores gregos “Salmos”, canções cantadas com acompanhamentos de instrumentos de cordas [ver Lc 20:42, At 1:20].

2. Autores – Embora toda coleção seja chamada de “Salmos de Davi” por seu o autor da grande maioria [75] há outros autores: Moisés [1], Salomão [2], Asafe [12], Filhos de Coré [10], Hemã [1], Etã [1]. Os tradutores da Septuaginta identificam Ezequias [15], Jeremias [1] Ageu [1], Zacarias [1] e Esdras [1]. Os outros são chamados salmos órfãos, não identificados.

3. Categorias dos Salmos

A. Salmo de Lamento

Forma

(1) Invocação, clamor pela ajuda de Deus. Parte curta onde o salmista clama a Deus por seu nome, geralmente no vocativo.
(2) Lamentando ou queixa sobre infortúnios. Ele sente como se Deus não estivesse lhe protegendo, como seus inimigos o estivesse perseguindo ou ele envolto em grande tristeza. [Sl 13:1,2]. Ele não esconde sua tristeza e desapontamento.  Ele não culpa a Deus, embora crê que Deus pode solucionar seus problemas.
(3) Súplicas e petições a Deus para transformar os infortúnios acompanhados com choro, jejum, vestidos de saco e cinzas [Jl 2:12-17, Sl 13:3,4]
(4) Confissão de fé ou declaração de confiança. Pensamentos voltados para exercitar confiança no suplicante e mobilizar Deus à ação, tais como sua honra ou por amor ao seu nome. Geralmente termina com a certeza de ser escutado. [Sl 13:5]
(5) Voto de louvor. Muitos salmos de lamento terminam com a declaração de o adorador cantará louvores ao Senhor.

Considerações Importantes:

(1) Os salmos de lamento podem ser individual [3; 5; 6; 7; 13; 17; 22; 25; 26; 27:7-14; 28; 31; 35; 38; 39; 42-43; 54-57; 59; 61; 63,64; 69; 70; 71; 86; 88; 102; 109; 120; 130; 140; 141; 142; 143] ou comunitário [44; (58); (60); 74; 79; 80; 83; (106); (125)]
(2) Os contextos destes salmos são dias de jejum nacional e/ou festivais de lamento conclamados por várias calamidades nacionais, tais como guerra, exílio, pestilência, seca, fome, e pragas no caso de lamento nacional, mas no lamento individual eles surgiram de situações de aparente risco de vida mais do que de situações do dia a dia; tais situações podem incluir doença, infortúnio, perseguição por inimigos.

B. Salmo de Louvor [8; 19; 29; 33; 65; 67; 68; 96; 98; 100; 103; 104; 105; 111; 113; 114; 117; 135; 136; 139; 145-150.]

Forma

1. Uma convocação para louvar a Deus
2. Motivos para louvar a Deus: Pelas suas qualidades e atributos e/ou pelas suas ações regulares ou repetidas, inclusive sua obra da criação, na providência e especialmente no trato com Israel.
3. O Salmo 100 segue este modelo.

Considerações Importantes:

(1) Possuem várias subcategorias segundo a estrutura, tópico ou motivo de louvor.
(2) Hinos eram cantados como parte da adoração em diversas ocasiões, inclusive festivais sagrados, assim como em outros momentos, talvez por um coral ou um cantor individual.
(3) Alguns desses salmos eram cantados à medida que os peregrinos iam ao Templo. Eram os cânticos de romagem ou Salmos dos Degraus. [120-134]

C. Salmos Históricos

Estes salmos fazem uma retrospectiva da história de Israel, lembrando os ouvintes dos pecados da nação, louvam a Deus por seus feitos graciosos em favor do povo e incentivam as pessoas a confiarem no Senhor, porque Ele lhes tem sido fiel. [Sl 78]

