quarta-feira, 24 de agosto de 2011



Escola Teológica Charles Spurgeon
Análise de Romanos
Prof. Luiz Correia – 2011.2

Plano da 3a. Aula: Capítulo 1

CAPÍTULO 1

I. SAUDAÇÃO [1-7]

- O estilo das cartas antigas é o inverso das modernas. Paulo elabora um pouco mais sobre si e sobre o evangelho.

Quem é o Remetente?

“Servo” –[escravo]. Um título honroso no VT – Moisés, Josué, Davi [Sl 116:16]. No NT, Jesus [Fp 2, Mc 10:45], a igreja [Jo 13]

“Chamado para apóstolo” – Isto foi uma escolha de Deus, não dele (Acts 9.15; Gl 1.15; Ef 3.7).  Como faz em 1Co 1.1; 2Co 1.1; Gl 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1; 1Tm 1.1; Tito 1.1, Paulo está enfatizando sua autoridade e suas qualificações espirituais para esta igreja em que ele nunca esteve.

A Questão da Autoridade Apostólica

Que são apóstolos? Trata-se de um grupo de homens especialmente escolhidos, chamados e comissionados ou enviados por Cristo, e autorizados a ensinar em seu nome. Era  um grupo pequeno e único. Eles não se auto intitulavam e nem se auto candidatavam. É diferente de um discípulo que podia ser chamado ou se predispunha a ser. Não era um termo comum como “irmão” ou “cristão” ou “santo”. Era um termo reservado aos doze.

Quais são os requisitos do apostolo?

- Tinha que ser chamado especialmente por Jesus. Diretamente por Ele. [v.1]
 -Ter uma experiência pessoal de Cristo [Mc 3:14]. Ter andado e convivido com Ele. Matias substituto de Judas  -Iscariotes foi testemunha. Sido testemunha de sua ressurreição [At 1:22, I Co 9:1]
- Ter sido enviado por Cristo para pregar com sua autoridade.
 -Possuir uma inspiração extraordinária do Espírito Santo [Jo 14:25-26, Jo 16 a referencia primária aos apóstolos, secundariamente a nos] Poder para operar milagres. [II Co 12:12] Os milagres autenticava a mensagem.

Há um uso menos estreito [além dos doze e Paulo] que se aplica a um homem enviado, missionário. São exemplos destes Tiago, irmão do Senhor [Gl 1:19], mas é diferenciado em relação aos doze [I Co 9:5] e Barnabé [At 14:14].

Aplicações

 [1] Não deve haver sucessão apostólica, devemos ser fiéis ao ensino apostólico, sua doutrina. Mas os apóstolos não tiveram sucessores. Ninguém poderia sucedê-los. Eles foram únicos. Portanto aqueles que reivindicam serem sucessores dos apóstolos não são não possuem tais credenciais. Assim toda a reivindicação de que o papa é sucessor legítimo dos apóstolos cai por terra.
[2] Não são legítimos os apóstolos modernos. Contrários aos verdadeiros, estes tais apóstolos são pseudoapóstolos. Quem se auto intitula ou que são intitulados por meros homens. É uma prática atual. Tais títulos não podem ser mais dados uma vez que eles foram únicos. Existem termos legítimos para a liderança na igreja: Pastor, Presbítero ou Bispo. Creio que estes tais apóstolos modernos arrogam para si estes títulos por vaidade ou para não serem questionados em suas palavras.

“Separado” – Significa que ele foi separado por Deus no passado (Jr 1.5 e Gl 1.15) . Possivelmente ele fez um jogo com a palavra aramaica para “fariseu”. Eles eram separados do legalismo judaico (como o do próprio Paulo [Fp 3.5], antes de seu encontro com Jesus na estrada de Damasco), e ele agora estava separado para o evangelho.

Que Evangelho é esse?

“Para o evangelho de Deus” –“Evangelho” é uma palavra composta de “bons, boas” (eu) e “novas, notícias” (angellos).  Este é o evangelho de Deus, não de Paulo (15.16; Mc 1.14; 2Co 11.7; 1Ts 2.2,8,9; 1 Pe 4.17). Paulo não era um inovador ou adaptador cultural, mas um proclamador da verdade que ele recebeu (1Co 1.18-25).

“Que Ele antes prometeu através de Seus profetas nas santas Escrituras” – Embora Deus tenha revelado para os apóstolos, este não é uma completa novidade para eles, Deus prometera no VT pelos profetas.

Há uma continuidade do AT e NT. Jesus falou que as Escrituras testificam dele [Is 53]. Pedro cita Sl 16, em seu sermão no Pentecoste. Paulo defendia o Evangelho baseado no VT [I Co 15:3-4]. Duplo testemunho: Profetas do VT e Apóstolos do NT, sobre o que?

“acerca de Seu Filho” – A mensagem central das Boas Novas é uma pessoa, Jesus de Nazaré.