D. Salmos Imprecatórios

Alguns salmos contêm maldições ou imprecações contra os inimigos do povo de Deus. [Sl 139:19-22, 35,69,109]. Esses salmos causam certo desconforto a alguns cristãos porque parecem retratar uma atitude vingativa, exatamente o oposto da ordem de Jesus [Mt 5:44]. Há aqueles que creem que tais salmos são impróprios para os cristãos. Entretanto, uma análise cuidadosa dessas expressões de justa indignação demonstra que elas não são motivadas por desejo pecaminoso ou vingativo. No Sl 109:6-20 revelam os pecados dos ímpios que são a mentira e acusações falsas contra o justo [2-5]. O autor pede a Deus que julgue os ímpios, sendo que o próprio Deus afirmou que seria essa a maneira como recompensaria os maus por suas atitudes. [6-20]
 O desconforto que os cristãos modernos sentem ao ler essas orações pode ser um indicio da tendência atual de amenizar a seriedade do pecado. Paulo entregou à morte e a Satanás o cidadão de Corínto [I Co 5], amaldiçoou quem pregassem outro evangelho [Gl 1:6-10]. Ambos, Davi e Paulo possuíam uma compreensão da ira de Deus contra o pecado do que muitos imaginam. Ambos os testamentos ordenam amar o próximo [Lv 19:18, Mt 19:19] e ambos condenam a vingança [Dt 32:35, Hb 10:30] assim como ambos ensinam a odiar e fugir do pecado, porque Deus o odeia.

E. Salmo de Confissão e de Penitência.

Um marca dos que amam a Deus é aversão ao pecado, o desejo de evitar atitudes ou atos pecaminosos e a disposição de confessar seu pecado para que possam receber o perdão de Deus. Embora o Dia da Expiação fosse uma dia de humilhação e penitência [Lv 16] os crentes do VT podiam reconhecer suas falhas e receber o perdão de Deus a qualquer momento. O ato da confissão estava ligado ao sacrifício no Templo, mas não era a parte mais importante do culto, antes a busca de Deus era um coração quebrantado [Sl 51;16,17]. Exemplos de salmos de confissão são Sl 51,32 ambos ligados ao adultério de Davi com Bate-Seba.

F. Salmos de Sabedoria

Sua identificação não é fácil, mas uns grupos de salmos se encaixam perfeitamente nesta categoria: 1,37,73,112,127,128]. Os temas [prosperidade e destruição , o justo e o insensato, o sofrimento do justo] e suas declarações em tom proverbiais indicam que os salmistas liam escritos de sabedoria e criam que esses ensinamentos poderiam instruir o povo de Israel.

G. Salmos Reais

Neste grupo de salmos estão os cânticos a respeito de um rei terreno ou canções de sua autoria, bem como hinos sobre o reinado de Deus. No primeiro grupo encontram-se os salmos 20,21,45,72,89 e 132. Nele o salmista pede a Deus que proteja o rei ungido de Jerusalém e lhe conceda vitória. No segundo grupo encontram-se os salmos 47,93, 96-99 que celebram o governo soberano de Deus.

H. Salmos Messiânicos

Alguns salmos são descrições de alguma experiência de Davi, que além de sua experiência pelo salmo retratada apontam para além de si, para um dos seus descendentes, o Messias, Filho de Davi. [Sl 2, 110]. Alguns comentaristas discordam da maneira de interpretar alguns salmos que aparentemente não são messiânicos no AT, mas que aparecem citados no NT como tais. Eles acreditam na existência de um duplo cumprimento, enquanto outros teólogos são da opinião de que há um cumprimento tipológico. Em qualquer dos casos, é importante que o estudante primeiro tente descobrir o que as passagens significavam para Davi e seus  compatriotas israelitas.

5. Valor dos Salmos

A. Em período de dificuldade, os crentes podem levar seus fardos a Deus, pois ele sempre ouve as orações dos que se aproximam dele e os consola.
B. Uma oração por ajuda divina não deve apenas enfocar nosso problema ou necessidade, deve também exaltar a capacidade de Deus, renovar nosso compromisso de confiar nEle e confirmar nosso desejo de glorifica-lo.
C. A alegria do Senhor deve encher o coração e os lábios daqueles a quem Deus abençoa.
D. Devemos louvar a Deus porque Ele nos criou, porque somos seu povo e porque Ele supre nossas necessidades.
E. Deus participa de forma soberana da direção da vida do crente.
F. Apesar do pecado humano, Deus oferece seu perdão gratuito aos que se arrependem.
G. Deus odeia o pecado e julgará o pecador.
H. Os preceitos a respeito da vida estão revelados nas Escrituras.
I. Deus é o Rei de toda a terra. Ele reina com todo o poder e com justiça perfeita. No final dos tempos o Messias derrotará os poderes terrenos e todos o louvarão. E Ele governará toda a terra.


terça-feira, 8 de maio de 2012


Escola Charles Spurgeon
Prof. Luiz Correia
Introdução ao VT

Plano de Aula 1

AULA
DATA
CONTEÚDO
TEXTO BÁSICO
01
08/04
Os Históricos: Esdras a Ester
Panorama do AT – 12
Conheça Melhor o AT – pg. 124-135
Entenda o AT – pg. 91-104

O PÓS-EXÍLIO

   Os livros de Esdras, Ester e Neemias oferecem uma visão de “bastidores” das atividades do povo escolhido de Deus, da época de seu retorno à Palestina até o fim da era veterotestamentária.. Podemos dividir esse episódio do relato bíblico em quatro períodos:

I.  ESDRAS, O REFORMADOR [ aprox. 539-457 a.C]

a. A Volta [Ed 1-2]

  Quando Ciro, rei da Pérsia, conquistou a Babilônia, promulgou um decreto permitindo que os judeus retornassem a Jerusalém. Foi uma política inversa de deportar os povos conquistados.

  Milhares de judeus deixaram a Babilônia, levando consigo os utensílios que Nabucodonosor havia retirado do templo, cerca de 50 mil exiliados viajaram de volta a Jerusalém [538 a.C]. É fato que alguns preferiram ficar pois se encontravam confortavelmente estabelecidos naquele novo país, não querendo enfrentar os transtornos da mudança 

 Destacam-se entre os 11 líderes mencionados Zorobabel, neto de Jeoaquim [dinastia de Davi] e Jesua [Josué], sumo-sacerdote.

b. Estabelecimento em Jerusalém [Ed 3-4]

  Ao chegarem edificaram um altar e reiniciaram a adoração a Deus, restabelecendo os sacrifícios. Cânticos e louvor triunfante da nova geração acompanharam o lançamento dos alicerces. Os idosos choraram ao lembrar a glória do templo de Salomão [3:10-13].

c. O novo templo [5,6]

 Ageu e Zacarias, os profetas, foram fundamentais na reconstrução do novo templo, pois animavam e fortaleciam o povo. A construção foi completada em cinco anos [520-515 a.C]. Depois da reconstrução os sacerdotes e levitas retornaram suas atividades, segundo a lei de Moisés.

d. Da Babilônia para Jerusalém [Ed 7-8]

 Neste período prevalece as ações de Esdras que retornou a Jerusalém em 457 a.C. Ele foi nomeado escriba e estudioso da Lei, foi comissionado por Artaxerxes , rei persa a liderar o retorno dos judeus. Houve um grande uma grande mobilização para este retorno, envolvendo ofertas voluntárias e toda uma logística. Esdras convocou o povo a orar e jejuar, para rogar a proteção de Deus para esta longa e perigosa viagem  até Jerusalém. [1500 km e 3 e ½ meses de viagem]

e. A reforma [Ed 9-10]

 Quando Esdras soube que os israelitas haviam casados com pagãos convocou uma assembleia e confrontou o povo, demonstrando a seriedade de tal ofensa, os culpados reconheceram o erro, ofereceram sacrifícios e solenemente juram anular os casamentos.

II. NEEMIAS, O GOVERNADOR [aprox. 444 a.C]

 Neemias sem dúvida nenhuma e uma das personagens mais brilhantes da era pós-exílica. Ele desistiu de sua posição na corte persa para servir ao seu povo na reconstrução dos muros de Jerusalém.

a. Comissionado por Artaxerxes [1-2:8]

 Ele era copeiro do rei, mas foi confrontado em seu íntimo ao ser informado sobre a situação de Jerusalém. Orou, confessou, chorou, jejuou [1:4-11] depois apresentou seu pedido ao rei diante da pergunta inquiridora dele sobre o estado do coração de Neemias. O rei comissionou Neemias para retornar e atuar como governador.

b. A Missão [2:9-6-19]