“Aqui se escancaram as portas da compreensão das Escrituras...tudo deve ser entendido em relação a Cristo” [Lutero]
“O evangelho inteiro está contido em Cristo” [Calvino]

Antítese entre dois títulos:

Filho de Davi -  Título messiânico [II Sm 2:21ss, Sl 89, Is 9:6, Mt 1, Lc 1-2] – Descende de Davi – segundo a carne, aponta para a humilhação e fraqueza antes da ressurreição.
Filho de Deus – Natureza divina [Rm 5:10, 8:3] – Jesus não foi constituído Filho de Deus na ressurreição, ele sempre foi, mas foi declarado “Filho-de-Deus-com-poder”, antes da ressurreição Filho em fraqueza e humildade, na ressurreição Filho de Deus em poder – Espírito de Santidade aponta poder e exaltação após a ressurreição [Rm 8:11, At 2:33]


O TEMA DO EVANGELHO: A JUSTIÇA DE DEUS REVELADA (1:16,17).
1.16 Não me envergonho do evangelho.  Alguns afirma que aqui é uma figura  de linguagem chamada litotes — afirmação pela negação do contrário [Não achei graça! significando “estou furioso]. O que Paulo queria dizer é que ele se gloria no Evangelho e considera alta honra proclamá-lo. No entanto Jesus advertiu essa possibilidade [Mc 8:38] Paulo advertiu o mesmo [II Tm 1:8,12, Paulo em I Co 2:3]. É portanto uma tentação real!

A mensagem do evangelho mina a justificação própria e desafia auto-indulgência [tendência para desculpar os próprios erros e defeitos; autocomplacência]. Sempre que ele é pregado com fidelidade gera oposição, desprezo nos expõe ao ridículo

1.17 A justiça de Deus se revela no evangelho.  É uma conquista divina, uma justiça que provém de Deus [Fp 3:9]. É o estado de justiça que Deus requer de nós se quisermos comparecer diante dele, propiciado através do sacrifício expiatório na cruz, que ele revela no evangelho e que concede gratuitamente a todos os que confiam em Jesus Cristo.

Está em oposição a nossa própria justiça que somos tentados a oferecer [Ils. Baiano/Humberto], ao invés de submeter-se a justiça de Deus, que é uma dádiva, ofertada mediante a fé. A justiça de Deus é a justificação justa do injusto, é a sua maneira justa de declara justo o injusto, através do qual ele demonstra sua justiça e, ao mesmo tempo, nos confere justiça.

De fé em fé. [1] Origem da Fé [da fidelidade de Deus ao homem, iniciativa de Deus, reação do homem] [2] A divulgação da fé por meio da evangelização [de um crente a outro] [3] A primazia da fé [como do principio ao fim pela fé]

O justo viverá pela fé ou aquele que pela fé é justo viverá? [vê Hc 2:4 os justos israelitas viveriam pela fé, pela humilde e confiança firme em Deus). A justificação é mediada pela fé não pela lei [Gl 3:11]. A questão não é como vive os justos, mas como os pecadores se tornam justos [Rm 1-4 –aquele que pela fé é justo / Rm 5-8 –ele viverá]. Portanto a fé é o caminho da justiça. No entanto não deixa de ser verdadeiro que aquele que é justo pela fé, vai viver pela fé. Tanto a justiça quanto a vida se dão pela fé. Começa com fé, segue pela fé [de fé em fé].

A IMPIEDADE DO HOMEM NATURAL [1:18-3:20]

Jesus declarou que não veio chamar justos, mas pecadores. Não que exista “justos”, mas que as pessoas pensam que são [não vê sua incapacidade, não admitem isto]. Acham-se “justas” e assim jamais se achegaram a Deus. Este é o grande desafio na evangelização levá-las a compreensão de seu estado pecaminoso [total depravação ou incapacidade]. Paulo fará um diagnóstico do estado espiritual do homem. Antes de apresentar a cura, deve revelar em que estado se encontra o homem em relação a Deus.
Para isto Paulo divide a raça em grupos e passa como um promotor acusá-los. Afirma inicialmente que todo o homem possui um conhecimento de Deus, mas não vive segundo esse conhecimento, antes ignoram e são rebeldes. São culpados, indesculpáveis. Ninguém pode alegar inocência, pois ninguém pode alegar ignorância. Os gentios são culpados [1:18-32]. Depois os moralistas são culpados [tantos gentios como judeus] os que possuem altos padrões éticos. Por fim os judeus são culpados [2:17-3:8], estes presunçosos que se gabam de conhecerem a lei, mas não obedecem. Por fim arremata firmemente no tribunal: Toda raça humana é culpada e indesculpável.

Ele concluirá: Todos pecaram... Ele faz a acusação e das às provas. [Deus fez um vestibular, para passar tem que tirar 10, ninguém tirou]. Todos são culpados [homens mulheres]. Estão sob a ira de Deus. Estão condenados. Esse quadro sombrio é o contrate magnifico para expor a gloriosa obra de Cristo [o único que tirou 10], o evangelho vai brilhar neste pano de fundo terrível.

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