Ao chegar, Neemias percorreu Jerusalém para inspecionar e fazer um levantamento da situação. Ele reuniu e organizou o povo que animados se puseram a trabalhar. Levantou-se oposição por parte de Gesem, Tobias e Sambalá. Mesmo diante da oposição, Neemias orou e trabalhou ativamente. Todas as tentativas do inimigo foram em vão. Neemias orava mais e mais a fim de resistir aos ataques. Em 52 dias o muro foi reconstruído.

c. A Reforma sob a direção de Esdras [7-13]

 Depois dos muros reconstruídos, Neemias dedica-se a organizar e proteger a cidade. Ele reorganizou a população para que ocupassem toda a cidade, principalmente ao redor dos muros. Neemias juntamente com Esdras lideraram o povo para a leitura da Lei, à observância da Festa das Trombetas, do Dia da Expiação e da Festa dos Tabernáculos. Aqui foi enfatizada a proibição do casamento misto e a observância do sábado.

 Em 432 a.C ao retornar de uma viagem a Pérsia Neemias descobriu e confrontou muitas irregularidades: a permissão de estrangeiros na cidade, a negligência no serviço do templo, a desobediência a guarda do sábado e os casamentos mistos.

III. ESTER, A RAINHA

O livro de Ester relata a experiência dos judeus que permaneceram na terra do exílio, em vez de retornar a Jerusalém. Embora o nome de Deus não seja mencionado nesse livro, a providência divina e seu cuidado sobrenatural pelos israelitas estão presentes no relato.

a. Os judeus na corte persa [Et 1-2]

Ester foi coroada rainha da Pérsia por Xerxes [Assuero] substituindo Vasti. Mordecai, primo que adotara, foi usado por Deus para descobrir a trama de dois guardas que planejavam tirar a vida do rei. Por meio de Ester esta notícia chegou ao rei e os culpados foram enforcados, tal fato foi registrado oficialmente.

b. A ameaça ao povo judeu [Et 3-5]

Hamã, oficial persa, promovido pelo rei, exigia honras, mas Mordecai recusou, Hamã buscou a vingança planejando executar todos os judeus com a concessão do rei. Mas Mordecai consegue alertar o povo, levando-os a clamar e jejuar diante de Deus. Mordecai insiste então, para Ester intervir diante do rei pelo seu povo, pois ele acreditava que foi para isto que ela se tornara rainha [Et 4:14]. Ester convida Assuero e Hamã para um jantar por dois dias consecutivos e apresenta ao fim seu pedido.

c. O triunfo dos judeus [Et 6-10]

 Na noite posterior ao primeiro banquete, o rei não conseguiu dormir. Seus auxiliares então leram as crônicas reais e assim veio saber que Mordecai nunca recebera honras por ter salvado sua vida. Perguntado pelo rei sobre como honrar um homem que merece honra pelo rei, Hamã, supondo que era ele que receberia tal homenagem, ficou chocado ao perceber que quem receberia a honra era seu inimigo Mordecai, o mesmo a quem ele mandara fazer uma forca para o mata-lo.

  No segundo banquete, Ester diz ao rei que Hamã era culpado pela trama, como consequência ele foi enforcado na forca que prepara para Mordecai. Os judeus receberam autorização para lutar contra os inimigos. A paz retornou e os judeus festejaram sua libertação. Para relembrarem essa vitória os judeus passaram celebrar anualmente a Festa do Purim.

QUADRO CRONOLÓGICO DOS RETORNOS DO EXÍLIO


RETORNO
PRIMEIRO
SEGUNDO
TERCEIRO
Referência
Esdras 1-6
Esdras 7-10
Neemias 1-3
Data
538 a.C.
458 a.C.
444 a.C.
Líderes
Sesbazar, Zorababel e Jesua
Esdras
Neemias
Rei Persa
Ciro
Artaxerxes
Artaxerxes
Acontecimentos, Realizações e Problemas
O Templo foi começado; sacrifícios foram feitos e celebrada a Festa dos Tabernáculos. Os samaritanos perturbaram e o trabalho cessou até 520. O templo foi completado em 516.
Problemas com casamentos mistos
O muro foi reconstruído em 52 dias, apesar da oposição de Sambalá e Gesém. Os muros foram dedicados e a Lei foi lida.